30 November 2022

DakhaBrakha (Bratislava 18/02/2022)

Liraz - "Mahtab"

(de Naz - álbum integral aqui)

NUM MUNDO ÀS AVESSAS

Em Through the Looking-Glass, and What Alice Found There – a sequência de 1871 para Alice's Adventures in Wonderland, publicado seis anos antes –, Lewis Carrol faz Alice penetrar, através de um espelho, num outro mundo fantástico no qual, tal como sucede numa imagem reflectida, tudo se encontra invertido. A propósito de Looking Glass (sucessor de Cusp, 2018), Alela Diane reconhece a ascendência literária e, à God Is In The Tv, explica: “Após a pandemia, demos connosco a viver num mundo às avessas, o oposto do que seria normalmente de esperar. Uma grande parte da nossa realidade foi distorcida através de uma lente com que não contávamos. No contexto do álbum, Looking Glass tanto se refere a um portal para o passado e o futuro como é um reflexo de tudo o que existe entre ambos. Tiraram-nos o tapete debaixo dos pés. Amparámo-nos na memória, aprisionados no aquário das nossas casas – acenando a um amigo através do vidro. Um ecrã de telemóvel – uma conversa por Zoom –, a toca digital do coelho deixada para trás por aqueles que desapareceram das nossas vidas ou, simplesmente, se afastaram”. (daqui; segue)

27 November 2022


(sequência daqui) E, elas próprias, com o fundamental contributo de Adrian McNally (teclista, percussionista, compositor e arranjador), dividiram-se por inúmeros projectos paralelos: em torno das canções de Robert Wyatt e de Molly Drake, com a Brighouse and Rastrick Brass Band, em Songs From The Shipyards e Lines. Com os soberbos Last (2011) e Mount The Air (2015) dir-se-ia que o programa confessado por McNally – “Exigimos reinventar-nos permanentemente de modo a tornarmo-nos ‘bandas diferentes’, cada uma de acordo com cada projecto” – se consumara. Sete anos depois, Sorrows Away, pelo contrário, parece querer dar razão ao que Shirley Collins, em 2020, me confessava: Elas fazem música lindíssima mas parecem-me demasiado repetitivas, prefiro um pouco mais de substância”. Em "My Singing Bird", "Waters Of Tyne" e "The Bay Of Fundy" toda a substância está lá, intacta. Mas o resto são tão só imponderabilidades cinemáticas, tapetes vocais de veludo, orquestrações mais leves que o ar. Apenas “música lindíssima”.

(ver também aqui e aqui)

26 November 2022


STREET ART, GRAFFITI & ETC (CCCXI)

Katowice, Polónia & UK, 2022




Gabriel Kahane - "Veda (1 Pierce Dr.)"

w/ Quatuor Debussy (de The Ambassador - álbum integral aqui)
Independentemente da popularuchice de cada frasezinha que se diz ter obrigatoriamente de aludir à bola, em português, isto quer dizer o quê?

25 November 2022

APENAS "MÚSICA LINDÍSSIMA"

Há 12 anos, preparavam-se Rachel e Becky Unthank para actuar no Olga Cadaval, em Sintra, pareceu-me urgente anunciar a verdadeira dimensão do que iríamos testemunhar: “Desde a era dos Fairport Convention, Steeleye Span, Pentangle, Richard & Linda Thompson e das irmãs Collins – ainda que com valiosíssimos porta-estandartes como June Tabor durante o interregno –, não surgia nenhum grupo na cena folk inglesa capaz de deixar absolutamente clara a ideia de que, no idioma popular tradicional, circulava ainda sangue suficientemente oxigenado e pronto a garantir que ‘os anos de ouro’ nunca seriam apenas uma antiga e saudosa memória. The Unthanks, em três magníficos álbuns – Cruel Sister (2005), The Bairns (2007) e Here’s The Tender Coming (2009) –, mudaram tudo”. Desde então, vários outros notáveis - Kinnaris Quintet, Lankum, Stick In The Wheel, Mànran, Sam Lee – se lhes juntaram. (daqui; segue para aqui)
 
"The Old News"
FIFA Uncovered




23 November 2022

Chamemos-lhe o Pequeno Qatar, mesmo aqui à porta
"Exit Space (All The Kids Are Super Bummed Out)" 
 
(sequência daqui) “Foi aí que tudo se descontrolou de uma boa maneira. A criação das canções tornou-se mais estranha, ruidosa e louca. Nunca percebi muito bem por que motivo tantas canções falam de mortes vindas do céu, paranóia comunista e coisas do género E tudo isto muito antes da guerra na Ucrânia. Para quê escrever canções com uma estrutura convencional? ‘Exit Space (All The Kids Are Super Bummed Out)’, por exemplo, não fazia qualquer sentido mas era um testemunho de como me sentia naquele momento”. São 8 minutos de "samples" corais, guinchos simiescos, sirenes, sintetizadores em "loops" estrangulados, sinos e o título incansavelmente repetido. Apenas uma das dezassete faixas do duplo All The Kids Are Super Bummed Out, local onde também se aloja a enumeração de "45 Revolutions", Deus vestido de Teddy Boy cantando "Over The Rainbow", conspirações terroristas e "The British Army On LSD". Como eles dizem “a monsterpiece and masterpiece".

20 November 2022

MONSTERPIECE
Há 5 anos, Peter Buck decidiu comprar um dos 75 retratos de uma série sobre Lou Reed que Luke Haines colocara à venda. Inesperadamente, Haines propos-lhe gravarem um álbum a meias. Sem nunca se terem encontrado fisicamente, assim nasceriam as dez canções de Beat Poetry For Survivalists (2020), mui peculiar objecto em cujas esquinas Andy Warhol, Liberace, os Ramones, Captain Beefheart e Maria Callas se cruzavam. Supostamente, não teria sucessor. Mas, com os constrangimentos pandémicos a pesar, o ex-R.E.M. e o ex-Auteurs/Black Box Recorder/Baader Meinhof optaram por dar uso útil ao muito tempo disponível e reactivar a colaboração: “Apercebi-me que, com o Luke, não há limites. Tudo o que lhe enviava ele concluía. Era o Verão de 2021 em Portland, com incêndios, ondas de calor e protestos, e dei comigo a pensar ‘Será que preciso realmente de escrever mais uma canção bonitinha em Mi menor com um riff de guitarra catita?...’ Que se lixe, não era esse o meu estado de espírito na altura”, contou Buck à UCR“. (daqui; segue para aqui)

19 November 2022


 (com a colaboração do correspondente do PdC em Pequim)

O mui humanitário capo di tutti capi da bola (e inspirador do pensamento Marselfie) encarna todos os excluídos do planeta - "Today I feel Qatari. Today I feel Arabic. Today I feel African. Today I feel gay. Today I feel disabled. Today I feel (like) a migrant worker” -, confessa que também ele já sofreu muito por ser ruivo e sardento e, num sublime momento "flower power", faz-nos ver a luz: "What do you do then? You try to engage, make friends. Don’t start accusing, fighting, insulting, you start engaging"
social-fascista

Alexandre Guerreiro - Jurista, "defensor da agressão da Rússia à Ucrânia que lhe valeu o epíteto público de 'porta-voz do Kremlin'"; Anne-Laure Bonnel - "A well-known Kremlin propagandist who helped build false narratives"; Carlos Branco - Major General; Demétrio Alves - Ex-presidente da Cãmara de Loures pela CDU; Eugénio Rosa - Economista, ex-deputado do PCP; Igor Damjanovic - "Pro-Russian and anti-NATO activist and journalist, regular commentator for Russian "state - and church - aligned media"; José Goulão - Jornalista/PCP; Sara Reginella - Cineasta, "elemento do lobby do Kremlin na Europa".

18 November 2022

Liraz - "Zan Bezan"

(de Zan - álbum integral aqui; ver também aqui)
(continuação daqui)

Edit (12:28) - E só agora, a 2 dias do início, é que deram por isso?
 
Edit (12:38) - A táctica populista do "concentremo-nos na bola" - "a bola é que induca", não é?... - já é antiga...

 

17 November 2022

"Azizam"

(sequência daqui) Dessa fricção de culturas, haveria de resultar a viragem para a música, concretizada nos álbuns Naz (uma revisitação de canções pop persas, 2018), Zan (2020) e, agora, Roya. Mas seria nos dois últimos que a intenção claramente política se concretizaria: Zan (em Farsi, “mulher”), gravado entre Telavive e Teerão através das redes sociais, sem que alguma vez os músicos participantes se tivessem encontrado, ver-se-ia apropriado como banda sonora das recentes manifestações resultantes do assassinato de Mahsa Amini (“Tenho imenso orgulho nestas mulheres. Estou certa que irão fazer uma revolução”); Roya ousou ir mais longe: transportados clandestinamente para Istambul, os músicos iranianos que permaneceriam anónimos, tocaram e cantaram durante 10 dias com os seus companheiros israelitas. O resultado? Uma memorável e viciante celebração de orientalismos, psicadelismo e euforia pop.

16 November 2022


O mundo imundo do Raimundo - i.e., o social-fascismo -, decorado com fábulas infantis e (porque ficaram por fazer algumas perguntas fundamentais...) escondendo a obediência ao pensamento-Zyuganov (... como se diz num comentário, "Esse cão, em 2008, já tinha comido 30/40% da Geórgia - um vizinho franzino. Foi ao galinheiro de um outro vizinho, em 2014, e comeu a Crimeia. Este ano, com a justificação que os coelhos do vizinho eram vampiros - aquele a quem tinha comido as galinhas - decidiu que já era tempo de rebentar com aquilo tudo - com o vizinho todo - porque nem tinha qualquer razão de existência. Quem andará a atiçar o raio do cão? ")
VINTAGE (DCXI)

"Wrap Your Troubles In Dreams" (de Chelsea Girl - álbum integral aqui)
De uma vez por todas: seriam, de certeza, ainda mais criminosamente javardos mas, se quisessem, de facto, ser levados só um bocadinho a sério, era destruir irremediavelmente um quadro valioso e pagar até ao último cêntimo (e tempo de prisão) por isso

15 November 2022

FRICÇÃO
Na listinha longamente cogitada das piores coisas que ardentemente desejamos aos maiores inimigos, encontram-se, de certeza, conflitos identitários e existenciais como o que é a história da vida de Liraz Charhi: filha de pais judeus sefarditas iranianos nascida em 1978, em Israel, para onde a família, anos antes da Revolução Islâmica, emigrara – “Começaram a aperceber-se do caminho que o Irâo iria seguir. Sairam na altura certa”, diria Liraz a “The Telegraph” –, transformar-se-ia no símbolo vivo da co-existência entre ferozes inimigos políticos, religiosos e culturais. Proibida desde 1979 – ano da tomada do poder em Teerão pelos aiatolas –, na qualidade de cidadã israelita, de visitar o Irão, seria, em Westwood, Los Angeles (onde ensaiaria uma experiência no cinema), que, na zona de Tehrangeles (ou Little Persia), local de concentração de emigrantes iranianos, redescobriria, os sinais da sua cultura de origem sob a forma de instrumentos musicais e dezenas de vinis de artistas persas como Googoosh ou Hayedeh. Mas também de Kate Bush, Blondie e Tori Amos. (daqui; segue para aqui)
"Roya"
... e, a dias de se iniciar o Mundial no Qatar esclavagista, o capo di tutti capi da bola dá-lhe uma de "humanitarismo"
"Stadiums of shame: the numbers World Cup hosts Qatar don’t want to be seen" + "Qatar World Cup of Shame" (PR, PM, Parlamento, partidos, seleccionador, jogadores - com uma excepção -, não têm nada a dizer?...)


Edit (11:02) - ver aqui e aqui

14 November 2022

 
(sequência daqui) Em idioma folk, country, "doo wop", escutemos, então, em estado embrionário, "Heroin", "I’m Waiting For The Man" e "Pale Blue Eyes", o belíssimo pastiche trad "Men of Good Fortune" (nada a ver com a homónima de Berlin), os divertimentos "Buzz Buzz Buzz" ou "The Buttercup Song" (AKA “Never Get Emotionally Involved With A Man, Woman, Beast or Child”), os fragmentos dylanianos de "Baby, Let Me Follow You Down" e "Don’t Think Twice, It’s All Right", mas, acima de todas, os oito minutos de "Wrap Your Troubles In Dreams" – que apenas reapareceria em Chelsea Girl, de Nico (1967) –, na voz sepulcral de John Cale acompanhada por metronómica percussão sobre o corpo da guitarra. “É o momento em que se passa de Lou Reed e John Cale como duo folk para os Velvet Underground. A influência de La Monte Young e do Dream Syndicate que Cale carregava transportou-se para aquela canção crepuscular e irónica que faz pensar muito no cabaret alemão”, observa Laurie Anderson. Menos de dois anos depois, seria publicado The Velvet Underground & Nico e, embora só tardiamente se apercebesse disso, o mundo tinha mudado.
Revisões da matéria dada (XIII)
 
(porque parece ser assunto para ocupar longamente páginas e ecrãs): 
 

12 November 2022

The Ukrainian Joan Of Arc

 
(sequência daqui) Na altura, Lou Reed preparava-se para, após as proverbiais bandas de liceu e de faculdade (na Syracuse University), abandonar a Pickwick Records – uma editora manhosa de "covers" de êxitos do momento na qual trabalhava desde Setembro de 1964 – e desejava assegurar-se de que aquilo que gravara na bobina, enviada para a casa dos pais onde ainda vivia, era propriedade intelectual sua. Na autobiografia (escrita a meias com Victor Bockris), What’s Welsh For Zen,  John Cale – “that starving viola player from Wales”, como Reed lhe chamava – conta que Lou lhe mostrou algumas das que viriam a ser futuras canções dos Velvet Underground “como se fossem canções folk”. Voltavam a ser, finalmente, escutadas em 2017, sempre identificadas pela voz de Lou que anuncia “Words and music by Lou Reed”. Na verdade, o espectro que paira sobre várias destas faixas é o de Bob Dylan. Se, desde o início, Reed sempre vomitara ácido sobre a maioria dos seus contemporâneos – Frank Zappa era “provavelmente, a pessoa menos talentosa que alguma vez conhecera, um académico pretensioso incapaz de tocar seja o que for”; os Doors eram “dolorosamente estúpidos e pretensiosos e, quando desejavam ‘fazer arte’, eram ainda piores que o rock’n’roll mais estúpido”; os Who, “absolutamente desprovidos de talento e filosoficamente aborrecidos”; e aos Beatles - embora viesse a mudar de opinião – dirigiria o mimo “Nunca gostei dos Beatles, nunca passaram de lixo. Não estou a ser sarcástico, estou só a ser honesto. Acho que os britânicos nunca deveriam dedicar-se ao rock’n’roll. Não tenho respeito nenhum por eles. Safam-se os Stones e uma ou outra coisa de Ray Davies mas a verdade é que nunca levei o rock’n’roll britânico a sério. E continuo a não levar” –, em relação a Dylan, tratava-se de um despique entre iguais.
 
 
Como ele dizia, em 1989, à “Rolling Stone, “Para além de Dylan, não existe muito mais. Compro sempre os álbuns dele. Ele sabe como trabalhar uma frase. Todo o resto não passa de pop sobre a qual não tenho nenhum interesse. Mas o Dylan surpreende-me sempre”. Á “Uncut”, Laurie Anderson confirma tudo: “Dylan é a resposta para a maioria das coisas em Words & Music, May 1965. A harmónica, o gemido vocal, a tonalidade. A empatia com o ‘underdog’, não a voz do heroico poeta autor de canções. De vez em quando, falávamos sobre Dylan e o Lou tinha um grande respeito por ele. Uma vez, brigaram acerca de saber qual dos dois era verdadeiramente Rimbaud. Mais do que serem cantores, eram essencialmente, escritores, autores de canções letrados, não apenas fulanos que alinhavam umas rimas. A coisa mais importante em que reparei no arquivo dele é que andava permanentemente à procura de formas de escrita diferentes. Depois do fim dos Velvet Underground, pensou dedicar-se apenas à poesia. Escreveu um livro sobre Tai Chi na mesma linguagem que utilizava nas canções”. (segue para aqui)

10 November 2022

Edit (11/11/2022) - ... e, em registo sapsnjpa
 
Edit (08:32) - ... mas também a política de incentivo à contratação de jovens à procura do primeiro emprego

A tricologia política, uma disciplina sempre jovem e científica (VI), após prolongada pesquisa aplicada ao caso Macron, revela conclusões inquietantes!!!...

  "Nos conseils pour prévenir le stress et stopper la chute de cheveux"


Marianne Faithfull Interview 
(1994)



(ver aqui)
Liraz (with The Andalusian Orchestra Of Jerusalem) - "Nozi Nozi"

STREET ART, GRAFFITI & ETC (CCCX)

Aveiro, Portugal, 2022

09 November 2022

 
(sequência daqui) Hesitaram muito quanto a abrir a encomenda que, entretanto, Laurie, já doara, com todo o resto do espólio, à New York Public Library for the Performing Arts, no Lincoln Center. Se, durante tantos anos, Lou Reed nunca desejara abri-la, teriam eles o direito de o fazer? Acabariam por ceder à curiosidade: no interior da embalagem arrumada entre vários livros de arte, numa prateleira por trás da secretária de Lou, no escritório da Sister Ray, encontrava-se uma bobina de fita magnética de 5”. Tratar-se-ia de uma espécie de talismã, uma recordação simbólica dos tempos da juventude? Mais uma vez, Laurie duvidou: sempre que houvera reedições da obra dos Velvet Underground, nunca a bobina fora mencionada ou tida em conta. Ouviram-na. O que estava perante eles era o documento que registava a primeira gravação de Lou Reed com John Cale, realizada para estabelecer aquilo que era designado como “poor man’s copyright”: aquela encomenda, datada e autenticada, provava que, naquele momento, as canções que continha existiam e pertenciam aquele autor. (segue para aqui)
Gal Costa (1945 - 2022)

"Vaca Profana" (C. Veloso) - ver aqui também

07 November 2022

COMO SE FOSSEM CANÇÕES FOLK


Nunca esteve escondida. Mas foi só após a morte de Lou Reed, em 2013, quando se tornou indispensável inventariar e organizar todo o seu espólio, que a inesperada descoberta aconteceu. Das 600 horas de gravações audio de todos os géneros (de estúdio, ao vivo, domésticas, "bootlegs", ou até de Lou e Moe Tucker a apanhar um táxi), mais 100 de video e incontáveis fotografias, cartas pessoais e memorabilia vária, divididos por um armazém de Chelsea, e pelos escitórios Sister Ray, na West Village de Nova Iorque – que a viuva, Laurie Anderson entregaria aos cuidados de Don Fleming, Jason Stern e Hal Willner –, emergiria uma encomenda postal selada dirigida a Lewis Reed, 35 Oakfield Avenue, Freeport, NY, com data de 11 de Maio, 1965. Estava autenticada por Harry Lichtiger, um farmacêutico local, condenado anos antes a uma multa de 700 dólares pela venda de barbitúricos sem receita médica. De início, Laurie não lhe atribuiu especial importância: “Ele nunca me transmitiu quaisquer indicações especiais acerca dos arquivos. Nada. Zero. Não era assunto sobre o qual falássemos. Nem lhe chamaria um arquivo porque guardar ali coisas não significa que estivesse consciente do valor que tinham. Na verdade, tinha muito pouco interesse pelo passado. Nada daquilo importava muito para ele”, diria ao “Guardian”. (daqui; segue para aqui)

MC Marselfie, yo!

(ver também aqui)

06 November 2022

05 November 2022

LIMPAR O PÓ AOS ARQUIVOS (LXXVIII)

(com a indispensável colaboração do R & R)

(clicar na imagem para ampliar)
 
"Do The Kamasutra" (álbum integral aqui)
"Making Gardens Out Of Silence"

(sequência daqui) E os lugares que Eno nos convida a experimentar tanto podem ser a perplexa interrogação quase robótica de "Garden Of Stars", o além descarnadamente sideral habitado por espectros dos 8 minutos de "Making Gardens Out Of Silence" ou o empolgado coral de "These Small Noises". O tipo de propostas que, certamente, não apontam nenhum caminho reconhecível mas que, ao apostar tudo na desorientação e perda de referências nítidas, poderão limpar o horizonte das cinzas que o atulham: “Como toda a gente, excepto, aparentemente, a maioria dos governos do mundo, tenho pensado sobre o nosso futuro precário e afunilado. Esta música desenvolveu-se a partir dessas reflexões. Ou talvez fosse melhor dizer, dessas sensações. Todos os que as partilham têm consciência que o mundo se encontra em mudança super-rápida e que enormes partes dele estão em desaparição irreversível. Estou cada vez mais convicto que a esperança de salvarmos o planeta é começar a ter sentimentos acerca dele... talvez se nos deixarmos voltar a encantar pela espantosa improbabilidade da vida., talvez se sentírmos remorsos ou mesmo vergonha por tudo aquilo que irremediavelmente perdemos. Talvez se nos sentírmos entusiasmados pelas mudanças que enfrentamos e pelo que poderia ainda ser possível. Em poucas palavras, precisamos de nos apaixonar de novo, mas, desta vez, pela Natureza, pela civilização e pelas nossas esperanças para o futuro”.
(mesmo no fim, aos 46' 31")