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21 November 2011

EM BREVE NO CANAL "PANDA"

















Lou Reed & Metallica - Lulu

Aparentemente, a semente que haveria de gerar Lulu foi plantada quando Lou Reed e os Metallica, em 2009, se encontraram, no palco do Rock’n’ Roll Hall Of Fame, para berbequinar siderurgicamente "Sweet Jane" e "White Light/White Heat". Poderia ter sido ainda pior se, em vez dos Metallica, fossem, por exemplo, os Kiss... o que, recorde-se já agora, nem seria inédito: Music From The Elder (1981), álbum “conceptual” a armar ao pingarelho esotérico da banda de Gene Simmons, incluía três canções co-assinadas pelo ex-Velvet Underground (uma das quais – "A World Without Heroes" – foi, aliás, o primeiro videoclip dos Kiss exibido pela MTV). Fique, assim, claro que Reed não está inteiramente imune a que o pé lhe fuja para a chinela metaleira o que, em rigor, nada tem a ver com aquele capítulo da sua biografia intitulado Metal Machine Music.

Porque o que agora se escuta nos 95 minutos deste duplo liberalmente inspirado nas peças Erdgeist e Die Büchse der Pandora, de Frank Wedekind, é, provavelmente, um dos mais embaraçosos matrimónios verdadeiramente não consumados de sempre: dir-se-ia que os Metallica, no estúdio ao lado, se entregam ao seu habitual ofício de veteranos bate-chapas (nem é defeito, é feitio), enquanto, do lado de cá, ignorando-os por completo, Lou Reed imagina que, 44 anos depois, explorar declamatoriamente até ao tédio de morte o efeito de choque de "Venus In Furs" ("Tie me with a scarf and jewels, put a bloody gag to my teeth, I beg you to degrade me, is there waste that I could eat?") ainda fará arquear algumas sobrancelhas. Lou, acorda!... matéria-prima dessa não consta, por enquanto, da programação do canal Panda mas já não falta muito para isso acontecer. Time Rocker (1996) e Poe-Try/The Raven (2000 e 2003) – as outras investidas de grande fôlego – até correram bem, mas esta coisa, francamente, é um desastre.

23 January 2008

DOS MILAGRES



Susanna And The Magical Orchestra - Melody Mountain

Não se deixem iludir pela aparência de Nouvelle Vague-em-formato-escandinavo: Susanna Karolina Wallumrød e o ex-Jaga Jazzist, Morten Qvenild, podem ter gravado um álbum de versões de "clássicos" (e outros nem tanto) mas, daqui, não esperem frivolidades estivais a condizer com a margarita gelada. Melody Mountain é uma pequena preciosidade onde as canções são despidas de absolutamente tudo que não o essencial e, faixa a faixa, os milagres se sucedem:



"It's a Long Way To The Top" (dos AC/DC), apenas cravo, orgão e voz, e "Crazy, Crazy Nights" (Kiss), voz e electrocardiografia electrónica, passariam bem por Linda e Richard Thompson, "Condition Of The Heart" (Prince) é um "lied" em renda de Flandres, "Don't Think Twice" (Dylan) desfila por uma passerelle entre sepulcros, "Fotheringay" (Sandy Denny) é Nico "lost in space", "Love Will Tear Us Apart" (Joy Division) faria o próprio Ian Curtis desfazer-se em pranto e "Hallelujah" (Leonard Cohen) acede, finalmente, à condição de salmo a que sempre aspirou. Scott Walker ("It's Raining Today"), Matt Burt ("These Days") e Depeche Mode ("Enjoy The Silence") fecham um círculo de incondicional rendição. (2006)