30 September 2016
29 September 2016
28 September 2016
27 September 2016
26 September 2016
25 September 2016
24 September 2016
23 September 2016
22 September 2016
Vale a pena, porém, conhecer a história do título: em plena “fase americana”, Bowie precisava de uma nova personagem que desse corpo ao que ficaria conhecido como "plastic soul" (para a edificação da qual recrutou os músicos Carlos Alomar, Luther Vandross e Andy Newmark, baterista de Sly and the Family Stone). Descobriu-a no guarda-roupa do trompetista de jazz, Don Cherry (pai de Ava Cherry, namorada da altura e corista da banda), inspirado no estilo "gouster"/janota dos "gangsters old-school" – calças largas, suspensórios e gravata – que uma canção ("The Gouster", 1964) do grupo vocal negro de Chicago, The Five-Du Tones, consagraria. Recorda, agora, Ava Cherry que, no final da digressão durante a qual Bowie vestiu um dos fatos de Don, quando ela lhe pediu que o devolvesse, ele se recusou a fazê-lo: “Nem pensar, isto sou eu!”
21 September 2016
20 September 2016
Pode, sem exagero, dizer-se que Brooker conhece aquilo de que fala, literalmente, por dentro e por fora: durante um ano – concluído em Junho último – dedicou-se a encarnar, cronologicamente, as diversas personae de Bowie, adoptando os seus hábitos alimentares, vestindo-se e maquilhando-se como ele, visitando os lugares por onde ele passou e lendo as mesmas obras que ele leu. “Foi uma experiência inspiradora e transformativa mas também, por vezes, difícil e emocionalmente esgotante. Creio que me proporcionou uma perspectiva única e um entendimento de Bowie verdadeiramente diferentes”. Todo o processo ficou documentado num filme, Being Bowie, que será estreado na conferência, e num livro (Forever Stardust: David Bowie Across The Universe), a sair no início do próximo ano.
E isso terá contribuído para a convicção de que, por trás da sucessão de personagens, nunca existiu realmente um "storyboard" oculto: “Observando retrospectivamente, podemos supor que havia uma narrativa. Mas, ao mesmo tempo, penso que Bowie, ao transitar de uma para outra persona, apenas fazia aquilo que lhe parecia necessário. É preciso não esquecer que as personae mais celebradas ocuparam um curto período da sua vida e carreira: Ziggy Stardust, Aladdin Sane e o Thin White Duke só nos levam de 1972 a 1976. Podemos ver o ‘Bowie de Berlim’ como uma persona, ou os anos 80 como outro tipo de máscara ou performance. Mas nunca foram assim nomeados por ele. Major Tom e Halloween Jack, por outro lado, são apenas personagens de canções, coisa completamente diferente da imersão total em Ziggy Stardust. Mesmo Aladdin Sane é pouco mais do que um nome e uma evolução a partir de Ziggy. Podemos encontrar-lhe um sentido: uma superação urgente e aceleração (Ziggy), um observador cínico e exausto da vida das celebridades na América (Aladdin Sane), um frio curioso pelo fascismo e pelo oculto alimentado a cocaína e paranóia (Duke) e a fuga para um estilo de vida mais estável de recuperação física e artística em Berlim. Visto assim, é uma história, Mas, retrospectivamente, a vida da maioria das pessoas também parece ser uma história”.