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02 July 2016

O Henrique Raposo já tinha realizado o ensaio geral para Jorge Coelho da equipa de júniores. É o lado "quando diz tolices" dele. Chegou, agora, o momento da publicação do magnum opus (7 páginas), "Aleluia! Ou o rock enquanto fé", na edição de hoje, em papel, da revista "E"/"Expresso". A intenção é comunicar-nos que descobriu a pólvora: o rock (Arcade Fire, Bruce Springsteen, Johnny Cash, Nick Cave, U2) está encharcadinho de Bíblia e cristianismo, meio expedito para fazer pirraça ao contingente "laico, cool, ateu e hipster", agremiação informal que, de forma inovadora, também identificou e que não aprecia por aí além. Após este retumbante escândalo teológico (os U2, pá, quem diria?...), aguardam-se com incontrolável expectativa os capítulos seguintes nos quais, investigando de igual modo o cinema, a literatura e a arte, nos fará, outra vez, tremer o chão debaixo dos pés para maior glória do Grande Fantasma Cósmico.

Guarde-se para sempre na memória um genial naco de "insight" musicológico: "há ali a sinceridade do violino e do tambor em cima do cinismo da guitarra eléctrica". Anote-se ainda que Funeral (Arcade Fire) "é um pequeno tratado cristão que servirá para as minhas filhas compreenderem o centro da sua fé" e que "'Wake Up' funciona cá em casa como confessionário". Era bem feito que as miúdas acabassem fãs de "death metal".

Citação complementar (e indesculpavelmente esquecida):"Estamos a falar de pessoas que ficam chocadas quando afirmo sem ironias que vou dar a catequese âs minhas filhas através dos álbuns dos Arcade Fire" (a ausência de vírgulas é da responsabilidade do autor).

15 March 2014

NEOLIBERAIS LUSOS OU NACIONALISTAS RUSSOS?

"Primeiro o país, depois o partido e só no fim o indivíduo" (Teresa Caeiro)

"Maria José Castelo Branco, deputada eleita [do PSD] pelo círculo do Porto, anunciou que ia mudar o sentido de voto - de favorável para abstenção - por pressão das estruturas locais do partido. Emocionada, a chorar (...), a deputada de Amarante pediu aos colegas da bancada "desculpa pela cobardia". ("Expresso")

"Em resumo, Dugin e Kobyakov consideram que a dignidade majestática do Estado é mais importante do que a liberdade individual. A sua base jurídica e moral não é o indivíduo mas sim a nação. É a nação que tem personalidade jurídica e não o indivíduo. Ou melhor, a personalidade jurídica do indivíduo é um mero anexo da personalidade jurídica do colectivo nacional". (Henrique Raposo, 'Hubris' ao Contrário - O Nacionalismo Russo, "Actual"/"Expresso")

03 March 2012

FILOSOFIA PARA CRIANÇAS


(cortesia de mr. apostate)

Convenhamos que, aos 81 anos, pular do ateísmo para o teísmo por via de uma daquelas interrogações filosóficas que costumam despontar por volta dos 14 anos - "Se o universo teve um começo, então, a pergunta é inevitável: o que produziu esse começo? Quem deu o primeiro pontapé na bola cósmica?" - é mais consequência dos efeitos devastadores da "segunda infância" (e/ou do cagaço mal resolvido da morte) do que de sabedoria.

E, já agora, acerca de Richard Dawkins: afirmar que "Dawkins tem direito ao seu ateísmo, mas já não tem direito a pensar que esse ateísmo tem certificado científico. A ciência não prova a não-existência de Deus. Deus é um assunto não-científico por excelência, porque Deus não está ao alcance do método científico", é um bocadinho... errr... ignorante. É ele próprio, Dawkins, que, no "espectro de possibilidade teísta", justamente por escrúpulo científico e pela impossibilidade de prova de uma coisa ou do seu contrário, se situa, de 1 a 7, em 6.

Se bem que, algures entre o 6 e o "apateísmo", é onde se vive melhor.

(2012)

09 July 2010

NÃO TEM NADA QUE SABER: CONSIDERE-SE FUNDADO, 
A PARTIR DE HOJE, O CLUBE DE FÃS DA MORGADA!



(para que, redundância e tudo, conste: quando não diz tolices, o Henrique Raposo não diz tolices)

(2010)

22 March 2010

TREMOÇOS E MONTESQUIEU



"Entrei como cientista político, saí como antropólogo. Em Mafra, no congresso do PSD, vi pouca política, mas vi, ao vivo e a cores, a imensa selva social que é Portugal. Às tantas, até parecia que estava no meio de um imenso e caótico casamento cigano, cheio de mulheres lindíssimas claramente overdressed (no meio destas madrinhas de casamento, aqui o escriba parecia um pedinte). Neste caos antropológico, falei de quotas partidárias enquanto bebia umas imperiais com uns senhores simpáticos, e, logo a seguir, discuti Tocqueville com umas senhoras ainda mais simpáticas (além de giras, as rangelistas são inteligentes).



A gradação de inteligência do PSD vai assim desde a epistemologia do tremoço ao debate sobre o liberalismo clássico. O PSD junta, no mesmo espaço, taberneiros profissionais e 'caixas de óculos' da teoria política. Como podem calcular, esta amplitude térmica transforma o PSD numa coisa fascinante para qualquer repórter. No próximo congresso, quando voltar a ser o David Attenborough do PSD, espero encontrar uma rangelista a ler Montesquieu e a trincar tremoços ao mesmo tempo". (Henrique Raposo, "O Microscópio Laranja", "Expresso" de 20.03.10)

(2010)

05 December 2009

BANDEIRAS



"Há dias, quando fui ver os meus pais, fiquei chocado com a minha antiga escola. O pátio parecia um estaleiro do Dubai, mas não era isso que me chocava. Uma tarja da Mota-Engil estava presa entre duas árvores. Por sinal, as árvores onde a Maria deixou gravada a inscrição que fulminou a Dulce: 'Maria loves Henrique'. Mas também não era isso que me inquietava. Ter o Jorge Coelho em cima das memórias amorosas é uma coisa que se aguenta em nome do PIB pátrio. O que me incomodava era outra coisa. Num dos mastros da escola erguia-se uma bandeira. Não era a bandeira de Portugal ou da UE. Era a bandeira da Mota-Engil. Ali estava o esplendor do regime, no portão da minha escola. Não dava para dar menos bandeira, dr. Jorge Coelho?" (Henrique Raposo, no "Expresso" de hoje)

(2009)