30 April 2012

O PENSAMENTO FILOSÓFICO PORTUGUÊS (XCIII)

João César das Neves

(cortesia de mr. apostate)

A verdadeira causa das confusões (ou "agora e sempre, o maldito totalitarismo do orgasmo" ou "viva a vida sexual e reprodutiva insalubre, humilhante e irresponsável!!!")

"Num tempo em que as questões da sexualidade têm impetuosidade doentia", inevitavelmente, "a relevância da homossexualidade na nossa sociedade é surpreendente". E porquê? Porque "o prazer venéreo adquiriu estatuto absoluto, e a regra suprema é 'vida sexual e reprodutiva saudável, gratificante e responsável'. Que significa gozo sem regras. Esta é a verdadeira causa das confusões". (aqui)
Coelhinha, se eu fosse como tu...






... e, se "as aplicações financeiras por ele realizadas, contrariamente ao que tem sido afirmado, (...) não se têm traduzido em ganhos, mas sim em perdas", que belo economista nos saíste...
POR UMA VEZ, A TROPA FANDANGA DA BOLA PODIA TOMAR UMA ATITUDE DECENTE E RECUSAR-SE EM PESO A COMPARECER  

Líderes europeus ameaçam boicotar Euro 2012 na Ucrânia: "As preocupações prendem-se com a prisão de Iulia Timochenko, antiga primeira-ministra e líder da oposição, presa desde Agosto do ano passado e condenada a sete anos de prisão por abuso de poder" 

"The art of prophecy is very difficult, especially with respect to the future" (Mark Twain) | parte II

ATENÇÃO: A FRAUDE FINANCEIRA PREJUDICA GRAVEMENTE A SUA SAÚDE E A DOS QUE O RODEIAM (2º capítulo da série "Cuidados de Saúde")

Radiografia onde se pode observar o efeito pernicioso dos activos tóxicos do BPN sobre a próstata de JOC

José Oliveira e Costa, homem que sempre conduziu a sua vida "com a austeridade própria de quem nunca privilegia o usufruto dos bens materiais" e que, "desde o início do projecto [BPN], tinha definido que os ganhos que pudesse vir a obter (...) não se destinariam para seu benefício pessoal ou familiar, por ser seu objectivo afectá-los, numa parte muito significativa, a uma fundação com fins de beneficiência", devido ao "colapso do Grupo SLN", iniciado "no dia 30 de Agosto de 2007 (data que não foi escolhida ao acaso, uma vez que também é o dia de aniversário do arguido)", viu a sua saúde seriamente prejudicada: "num exame de rotina que, com regularidade anual tinha por hábito fazer" foi-lhe diagnosticado um cancro na próstata. Por se tratar de uma ocorrência extremamente invulgar num homem de 73 anos, "o arguido silenciou a sua situação" mas decidiu submeter-se a intervenção cirúrgica para a "extracção total da próstata". "Com o tempo, os efeitos da operação", de forma absolutamente surpreendente, "vieram a revelar-se totalmente penalizantes, não pela doença em si, que foi totalmente erradicada, mas para a normalização da sua vida conjugal". (citações da contestação da defesa de JOC no principal processo-crime do caso BPN, publicada hoje na edição em papel do "DN") 
(ATÉ 12 DE MAIO)





29 April 2012

ATENÇÃO: A RELIGIÃO PREJUDICA GRAVEMENTE A SUA SAÚDE E A DOS QUE O RODEIAM II (1º capítulo da série "Cuidados de Saúde") 



(cortesia de mr. apostate)

A Girl And A Gun (a tumblr dedicated to anything and everything Film Noir) - capturado aqui
VINTAGE (LXXXVI)

Laurie Anderson - "The Dream Before"



Hansel and Gretel are alive and well
And they're living in Berlin
She is a cocktail waitress
He had a part in a Fassbinder film
And they sit around at night now drinking schnapps and gin
And she says: Hansel, you're really bringing me down
And he says: Gretel, you can really be a bitch
He says: I've wasted my life on our stupid legend
When my one and only love was the wicked witch.
She said: What is history?
And he said: History is an angel being blown backwards into the future
He said: History is a pile of debris
And the angel wants to go back and fix things
To repair the things that have been broken
But there is a storm blowing from Paradise
And the storm keeps blowing the angel backwards into the future
And this storm, this storm is called Progress
(O 2º ANO A SEGUIR AO) ANO DO TIGRE (LXXXVI)

First we take the bookcase, then we take the world

O Estado já gastou 3,55 mil milhões de euros com o BPN, mas a factura pode chegar aos 8,3 mil milhões: "O dinheiro público preso ao Banco Português de Negócios chegaria para pagar os subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos até 2015, altura prevista pelo Governo para a sua reposição gradual".

NÃO TINHA EXACTAMENTE O GLORIOSO ESTATUTO DE "ESTRELA DA REVOLUÇÃO LÍBIA" MAS LÁ QUE ERAM AMIGUINHOS, ERAM  

Khadafi esteve pronto para financiar campanha de Sarkozy em 2007

... e há mais coisas curiosas e interessantes aqui (aliás, já farejadas na caixa de comentários daqui)
L'OSSERVATORE ROMANO (XXXI)

Dos milagres 5

(cortesia de mr. apostate)
FOOD FOR THOUGHT (VIII)



"Não sei quem são aquelas pessoas no parlamento, não votei nelas. Deixei de votar no PS, porque prometeram fazer a reforma eleitoral e não fizeram. De resto, o PSD também prometeu. E lá vêm aquelas listas cozinhadas pelo secretário-geral, com os nomes dos servos mais obedientes da corte partidária" 

"A evolução cultural leva tempo, é obra de duas ou três gerações. Falhámos a escola pública, que tem um papel fundamental, e isto afecta muito profundamente o país. Os meus filhos andavam numa escola pública, é através da escola pública que as gerações se podem tornar mais cultas, porque infelizmente os pais e avós não lhes podem dar o Verdi, não lhes podem explicar o que é a Traviata (...). Há uma responsabilidade política do Ministério da Educação. Sou relativamente crítica da ideia de que o Estado inunde a cultura de dinheiro. A excelência na arte é consagrada pela posteridade. Se o Estado der uma bolsa de estudo a um arquitecto para ser bom arquitecto, isto não funciona. O que tem de funcionar é a escola. Que tenham todos aulas de música, aulas de teatro, isto é uma mudança que compete ao Ministério da Educação" 

"O sistema de ensino deixou-se contagiar por uma ideologia pseudo-esquerdista que tentou fazer iguais todos os alunos, mas por baixo. A exigência não foi valorizada. Em 1974, a revolução apanhou-me a meio do doutoramento e pedi para ficar cá mais um ano, para poder participar. E estive a dar aulas, mas dois meses depois já não aguentava os alunos. Os estudantes diziam que não queriam notas, que eles é que faziam os curricula e que eu não mandava em ninguém. Respondi: 'Óptimo, vou-me embora'. E não é só culpa da esquerda, pois a direita está penetrada das mesmas utopias pseudo-igualitárias. Ministros como o Marçal Grilo ou o Roberto Carneiro, em vez de terem uma ideologia própria, reflectem este banho cultural que considera que aos alunos, coitadinhos, não se lhes pode dar más notas, pois ficam com auto-estima negativa. Devemos dar aos filhos dos pobres as mesmas oportunidades que aos filhos dos ricos e não baixar os níveis de exigência para que toda a gente passe, como durante anos aconteceu" 

"O PS não existe, nem sei o que é aquilo. O líder não tem carisma, não sabe o que há-de fazer, está condicionado pelo acordo com a troika. E sucede a um delinquente político chamado Sócrates, o pior exemplo que jamais, na História de Portugal, foi dado ao país: ir para Paris tirar um curso de “sciences po”, depois daquela malograda licenciatura – à qual não dou a menor importância, pois há muitos excelentes políticos que não são licenciados. O engenheiro Sócrates foi o pior que a política pode produzir. Depois de tantos processos em que mentiu, aldrabou, não depôs, ninguém percebeu o que se passou com o Freeport, os portugueses perguntam-se onde foi ele buscar dinheiro para estar em Paris. Quem é que lhe paga as despesas e o curso? A esquerda socialista tem ali este belo exemplar a viver no 16ème, e um sucessor que não inspira ninguém. O PCP vive num mundo antes da queda do Muro de Berlim, e o Bloco de Esquerda habita em Marte" (entrevista integral aqui)

28 April 2012

VINTAGE (LXXXV)

The Yardbirds - "Train Kept A Rollin'"

CARLINHA, NA ACADEMIA DE POLÍCIA (ONDE, É VERDADE, PARECE QUE EXISTEM UMAS PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO PECULIARES), NÃO ENSINARAM À MENINA QUE ESSES CONCEITOS ENTRARAM EM DESUSO HÁ BASTANTE TEMPO? OU TAMBÉM ANDOU A BALDAR-SE ÀS AULAS?

 
























Não passa deste fim-de-semana sem fazer os TPC em atraso...
AZUL E BRANCO

 
















Jack White - Blunderbuss

O habitual CD bónus que acompanha o número de Maio da “Uncut” – "cover story": Jack White e Blunderbuss – é dedicado às quinze versões originais de outras tantas canções reinterpretadas por White com os White Stripes, os Raconteurs, no único single da sua banda inicial, em 2000, com Brian Muldoon, The Upholsterers (caso de "I Ain’t Superstitious", de Howlin’ Wolf), e, agora, no primeiro álbum em nome individual ("I’m Shakin’", de Little Willie John). O título da recolha da “Uncut” é Jack White’s Blues, apropriadamente embalada em tons de azul e branco (tal como acontece com Blunderbuss) e, numa sequência que alinha Blind Willie McTell, Son House, Hank Williams, Leadbelly, Josh White, Robert Johnson mas também Patti Page, Blanche, Terry Reid e Marlene Dietrich, é mil vezes mais eloquente sobre a personalidade musical de White do que meia dúzia de análises críticas poderiam ser. Porque, se dúvidas ainda houvesse, o que, dos Stripes até aqui, tem ocorrido é apenas uma recapitulação do percurso que se iniciou no delta do Mississipi e, por diversas vias, tomou conta da música popular da segunda metade do século XX.


Desta vez, a rota circula entre metralha de riffs bravia, evocações daqueles instantes em que as barbas rijas do rock (Stones, Small Faces, Yardbirds) se amaciaram pelo contacto com a folk e químicos ilícitos, homenagens subliminares à Dusty de Memphis e à atmosfera que, desde 2006, respira em Nashville e, de um modo geral, pinceladas, ora mais (rhythm’n’) bluesy, ora mais cara pálida, oferecendo a competentíssima planificação de uma aula teórico/prática de historiador erudito que não hesita transformar-se em protagonista dos episódios que narra. (sequência daqui)

27 April 2012

LES PORTUGAIS SONT TOUJOURS GAIS (XI)

Ainda não é bem, bem a história de David e Golias mas lá chegaremos...
IMPORTAVA-SE DE EXPLICAR?














1 - Quem são "os portugueses"?
2 - Porque haveria eu de sentir o meu "amor próprio" insuflado por aquilo que dois gebos da bola "portugueses", alegadamente, algures, terão realizado?
3 - Não partilhando dessa inefável sensação, poderei ainda continuar a dizer-me "português"?
4 - Se isso me excluir da tribo dos "portugueses", devo considerar que "tribo" é uma das piores invenções do sapiens ou que eu é que sofro de uma deficiência grave?
5 - Dizer-me "português" é melhor do que dizer-me "neozelandês" ou "uruguaio"?  

Nota 1: apesar da gritante ausência de algumas indispensáveis vírgulas, a utilização de "amor próprio" em vez da pedestre e intolerável "autoestima" e o título da coluna - "Ludopédio" - deverão ser considerados como atenuantes.
Nota 2 (para esclarecimento de eventuais dúvidas): porque haveria eu de sentir o meu "amor próprio" insuflado por aquilo que dois músicos, cientistas, acrobatas, economistas, escritores, cineastas "portugueses", alegadamente, algures, terão realizado? (ou será que é isto?...)

"Requiem" - Mozart (lojista)
O SAPIENS SAPIENS ENTUPIU DE VEZ, SECOU MESMO A IMAGINAÇÃO, E O SIMON REYNOLDS TEM AINDA MAIS MOTIVOS PARA SE PREOCUPAR DO QUE PENSA?
L'OSSERVATORE ROMANO (XXX)

As esposas do senhor 2

(cortesia de mr. apostate)

26 April 2012

“NÃO SEI DAR ORDENS ÀS CANÇÕES”



Do outro lado da porta fechada, está um fulano que foi metade de uma das bandas norte-americanas – os White Stripes – que, alegadamente, injectaram adrenalina no rock’n’roll do novo milénio. O mesmo tipo que, na condição de impulsionador da editora "indie", Third Man Records, no espaço de três anos, publicou 140 discos (singles e LP) em vinil, dos quais vendeu 600 000 cópias, e que, a “Rolling Stone”, em 2011, incluiu no top 20 dos melhores guitarristas de sempre (“the hottest new thing on six strings”). Aliás, o novo-Rick Rubin, especializado na ressurreição de vetustas lendas femininas da country e do rock como Loretta Lynn e Wanda Jackson, mas também (ainda via Third Man Records) candidato a sucessor de Harry Smith, enquanto compilador de marginalia da cultura popular (do leiloeiro Jerry King a Dwayne “The Teenage Weirdo” ou a... Conan O’ Brien). Ele dos Raconteurs e Dead Weather e, neste exacto momento, empenhado em dar a conhecer ao universo o seu primeiro ábum a solo. E, justamente ali, minutos antes de começarmos a conversar, que quatro palavras se alinham na memória? “The Queen Is Dead”. Dos Smiths. Sim, porque, o ocupante da “Suite de La Reine”, naquele hotel da Place des Vosges, em Paris, após um quádruplo "knock-knock" na porta, não dá sinais de vida. Alarme, por fim, não confirmado e tiro de partida para a sessão de esclarecimentos sobre Blunderbuss e tópicos afins. 

Nas suas próprias palavras, este é um disco que tem apenas a ver consigo, com a sua capacidade de expressão através das suas cores, na sua tela privada. Como se apercebeu que ele nunca poderia ser assinado pelos Raconteurs ou Dead Weather e, muito mais improvavelmente, pretexto para a reanimação dos White Stripes? 
Sabe, é-me muito difícil dar ordens a uma canção. Convencemo-nos de que somos capazes desse tipo de coisas – vai ser assim, ter este título... – mas, especialmente, como acontece comigo que trabalho com diversas bandas, quando as canções me aparecem, não faço ideia do como elas deverão ser. Estas canções nunca me disseram que deveriam figurar num álbum dos Dead Weather ou dos Raconteurs. Por isso, fui obrigado a perceber que teria de ser alguma coisa diferente. 



O que significa “Blunderbuss”? 
É uma palavra holandesa para uma arma-gigante, uma espingarda-elefante de grande calibre, capaz de disparar uma nuvem de pregos ou de pedras com um enorme potencial de destruição. É o que eu pretendo que aconteça com as canções, que elas sejam poderosas, que provoquem e trespassem quem as escutar. Chamar Blunderbuss ao álbum foi, então, para mim, como uma bênção.

Provavelmente, vai odiar-me por dizer isto. Mas, por diversas vezes, ao escutá-lo, os Rolling Stones (em especial, na fase mais psicadélica) me vieram à cabeça... 
(risos) É muito melhor do que se tivesse dito Led Zeppelin!... Nós – particularmente na América – deixamo-nos prender muito por caracterizações excessivamente simplistas. Qualquer coisa que soe um pouco mais pesada ou que parta de um riff poderoso, é imediatamente associada aos Led Zeppelin. Mas agrada-me muito quando as pessoas ouvem coisas diferentes na mesma música. Já houve quem me falasse de influências do jazz, quem tenha dito que é um álbum muito assente no piano... óptimo! Mau seria se soasse da mesma forma a toda a gente.

Terão sido essas canções mais conduzidas pelo piano que o transformam num álbum de Jack White?
Não sei, não é fácil responder a isso... Uma das coisas que penso ter aprendido com este álbum é que, se, numa canção tivermos uma guitarra ou um piano, são eles que, aos nossos ouvidos, se transformam no instrumento principal. Apossam-se da canção. Mesmo que eu tivesse escrito uma canção ao violino e a tocasse também no violino, se existir um piano, ele toma conta da canção. Toda a gente irá dizer que é uma canção-com-piano e não com violino. Estava convencidíssimo que, numa das canções, o centro de gravidade era o baixo mas, porque havia também piano, ninguém conseguiu aperceber-se disso. A guitarra e o piano são muito dominadores.



O Tom Waits dizia que, desde que deixou de compor ao piano, a música dele mudou... 
Exacto. Sempre compus ao piano ou à guitarra como ponto de partida. Mas, neste álbum, mesmo que tenha sido eu a conceber as partes de guitarra, preferi entregá-las a outros músicos para que as reinterpretassem para mim.

Como se sente no papel de ultimo elo numa longa dinastia de "guitar heroes"?
De facto, não me vejo assim. Sou, desde sempre, fundamentalmente, baterista. A guitarra é apenas um instrumento... a que as pessoas reagem bem. Nunca, realmente, me apaixonei por ela. Temos apenas uma boa relação.

Mas assumiu a condição de "guitar hero" no filme It Might Get Loud, em que com o Jimmy Page e The Edge, conversam sobre a história da guitarra eléctrica... 
É verdade. E é simpático saber que qualquer instrumento que eu toque as pessoas aceitam bem. Mas, num concerto do Bob Dylan, também há, de certeza, muita gente que está à espera de o ouvir tocar harmónica. Ele tem de tocar harmónica, exigem isso dele, mesmo que lhe apeteça mais pegar na guitarra ou nos teclados.

Mas, de qualquer modo, tem o seu panteão pessoal de guitarristas?
Sim, mas sob ângulos muito diferentes... por exemplo, acho o Willie Nelson um guitarrista fantástico, ele é tão desmazelado, tão destrutivo e descuidado na sua maneira de tocar... é lindo. O Prince é um guitarrista brilhantíssimo totalmente subestimado. Ou o Tom Morello, dos Rage Against The Machine, que é extremamente original pelo estilo e pela sonoridade, em especial, naqueles pormenores em que a maioria das pessoas não repara.



A sua multiplicação de actividades é coisa instintiva ou apenas uma forma de não se deixar consumir pela rotina?
 A verdade é que nunca tive de andar à procura de coisas para fazer. É mais ao contrário: falta-me tempo para fazer tudo aquilo que já deveria ter feito há semanas. Nunca consigo chegar lá e nem sei como irei alguma vez conseguir. No ano passado, reconstruí a minha oficina de estofos, em Nashville, mas, durante todo este tempo, ainda não consegui pôr as mãos em nada. Queria voltar a dedicar-me ao ofício mas é mais outra coisa que tem ficado para trás...

Tanto na sua própria música como naquilo que aceita produzir ou publicar na Third Man Records, há uma forte presença da história da cultura popular. Por acaso, leu Retromania, do Simon Reynolds, em que ele aponta o dedo à viciação da pop no seu passado?
Não li mas “retro” é uma péssima palavra. Aliás, todas as palavras que começam por “re” – recriar, reinventar – significam que estamos a fazer algo que já foi feito antes e que procuramos replicar. Por vezes, perguntam-me como vou gravar um determinado disco e respondo que o farei em fita magnética. Dizem-me logo: “Ah, é um adepto do retro e prefere que a música soe a anos 60...”. Não! Pretendo que soe a 2012 mas, se, enquanto produtor, me pergunta o que soa melhor, eu responda que em fita soa melhor do que no computador. Se prefiro o vinil, não é porque deseje recriar um momento qualquer de quando tinha oito anos mas porque o som é melhor. Acontece o mesmo no cinema. É como se disséssemos que já não precisamos de quadros a óleo porque temos o Photoshop. Se uma coisa produz beleza e deixa a sua marca na humanidade, temos de nos agarrar a ela. É o que se passa com o vinil. Que, aliás, é o único sector do mercado discográfico em crescimento.

Talvez porque os CD caíram a pique e o vinil, praticamente, recomeçou do zero...
Cada disco que publicamos tem uma edição limitada que apenas pode ser adquirido numa determinada altura, numa certa cidade ou nesta ou naquela cor ou design. Parece-me que as pessoas precisam de uma pausa para voltar a reflectir sobre isto. É difícil lutar contra gadgets como o iPod: é giro, cabe no bolso, guarda 20 000 canções... Mas... calma, parem. Lembram-se daquele aparelho onde podiam colocar um disco, e, depois, acender umas velas, beber um copo de vinho? Há todo um romantismo em torno disso... as capas, o cheiro. O mundo digital não tem romantismo nenhum. 
VINTAGE (LXXXIV)

American Music Club - "Big Night"



Big nights are black and blue
They get cold and they get wet 
And they're calling out for you 
Like no one you ever met 

No one dreams in the hours around me 
The more I lose the more you find me 
I lose track with every kiss 
We shouldn't be isolated like this 

Yeah, you're my friend 
And when we're lost 
I'll still hold your hand 
Revealed in white when the shadows fail 
In any shadow that you can name 
I'll be the shadow of your name 

Hold the prize close to your heart 
Prizes made for those who failed 
Hold the prize away from you 
So maybe you can hold me as well 

When time peels off your statued skin 
I'll still be fooled by what remains 
Yeah whatever's left of you will be my dream

Yeah, you're my friend 
And when we're drunk 
I'll still hold your hand 
Revealed in white when the shadows fail 
In any shadow that you can name 
I'll be the shadow of your name
LIMPAR O PÓ AOS ARQUIVOS (III)
(com a indispensável colaboração do R & R)

(clicar na imagem, depois, em "ver imagem", a seguir, usar a lupa)
FRACTURA ESQUIZÓIDE 



No programa da secção IndieMusic da actual edição do IndieLisboa, existe uma espécie de fractura esquizofrénica entre filmes – mais ou menos valiosos – que justificam a sua inclusão num acontecimento que ocorre apenas uma vez por ano e aqueles cuja selecção dificilmente se compreende e permite afirmar que, muito provavelmente, usurparam vagas preciosas que outros mereceriam muito mais. Grandma Lo-Fi: The Basement Tapes of Sigrídur Níelsdóttir, de Orri Jónsson, Kristín Björk Kristjánsdóttir e Ingibjörg Birgisdóttir (2011), é, de certeza, um óptimo exemplo de como o conceito "indie", conduzido às últimas consequências de celebração da excentricidade por nenhum motivo razoável, pode descambar facilmente para a mais patética infantilização: Sigrídur, simpática personagem de anciã islandesa de origem dinamarquesa, começou uma carreira musical aos 70 anos (morreria, no ano passado, com 81). Na cozinha, com um teclado rudimentar, melódicas, harmónicas, jogos de sinos, xilofones e objectos avulsos vários, inventava canções (respeitemos a memória da senhora...) "naïves", a que colava ruídos de passarinhos, do vento ou da água. Publicou cerca de cinco dezenas de cassetes e CD e, pela extravagância da coisa, aparentemente, tornou-se uma pequena celebridade local. Mas, de matéria para nota de rodapé em suplementos de curiosidades, eis que, no filme (decorativamente “enriquecido” com animações também convenientemente ingénuas), a vemos erigida em ícone simultâneo do minimalismo lo-fi – com citações de John Cage e tudo – e do combate contra a perversidade das editoras.



Atitude idêntica preside a How To Act Bad (Dima Dubson, 2011), exercício de insalubre voyeurismo próprio da latrina estética dos "reality shows", que caninamente persegue e gostosamente exibe a indigente disfuncionalidade de Adam Green (misto de Daniel Johnston, Syd Barrett, Amy Winehouse e Luís Pacheco em dia mau, personagem menor do anti-folk, a solo e a bordo dos Moldy Peaches, mas também suposto artista plástico e cineasta carburando a ketamina), assim como a Vou Rifar Meu Orgulho (Ana Rieper, 2011), inexplicável defesa sócio-antropológico-estética da canção romântica “brega” brasileira e a About Canto (Ramon Gieling, 2011), hagiografia do muito tardio compositor minimal-repetitivo holandês, Simeon ten Holt, e da sua peça para quatro pianos, “Canto”, criação revestida de poderes milagrosos que terá estimulado partos, desencadeado divórcios e cuja partitura alguns devotos tatuaram no corpo.



Sobra, assim, um quarteto de filmes que, em diversos registos, observam, testemunham e comentam personagens, épocas e movimentos. Neil Young Journeys (2011) – terceira colaboração entre Young e Jonathan Demme após Neil Young: Heart of Gold (2006) e Neil Young Trunk Show (2009) –, em montagem paralela, documenta o concerto no Massey Hall, de Toronto, em Maio do ano passado (40 anos depois do lendário anterior – fixado em Live At Massey Hall 1971 –, aquando da digressão de Journey Through the Past), e em modo de travelogue, acompanha Neil, a bordo do seu Ford Crown Victoria de 1956, numa viagem pelas memórias de infância e juventude, através do Ontario e, em particular, na cidade natal de Omemee. Não é o mais belo dos filhos do matrimónio Young/Demme (esse, é ainda, sem dúvida, Heart Of Gold) mas não deixa de ser uma criatura escorreita e de bom trato.



Verdadeiramente recomendável é Fever Year (Xan Aranda, 2011), exploração de profundidade da personalidade e do processo criativo de Andrew Bird, filmada na etapa final da digressão de 2009, em que, após esgotantes 165 concertos, Bird confessa que, apesar de ter feito uma entorse num pé e não se encontrar na melhor forma física (“I’m either sweating bullets or I’m freezing all the time”), tudo isso é preferível ao “pior público que existe: os microfones de um estúdio”. Mesmo descontando o precioso bónus que é vê-lo, sobre a cama de um quarto de hotel, ensaiando uma canção com St. Vincent, esta é, seguramente, uma eloquente demonstração de como ele próprio se define: “A música devorou-me inteiro. Eu sou aquilo que faço”. Punk in Africa (Deon Maas e Keith Jones, 2011), por outro lado, revela uma faceta virtualmente desconhecida de uma atitude musical que, possivelmente, neste caso mais do que em qualquer outro, foi literalmente devorada pela política (sem que, por esse motivo, se tivesse deixado menorizar): o punk, tal como a África do Sul, o Zimbabué, Moçambique e o Quénia o conheceram, subordinado à palavra de ordem “In Africa, music cannot be for entertainment, it must be for revolution” – dos anos 70 até à actualidade. Finalmente, Wild Thing (Jérôme de Missolz, 2011), apresenta-se como uma espécie de diário íntimo do realizador que, de modo adorável, entranhada e ridiculamente francês, recapitula a sua história de vida como se de um subproduto da “transgressão” do rock se tratasse – de Chuck Berry à "no wave", passando por tudo o que lhe foi parecendo “nouveau et intéressant” – com um extenso depoimento de Iggy Pop enquanto elo de ligação de uma rica selecção de entrevistados e protagonistas da(s) época(s).

25 April 2012

Ó PÁ, ASSIM NÃO SE PERCEBE, PÁ, SE "OS ELEITOS JÁ NÃO REPRESENTAM O POVO", PÁ, MAS "OS PROBLEMAS DA DEMOCRACIA RESOLVEM-SE EM DEMOCRACIA", PÁ, QUER DIZER, COM ELEIÇÕES, PÁ, COMO É QUE É, PÁ? AO MENOS, PÁ, O OTELO, PÁ, DIZ QUE É À CACETADA, PÁ...
- Ó Maria, vê lá se falta aí alguma coisa... Via Verde, cartão pré-pago... 
- Aquilo do passarinho azul... o Tuíti... 
- Isso, boa! 
- ... e diz que há uns catraios que fazem umas fitas quase tão giras como a dos "chapéus há muitos, seu palerma"... espera aí que vou perguntar aquele jovem intelectual, o Graça Moura... e não me digas que te esqueceste do faduncho?... 
- O fado, é verdade! Safa... 
- E aquela mocetona que faz uns crochets enormes e panelas e sapatos, e sapatos com panelas... 
- Olha que de paneleirices não convém eu falar... 
- Não é nada disso, filho, credo!... é a Rosa Ramalho, não, Joana Ramalho, não, Rosa Vasconcelos... (a história secreta da génese de um discurso que parte da hipótese ingénua de ter sido escrito por quem o leu)


DEVOLVIDO AO REMETENTE

François (Buarque de) Hollande - "Meu Caro Amigo"

VINTAGE (LXXXIII)

"La Guillotine Permanente" (sequência daqui)


Respondendo ao apelo com a máxima prontidão, a reposição imediata e integral do label "latrina".
"La guillotine est le chef d'œuvre de l'art plastique, 
Son déclic 
Crée le mouvement perpétuel"
(Blaise Cendrars) 

Blaise Cendrars por Modigliani (1917)

+ aqui
AQUI UMA BOA MÃO CHEIA DE FDP HIPÓCRITAS COM QUEM, JUSTAMENTE EM ALTURAS COMO ESTA, APETECIA DESENFERRUJAR O ENGENHO DE CUJA ESTREIA SE COMEMORAM TAMBÉM HOJE OS 220 ANOS

25 DE ABRIL (SEMPRE COM O CASTOR DEBAIXO DO BRAÇO)

23 April 2012

MANTENHAMOS A ESPERANÇA, AINDA FALTAM OITO MESES! (É O BRITISH MEDICAL JOURNAL QUEM O DIZ...)


AS MANAS TÊM MAS É DE DEDICAR-SE AQUILO A QUE A VATICANO S.A. AS DESTINOU E DEIXAR-SE DE FANTASIAS  
  


NINGUÉM ABDICA DE NADA MAS UNS SÃO SEMPRE OBRIGADOS A ABDICAR MAIS DO QUE OS OUTROS





PSP prepara tolerância zero nas manif's do 25 de Abril (ordem aos agentes é para que nenhum sinal de ameaça seja desvalorizado) porque, na greve geral, "houve uma subavaliação quanto ao grau de ameaça e potencial de desordem de alguns grupos de manifestantes" que, afinal, foi "sobreavaliação". Alguém que saiba ler e escrever (mas que saiba mesmo: "Novas Oportunidades", não, obrigado) poderia pronunciar-se, sff? 
VINTAGE (LXXXII)

France (Gall) - "Résiste"

22 April 2012

O PENSAMENTO FILOSÓFICO PORTUGUÊS (XCII)

José António Saraiva


Eterno e injustamente adiado candidato ao Nobel da literatura, José António Saraiva anunciou, no último número do "Sol", o final da sua crónica "Viver para contar" que tantos momentos de felicidade nos trouxe. E - como só ele seria capaz de o fazer - confidencia que "várias pessoas me disseram que eu nunca deveria ter iniciado esta secção, pois ela 'estragou' a minha imagem. Eu sinto o contrário: esta secção deu de mim uma imagem mais próxima e mais verdadeira". Pura, puríssima verdade!!! 

Mas ele que é (atenção utilizadores do Badoo, Gaydar e afins!) "uma pessoa naturalmente inquieta, curiosa, sensível, às vezes ingénua, austera e frugal nos luxos", ele que assegura "não sou uma só coisa - sou muitas coisas", promete voltar já para a semana. Com um "moderno folhetim" policial que, acredita, "os leitores irão acompanhar com atenção - já não digo com avidez". E que - quem sabe, Paul Doors não encontrará aqui o seu definitivo passaporte para Hollywood... -, "pelas suas características, (...) dispõe também de ingredientes para dar um filme - e metade do trabalho está feito, visto que o texto tem muitos diálogos". No fim, "naturalmente, publicarei o texto em forma de livro"

 Desta vez, será, hélas! o glorioso dois em um: Nobel e Oscar!
BRAGA É UMA CIDADE DE PRÁTICAS E HÁBITOS PITORESCOS QUE A MUITA FÉ, CERTAMENTE, EXPLICARÁ; MAS, SOBRE A URGENTE NECESSIDADE DE CONVERTER OS INFIÉIS, HÁ CERTOS CONCEITOS BÁSICOS QUE É IMPORTANTE NÃO IGNORAR...

(é de liquidar a gralha: "an atheist")

"O novo regulamento [do hospital de Braga], aprovado este mês, estipula que os assistentes técnicos, assistentes operacionais, enfermeiros e técnicos do sexo masculino têm de usar sapatos clássicos pretos ou azuis-escuros, cinto azul-escuro ou preto (de acordo com os sapatos) e meias azuis-escuras lisas ou pretas lisas. Os trabalhadores do sexo feminino ficam obrigados a usar saltos até quatro centímetros e 'as meias de vidro devem ser da cor da pele (nem muito claras nem muito escuras), lisas, sem redes ou fantasias'. A camisa sempre metida dentro das calças e o cinto colocado são outras das obrigações daqueles profissionais, que também não podem usar o casaco ou a camisola à volta da cintura ou dos ombros. 

Todos os trabalhadores do hospital estão proibidos de mastigar pastilha elástica, de usar óculos de sol na cabeça ou pendurados na farda e de terem piercings visíveis. As unhas compridas, incluindo as de gel, estão proibidas, e, quando pintadas, têm de ter cores 'claras e discretas', não sendo permitidos desenhos. A maquilhagem é permitida 'apenas se for muito suave' e já os homens têm de se apresentar com a barba aparada. 

Não é permitido o uso de colares e é 'desaconselhado' o uso de fios e pulseiras. Enfermeiros e assistentes operacionais com cabelo abaixo dos ombros têm de usar o cabelo preso, 'evitando ganchos de bijutaria', enquanto os restantes grupos profissionais podem usar o cabelo solto ou apanhado, com gancho ou elástico 'discreto', mas apenas desde que se apresentem 'com aspecto cuidado'”. (aqui)

21 April 2012

STREET ART, GRAFFITI & ETC (LXXXV)

Paris, França, 2012




"The art of prophecy is very difficult, especially with respect to the future" (Mark Twain) | parte I


VINTAGE (LXXXI)

K.U.K.L. (c/ Björk) - "Anna"

20 April 2012

CLARO QUE, TENDO LIDO "THE GOD DELUSION", NÃO TRAVEI CONHECIMENTO COM A TEMPLETON FOUNDATION AQUI; MAS, OU NÃO ESTAVA A LIGAR O NOME À PESSOA, OU, SABE-SE LÁ, A CONFUNDI COM A CHURCH OF THE FLYING SPAGHETTI MONSTER...
"WHAT EXPERTISE CAN THEOLOGIANS BRING TO DEEP COSMOLOGICAL QUESTIONS THAT SCIENTISTS CANNOT?  WHY NOT THE GARDENER OR THE CHEF? WHY ARE SCIENTISTS SO CRAVENLY RESPECTFUL TOWARDS THE AMBITIONS OF THEOLOGIANS, OVER QUESTIONS THAT THEOLOGIANS ARE CERTAINLY NO MORE QUALIFIED TO ANSWER THAN SCIENTISTS THEMSELVES?" (Richard Dawkins, The God Delusion)

(cortesia de mr. apostate)

Através da nota final deste post no "Esquerda Republicana", acerca da queda na Bolsa das acções da Vaticano S.A, travei conhecimento com a John Templeton Foundation e com as suas ramificações locais. O número de Abril de "Les Dossiers de La Recherche" (disponível nas lojas onde não há apenas revistas "del corazón"), no artigo "Cette étrange fondation Templeton" (de Olivier Brosseau e Cyrille Baudouin), oferece mais uns quantos dados saborosos e interessantes: 

- Na "Philosophers' Magazine", Anthony Grayling explica que a estratégia da fundação consiste em "tentar apropriar-se da respeitabilidade, do brilho, da seriedade, e da credibilidade da verdadeira ciência para o seu programa de defesa da religião"

- "De 1996 a 2009, sob a direcção de Charles L. Harper, "os termos 'deus', 'religião', 'realidades espirituais', assim como as citações demasiado explicitamente religiosas de John Templeton foram apagadas ou colocadas em segundo plano. Testemunho desta estratégia, a denominação do programa geral da fundação implicando as ciências naturais, inicialmente intitulado 'Informação espiritual através da ciência' e depois 'Ciência e religião', é hoje 'A ciência e as Grandes Questões'"

- "Através da distribuição de dinheiro e de iniciativas mais subtis, a JTF amplifica o diálogo ciência-religião e orienta-o docemente numa direcção particular que favorece a religião em geral e o cristianismo em particular"

 - "O sistema de valores morais defendido pelas religiões encontra, assim, uma caução através da complementaridade entre ciência e religião".
A SINGELA HISTÓRIA DE UM JOVEM ESTAGIÁRIO DE 48 ANOS QUE APENAS QUIS SEMPRE O MELHOR PARA A SUA PÁTRIA E NÃO SE RECUSA A DAR UM LAÇAROTE NO AVENTAL E IR PARA A COZINHA FAZER UMA BOA CALDEIRADA



Candidato do PS ao Tribunal Constitucional despachou negócios polémicos na Justiça: "Em Março, uma auditoria do Tribunal de Contas (TC) ao contrato de arrendamento do edifício que alberga o Tribunal da Amadora arrasou a conduta de Conde Rodrigues na Secretaria de Estado da Justiça, em 2009. (...) O processo foi realizado violando três leis: a da despesa e contratação pública; a do enquadramento orçamental; e a do património imobiliário público. (...)

Dois anos antes, em 2007, o Ministério da Justiça (MJ) assinou o contrato de arrendamento das instalações do Tribunal de Guimarães, comprometendo-se a pagar quatro milhões de euros até 2017. Apenas uma empresa concorreu: a JAG, detida por José António Gil, tio de António Gameiro, deputado do PS eleito em 2005 e actual candidato ao PS/Santarém

No mesmo ano, autorizou a abertura de um concurso para a construção de um novo palácio da Justiça em Cabeceiras de Basto, cuja câmara é presidida por Joaquim Barreto, líder do PS/Braga. A situação não seria estranha se a decisão não tivesse sido tomada depois de Alberto Costa ter anunciado o fim da comarca. O tribunal custou mais de três milhões de euros e foi inaugurado em Julho de 2009, dois meses antes das legislativas. Em 2008, o Diário de Notícias citou o despacho de Conde Rodrigues e identificou a empresa vencedora, a Arlindo Correia e Filhos, de Braga. Dois meses antes da inauguração, a construtora pediu insolvência. 

Ainda em 2007, Conde Rodrigues esteve envolvido num negócio que causou mal-estar nos meios judiciários, com a compra, por 176 mil euros e por ajuste directo (sem a permissão do Ministério das Finanças), de cinco automóveis topo de gama para o MJ. A aquisição ocorreu depois de a Administração Pública ter sido sujeita a contenções orçamentais precisamente na compra de carros novos e foi autorizada por Conde Rodrigues. Coube ao IGFIEJ a execução da compra e foi o presidente deste órgão, João de Castro, citado na auditoria do TC como responsável pelo negócio da Amadora, um dos contemplados com um automóvel de alta cilindrada. Os restantes foram para o próprio Conde Rodrigues, o secretário de Estado João Tiago Silveira, o gabinete do ministro e a secretaria-geral.  

Antes de transitar para a Administração Interna, no segundo Governo PS, Conde Rodrigues foi um dos obreiros da ideia de espalhar campus da justiça pelo país. Entre Agosto e Setembro de 2009, nas vésperas das legislativas, foram autorizadas as edificações de nove campus – em Aveiro, Coimbra, Faro, Ílhavo, Leiria, Nazaré, Porto, Sesimbra e Vila Franca de Xira – que custariam mais de 15 milhões de euros em rendas, num prazo entre 15 a 30 anos. O MJ prepara-se agora para enviar a Conselho de Ministros a proposta de suspender todos estes projectos.

Conde Rodrigues pediu na segunda-feira o regresso ao cargo de juiz, pondo fim à licença sem vencimento. Neste momento trabalha na sociedade de advogados ABBC como consultor, segundo o site. Porém, Rogério Alves, um dos sócios, diz que Conde Rodrigues é seu estagiário, encontrando-se na primeira fase do estágio (...)" (edição em papel do "Público" de hoje, via Associação Sindical dos Juízes Portugueses)

19 April 2012


ATÉ HÁ COISAS QUE ESTÃO A IR NO BOM CAMINHO



(cortesia de mr. apostate)
O PENSAMENTO FILOSÓFICO PORTUGUÊS (XCI)

João César das Neves


Apologia da extinção do Estado numa sociedade comunista

"Suponha por milagre que Portugal elimina a pobreza. Isso significaria o fim de largas secções do Ministério da Solidariedade, a redução drástica da Segurança Social e de múltiplas instituições de combate à miséria, com forte perda de influência e desemprego de vasto número de burocratas. Veja, pelo contrário, que o problema da pobreza se agrava em Portugal. Evidentemente que o ministério não é acusado desse mal e, em vez disso, ganha muito mais orçamento, influência e pessoal. Sendo assim, qual é o interesse da instituição em melhorar o problema que lhe está entregue? Todos os benefícios lhe vêm de ele agravar esse drama social. O que é verdade na pobreza aplica-se igualmente à educação, saúde, polícia, etc. Cada um desses departamentos do Estado vive de lidar com os males sociais e ganhará peso e importância quando eles aumentarem, entrando em decadência se a sociedade vencer os seus problemas.". (aqui)
Indicador de clima económico melhora em Março pela 1ª vez desde 2010 
(Uau!... de -4,9 para -4,8!!!)