31 May 2013

PUZZLES 




Bryan Devendorf faz o aquecimento para os concertos tocando Clapping Music, de Steve Reich. E tem todas as partes de bateria das canções dos National notadas em partitura. Em Trouble Will Find Me, vários dos temas incluem duas baterias e "Pink Rabbits" foi pensado como a sobreposição rítmica da Band com os Air. Bryce Dessner, detentor de um mestrado em guitarra clássica, por Yale, sozinho ou com o irmão Aaron, compõe, produz e participa com frequência em iniciativas de música contemporânea e multidisciplinares (com Matthew Ritchie, o Kronos Quartet, Philip Glass, Sufjan Stevens, Nico Muhly, Johnny Greenwood, David Lang, Steve Reich), actuando também como curador do MusicNOW Festival, de Cincinnati (desde 2006) e do Crossing Brooklyn Ferry. Como leitura, Matt Berninger recomenda Frank O’Hara e John Cheever, Bryce opta por Dostoyevsky e Cormac McCarthy. No álbum recém editado do grupo, a casta superior dos académicos pop norte-americanos – Annie Clark, Sufjan, Richard Reed Parry, Thomas Bartlett – assina o ponto e, por muito subliminar que tudo isso possa ser, é ainda outra peça no puzzle de uma obra que vive mais da complexidade da construção e do detalhe – alguém mais por aí escreve coisas como “You didn't see me I was falling apart, I was a white girl in a crowd of white girls in the park, I was a television version of a person with a broken heart”? – do que da explosão eléctrica. 




Modern Vampires Of The City, entretanto, praticamente pulveriza o que julgávamos conhecer dos Vampire Weekend, agora hesitantes entre Jacques Satie e Erik Tati: divertimentos ingénuos para piano quase barroco, quartetos de cordas, órgão em imponderável registo de requiem, calafrios vocais rockabilly, melodias persas para sintetizador, genealogias que serpenteiam por entre os Souls Of Mischief, Pachelbel, YZ, Grover Washington Jr e os Bread e – neste momento em que, neles, não resta nem uma só molécula africana de Graceland – infinitamente mais veludo melódico aspirado, boca a boca, de Paul Simon do que, antes, alguma vez existira, a dar espessura a exuberantes pronunciamentos ateus (“We know the fire awaits unbelievers, all of the sinners the same, girl you and I will die unbelievers bound to the tracks of the train”) e suaves aforismos situacionistas (“Oh you ought to spare your face the razor, because no one’s gonna spare their time for you, you ought to spare the world your labor, it’s been twenty years and no one’s told the truth”). Caso ainda não se tenha devidamente reparado, isto é o melhor (e muito bom) que o pop/rock actual tem para oferecer. Se o preferiam encardido, confrontacional, em modo pós-punk-old school, mas não estão com disposição para ir para a rua arrancar paralelipípedos, podem sempre experimentar as Savages e Silence Yourself. Mas só a vertigem do "time warp" valerá a pena: apenas travarão conhecimento com uma reencarnação feminina de Ian Curtis que, quando não canta, exactamente, nota por nota, como Siouxsie Sioux, é porque canta como Siouxsie Sioux quando ela desejava muito ser Ian McCulloch.
A propósito de pinguins e leões



Há que defender um conceito mais actualizado do espectáculo circense em que o público não se limita a assistir mas ousa domar os leões e os ursos, ensina habilidades aos pinguins e, de um modo geral, a nenhum herbívoro será proíbido defender a honra da sua mãe (ou avó, ou iguana doméstica)

UM GAJO LÊ ISTO LOGO A SEGUIR AO ALMOÇO E CORRE O SÉRIO RISCO DE FAZER UMA PARAGEM DIGESTIVA

Uff!... ainda bem que os bons velhos valores não se extinguiram!


"Marnie Stern contagia o rock com uma leveza irresponsável, feminina, que se pensava extinta" (crítica de José Marmeleira a The Chronicles of Marnia, de Marnie Stern, no "Y" de hoje)
 
"(...) O que está a acontecer em Portugal é a conjugação da herança de uma governação desleixada e aventureira, arrogante e despesista, que nos conduziu às portas da bancarrota, com a exploração dos efeitos dessa política para implementar um programa de engenharia cultural, social e política, que faz dos portugueses ratos de laboratório de meia dúzia de ideias feitas que passam por ser ideologia. Tudo isto associado a um desprezo por Portugal e pelos portugueses de carne e osso, que existem e que não encaixam nos paradigmas de 'modernidade' lampeira, feita de muita ignorância e incompetência a que acresce um sentimento de impunidade feito de carreiras políticas intra-partidárias, conhecendo todos os favores, trocas, submissões, conspirações e intrigas de que se faz uma carreira profissionalizada num partido político em que tudo se combina e em que tudo assenta no poder interno e no controlo do aparelho partidário. (...) Precisamos de ajudar a restaurar na vida pública, um sentido de decência que nos una e mobilize. Na verdade, não é preciso ir muito longe na escolha de termos, nem complicar os programas, nem intenções. Os portugueses sabem muito bem o que isso significa. A decência basta". (aqui)

30 May 2013

MEXER O CU PARA FAZER QUALQUER COISINHA DE ÚTIL JÁ ERA UM BOM PRINCÍPIO...

PARA REAVIVAR A MEMÓRIA: "TECNOFORMA"

ENSAÍSTA ZHDANOV DE MATOS, CONHECE ESTE SEU CAMARADA? É APANHÁ-LO ANTES QUE A JOANA VASCONCELOS O EMBRULHE EM RENDA DE BILROS...

E, COM TÃO MARAVILHOSO ARGUMENTO, O FILME, CARAÇAS!... ONDE ESTÁ O FILME?

Laura Marling - "The Needle & The Damage Done"
(Neil Young; prod. Jack White)


29 May 2013

NÃO TÊM QUE AGRADECER



E NÃO SE ARRANJAVA POR AÍ UM BURAQUITO PARA OS SUBMARINOS ENTRAREM TAMBÉM?
Nem pensem que vou abrir a porta áqueles senhores de bata branca!...

E POR UM NIQUINHO, UMA MERDINHA DE NADA ASSIM, QUASE IA HAVENDO "QUALQUER COISINHA DE PORTUGUÊS" (XIV)
... e os coxos falarão, os cegos começarão a ouvir e os peixes que voam nos céus entoarão cânticos de louvor!

28 May 2013

Steve Reich - "Clapping Music" 






CONVENHAMOS QUE JÁ MERECEMOS UM BELO BORREGO NO FORNO...  



LAURA MARLING & EDDIE BERMAN - "DANCING IN THE DARK" 
(B. Springsteen)
 
... e mais palhaçadas (simétricas) 

"[Sá Carneiro] quis que o seu partido entrasse para a Internacional Socialista. Foi o Partido Socialista que se opôs, porque tinha chegado primeiro" 

"Expliquei-lhe e ele disse-me que iria mandar alguém" 

"Pois, mas isso não é comigo. Não tenho responsabilidades partidárias, hoje, nem as quero ter. Isso é com os partidos, com as centrais sindicais e com o povo, que é quem mais ordena" 

"E temos agora outra grande figura moral. Sou agnóstico, mas acho que este Papa é uma dádiva" (aqui)

27 May 2013

PALHAÇADAS

  
(roubado ao Leopardo - clicar na imagem e, a seguir, usar a lupa)
VENERÁVEL E SÁBIO MESTRE, ILUMINE-NOS: PORQUE PERDE O SEU PRECIOSO E SANTÍSSIMO TEMPO COM ESSAS QUESTÕES ECONÓMICAS SECUNDÁRIAS E PASSAGEIRAS?
ZHDANOV DE MATOS STRIKES AGAIN!

Deus e o Diabo no "i" de hoje
L'OSSERVATORE ROMANO (XXXVII)

Grandes debates teológicos

(cortesia de freethunk)

26 May 2013

1) De "responsabilizar os professores pelo desempenho dos alunos" não decorre "considerar a possibilidade" mas sim, necessariamente, "pagar aos professores pelo seu desempenho"; 2) Se "a chave para melhorar o sistema está na melhoria da qualidade dos professores", então aplique-se já a "modesta proposta"

"A chave para melhorar o sistema está na melhoria da qualidade dos professores. Para o fazer é necessário dar incentivos às escolas e aos professores. Apesar de ser politicamente difícil é preciso considerar a possibilidade de pagar aos professores pelo seu desempenho. Além disso, é importante que os professores sejam responsabilizados pelo desempenho dos seus alunos. (aqui)
A FESTA DO P.O.V.O.: BOLA E PALHAÇOS
Mecanismos de manipulação que funcionam

(PARA SER COPIADO, IMPRESSO, DISTRIBUÍDO NAS ESTAÇÕES DE METRO, RUAS, À PORTA DOS CAFÉS, ENVIADO POR E-MAIL, CARTA, FAX OU POMBO-CORREIO - PARTE II)

1. Escolher designações habilidosas para realidades negativas

Passarei pela rama esta muito significativa manipulação, porque já falei dela várias vezes. A regra propagandística é que quem manda nas palavras, manda nas cabeças. Por isso, o confronto fez-se pelo doubletalk. O exemplo típico é passar a falar de "poupanças" em vez de "cortes", e o mais ofensivo da decência é chamar "Plano de Requalificação da Administração Pública" a um plano de despedimentos, puro e simples, sem disfarces. O comunicado do Conselho de Estado reproduz também este tipo de linguagem orwelliana.

2. Ocultar o que corre mal no presente com anúncios futuros do que vai correr bem

Um exemplo típico é a última declaração do ministro das Finanças, numa altura em que se conhecem mais uma vez maus resultados da execução orçamental. Bastou ele acenar com medidas de incentivo fiscal ao investimento, em abstracto positivas, no concreto, pouco eficazes, para servirem de mecanismo de ocultação das dificuldades de execução orçamental. E como o "gatilho" (o nosso ministro pensa em inglês) dessas medidas é apresentada com a coreografia verbal da novidade e a encenação do ministro "inimigo" ao lado, estão garantidos alguns editoriais e comentários positivos. Tivemos já, há umas semanas, algo de semelhante, com o plano de "fomento industrial", aliás um remake de vários outros anúncios entretanto esquecidos.
O problema é que o Governo já percebeu que tem que utilizar uma linguagem de "viragem para o crescimento", mas as medidas mais significativas em curso e com efeitos imediatos são cortes no rendimento das pessoas e famílias. Não deveria o real ser tido em conta, face ao virtual? Deveria se não fosse a cenoura da novidade.

3. Escolher metas do futuro manipulando o seu significado para obter resultados propagandísticos no presente

O melhor exemplo é a história do "pós-troika" para que colaboraram recentemente Portas e o Presidente da República. Portas fez um tardio e pouco convincente arroubo nacionalista contra "eles", os homens da troika, justificando a sua aceitação de medidas de austeridade gravosas com a necessidade de os ver pelas costas em 2014. O Presidente fez pior: usou o "pós-troika" para minimizar o caos governativo do presente em nome de uma inevitabilidade da mesma política para o futuro. Pretendeu alargar a base de sustentação do seu discurso no 25 de Abril, consciente, mesmo que não o diga, de que ele lhe tolheu a margem de manobra. Mas o Conselho de Estado teve os efeitos contrários ao que pretendia. O que ambos, Portas, o Presidente, somados a Gaspar-Passos o actual tandem governativo, pretendem é obter dois resultados inerentemente contraditórios: festejar a saída da troika como uma grande vitória governativa e depois garantir que tudo continua na mesma sem a troika.

4. Concentrar a atenção nas medidas que vão cair e fazer passar, por distracção, outras bem mais gravosas

Um exemplo típico foi a intervenção de Paulo Portas sobre o "cisma grisalho". Portas concentrou-se naquilo a que chamou "TSU dos reformados" - designação que ele próprio criou com a habilidade de autor de soundbytes para, com a embasbaquice normal da comunicação social, facilitar a concentração de atenção num nome -, deixando deliberadamente na obscuridade todo um outro conjunto de medidas contra os reformados e pensionistas, muito mais gravosos do que aquele que recusava. O resto é o habitual: toda a gente passou a falar apenas das peripécias da "TSU dos reformados", e esqueceu as outras.

5. Deixar fluídos todos os anúncios de medidas, para criar habituação e poder recuar numas que geraram mais controvérsia e avançar noutras que ficaram distraídas

Já fiz uma vez esta pergunta e repito-a: alguém sabe, do pacote dos 4 mil milhões, o que é que está decidido, o que é que está "aberto", o que é uma "hipótese de trabalho", o que é para discutir na concertação social, o que foi anunciado e deixado cair, que medidas são efectivamente para valer? Não se sabe, nem o Governo sabe. Sabe as que deseja, mas hesita em função das pressões da opinião pública, do medo do Tribunal Constitucional, do receio dos efeitos na UGT, nas suas clientelas.
Por isso temos navegação tão à vista que o navio parece estar encalhado. Não está, porque, nos interstícios, as medidas que são mais fáceis do ponto de vista administrativo, dependem de despachos, e não precisam ir à Assembleia ou ao Presidente, vão sendo tomadas. São todas do mesmo tipo: retiram direitos, salários, horários, condições de trabalho.

6. Fazer fugas de informação de medidas draconianas e violentas de austeridade, para depois vir-se gabar de que as evitou

Um exemplo típico são as conferências de imprensa em que se valoriza determinadas medidas dizendo que elas permitem evitar outras muito piores, de que se fizeram fugas deliberadas. Joga-se com o medo, e com as expectativas negativas, para manipular as pessoas de que afinal, perdendo muito, sempre estão a ganhar alguma coisa. A comunicação social participa no jogo.

7. Manipular o efeito de novidade nos media para dar a entender que o Governo mudou
  
O melhor exemplo é a utilização do novo ministro das relações públicas e marketing do Governo - no passado chamar-se-ia ministro da Propaganda -, Poiares Maduro, cujas intervenções se caracterizam até agora pela repetição vezes sem conta da palavra "consenso" e depois, nas questões cruciais, a repetir o mais estafado discurso governamental. Veja-se o que disse, contrariando todo o mais elementar bom senso e as evidências públicas, sobre não haverem divergências no Governo entre Portas e Passos, ou entre a ala do "crescimento" e a ala do "rigor orçamental". Ou, numa manipulação da ignorância mediática, de que eventos como as duas declarações sucessivas de Passos e Portas são "normais" em governos de coligação. O único caso, vagamente comparável, é o do par Cameron-Clegg, mas este tipo de eventos não são normais em nenhuma circunstância. O que seria normal é que a seguir a uma declaração com a que Portas fez, ou este pedisse a demissão ou fosse demitido. Esqueci-me de dizer que eles no intervalo da propaganda, são todos "institucionalistas".

8. Acentuar as expectativas negativas nas próximas eleições autárquicas, para obter ganhos de causa se os resultados não forem tão maus como isso

As eleições autárquicas reflectem a situação política nacional, mas são das eleições mais afectadas pelo contexto local, ou pelas personalidades escolhidas. O PSD terá sem dúvida maus resultados eleitorais pela reacção contra o Governo, contra Passos e Gaspar e o ex-ministro Relvas. Terá também péssimos resultados por apresentar maus candidatos às eleições em muitos concelhos, em particular os mais importantes. Nesses duplicará os factores negativos da reacção contra o Governo, com candidatos envolvidos em polémicas desnecessárias ou escolhidos apenas pelas conveniências do aparelho. Mas também é verdade que em muitos sítios, em que o voto é mais exigente, o PS apresenta também candidatos muito maus, vindos como os do PSD dos equilíbrios aparelhísticos e do pagamento de favores internos ao grupo de Seguro.
Por isso, não é líquido que não haja um efeito de minimização dos estragos que permita transformar resultados medíocres em resultados razoáveis, logo, no actual contexto, numa "vitória", jogando com expectativas muito negativas. A comunicação social, com a habitual servidão aos lugares-comuns, ajuda ao baixar tanto as expectativas que qualquer resultado que não seja uma catástrofe nuclear possa ser visto como bom.
Há muito mais, mas fica para outra vez.  
(José Pacheco Pereira no "Público" de 25.05.13)
"FALSO BRUXO" É UM CONCEITO MARAVILHOSO
 
("CM")

25 May 2013

POP GOURMET


No número da “New Yorker” do Dia da Mãe (11 de Maio passado, nos EUA), podia ler-se uma entrevista com Najmieh Batmanglij, média celebridade da culinária no nicho da gastronomia iraniana e autora de diversos livros como o celebrado Food of Life: Ancient Persian and Modern Iranian Cooking and Ceremonies. A história pessoal de Najmieh seria, só por si, suficientemente interessante – uma quase remake da que Marjane Satrapi contou no livro e filme Persepolis, de fuga à Revolução Islâmica dos ayatollahs e recomeço no Ocidente – mas o objectivo da entrevista era outro: desafiá-la a explicar o que havia corrido tão bem na educação dos seus dois filhos, um, Zal, promissor cineasta (com o segundo filme, produzido por Ridley Scott, à beira de estrear), e o outro, Rostam, compositor e multi-instrumentalista daquela banda – os Vampire Weekend – que, quando se formou, em 2006, na Ivy Leaguer Universidade de Columbia, realizou uma espécie de juramento de sangue, segundo o qual, nunca seriam vistos em público de jeans e t-shirt. 



Não há-de ser inteiramente um acaso que, dois dos discos (os dois discos?) mais aguardados deste ano (Modern Vampires Of The City, dos VW, e Trouble Will Find Me, de The National) provenham de grupos de licenciados (música, literatura, artes gráficas) de classe média ou média-alta, socialmente integrados, e cujas mães, conta Najmieh, ainda hoje se reúnem para tomar um chazinho e celebrar o sucesso dos rebentos. Ou, no caso dos National, pais de família responsáveis, dados à boa leitura, às músicas clássica e contemporâna, e preocupados (como diz Matt Berninger à “Uncut”) “com as ansiedades e imperfeições humanas”. Não façamos disto, apressadamente, uma regra mas, actualmente, os rebeldes sem causa (ou supondo ter uma), parecem optar mais rapidamente por fazer explodir bombas em eventos públicos ou – de Columbine a Sandy Hook – descarregar uma arma sobre inocentes, do que montar uma banda de rock.



Bob Dylan poderá gabar-se de, aos 72 anos, ainda ser controverso (mas só na decrépita França onde cavalheiros sisudos e fachos como Marine Le Pen discutem se é legítimo atribuir a Legião de Honra a um tipo que se opôs à guerra do Vietname e deu umas passas canabinóides quando era miúdo) mas os tempos mudaram muito mais do que ele imaginava. O que tem, igualmente, consequências estéticas: se o rock/progressivo/sinfónico dos anos 70 era uma manifestação do desejo de mobilidade social ascendente do proletariado musical, ávido de demonstrar que era capaz de tratar por tu os clássicos e/ou o jazz (o equivalente sonoro da maison de emigrante), os actuais académicos pop incorporaram naturalmente a erudição e apenas fazem parcimonioso uso dela quando tal tempero é necessário e pertinente. Discretos, quase subliminares, os exemplos são notórios em Modern Vampires Of The City (bem como, assegura Najmieh, suaves aromas de música persa) e Trouble Will Find Me. Já agora, é capaz de ser complementarmente útil saber que outro dos álbuns que marcarão 2013, Once I Was An Eagle, é assinado por Lady Laura Beatrice, baronesa de Marling.

24 May 2013

ENQUANTO SE AGUARDA QUE O COLÉGIO DE PSIQUIATRIA DA ORDEM DOS MÉDICOS ESPANHOLA EXPULSE OS SEUS ELEMENTOS ENVOLVIDOS NA "OPERAÇÃO VADE RETRO", SUGERE-SE QUE O FRANCHISE DE MADRID DA VATICANO S.A. CONTACTE VERDADEIROS ESPECIALISTAS COMO O SÁBIO MONSENHOR AMORTH, O NÃO MENOR, JOSÉ FORTEA, OU, MAIS EM CONTA, O NOSSO MODESTO, PORÉM, EXPERIENTE, DOM ARMANDO (E, EM BRAGA, TAMBÉM SE HÁ-DE ARRANJAR QUALQUER COISINHA DE CERTEZA)

JÁ DESDE HÁ MUITO QUE BRAGA, CÍRCULO ELEITORAL PELO QUAL O TÓZERO FOI ELEITO, MERECE SER JUSTAMENTE DISTINGUIDA COMO CAPITAL EUROPEIA DA REACCIONARADA (E ESTE CONTRIBUTO DO PARTIDO DA PETÚNIA MURCHA PODE VIR A SER DETERMINANTE)
O FANÁTICO DOS POPÓS TAMBÉM ANDOU A LER OS SOCIÓLOGOS DE PALO ALTO, NA CALIFÓRNIA 



VHILS, Lisboa, 2013
Ó OS SENADORES, OS PAIS DA DEMOCRACIA, A ÉTICA REPUBLICANA!...
 
"Comecei num jornal muito mau, que era 'A Luta', onde fui estagiário. Aquilo era um jornal do PS e eu não era do PS nem deixava de ser, estava ali para fazer jornalismo, e era difícil fazer, porque às 4h da tarde ligava o dr. Mário Soares a saber o que era a capa. E mandava mudar e gritava com os directores" (Miguel Sousa Tavares, em entrevista à "Sábado" - via DdO)
CAMARADAS PALHAÇOS: JÁ ERA VERGONHA SUFICIENTE ENQUANTO A COISA FICAVA DENTRO DE PORTAS MAS ISTO REBENTA COM TODOS OS LIMITES!!!

Alguma sombra de dúvida que a realidade é sempre infinitamente mais rica que a ficção?... "Lenine Relvas Martins"???!!!

Adenda: não é muito pior que alguém tenha escrito isto completamente a sério...
... e o mais agoniantemente patético no meio de tudo isto é que (para quem esteja, pelo menos, um grau acima de trolha) nem "magrebino" nem "palhaço" são, de facto, insultos

(já o Sindicato dos Trabalhadores de Espectáculos - departamento dos artistas de circo - devia processar violentamente o MST: haja respeito!)

22 May 2013


CAPÍTULO IV
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Artigo 15.º
(Natureza das reuniões e dever de sigilo)

1. As reuniões do Conselho de Estado não são públicas.
2. Os membros do Conselho de Estado e o secretário têm o dever de sigilo quanto ao objeto e conteúdo das reuniões e quanto às deliberações tomadas e pareceres emitidos (...).

21 May 2013

(O 3º ANO A SEGUIR AO) ANO DO TIGRE (XCVIII)


VAMPIRE WEEKEND - "UNBELIEVERS"
 


Got a little soul
The world is a cold, cold place to be
Want a little warmth
But who’s going to save a little warmth for me

We know the fire awaits unbelievers all of the sinners the same
Girl you and I will die unbelievers bound to the tracks of the train

If I’m born again I know that the world will disagree
Want a little grace but who’s going to say a little grace for me?

We know the fire awaits unbelievers...

I’m not excited but should I be
Is this the fate that half of the world has planned for me?
I know I love you
And you love the sea
Wonder if the water contains a little drop little drop for me

See the sun go down, it’s going on down when the night is deep
Want a little light but who’s going to save a little light for me?
If I’m born again I know that the world will disagree
Want a little grace but who’s going to say a little grace for me?

We know the fire awaits unbelievers...
Eis uma forma expedita e totalmente voluntária de diminuir o peso das reformas no orçamento e, simultaneamente, exterminar velhos fachos
VINTAGE (CXLIV)
 
Garbage - "Queer"

Real. Stéphane Sednaoui
Afinal, a Fatinha tinha uma reunião Tupperware e, à última hora, mandou sms a dizer que não podia ir

A Fatinha junto à quercus rotundifolia de interesse público

20 May 2013

... e, depois... (all mouth and no trousers) pede desculpa... se tivesse chamado "provençais", "bávaros", "catalães" ou "eslavos" também tinha de pedir desculpa?
"Magrebinos" (aka "mouros") é... insulto? Para fatiar o Meat Loaf não é imprescindível ser idiota

Master Musicians Of Jajouka
CONFIRMADA A PARTICIPAÇÃO DA FATINHA
 
O PENSAMENTO FILOSÓFICO PORTUGUÊS (CXIII) 

João César das Neves


O grande Kaizer Albino repete-se, não porque esteja gágá, mas porque a gravidade do tema - consequência inevitável do totalitarismo do orgasmo! - o impõe: "Tudo nasce de uma ideologia lasciva que impõe o postulado de que no sexo todos os prazeres são equivalentes * e devem ser excitados. Esta mentira evidente e clamorosa consegue passar por razoável na propaganda libertina. O tempo que teme tabaco e obesidade promove divórcio, aborto, promiscuidade e depravação. O que mais espanta é a apatia generalizada da população perante a podridão, enquanto se enfurece e assusta com questões económicas, secundárias e passageiras" (aqui)

* trata-se, sem dúvida, de uma mentira clamorosa e evidente que, justissimamente, o grande Kaizer denuncia: o prazer de um fellatio não é equivalente ao de uma levrette ou de um cunnilingus!... Cada coisa no seu lugar.

19 May 2013

Até na desgraça (ou, talvez, especialmente na desgraça) há "qualquer coisinha de português"! (XIII)...

... já a frase "Sou 100% portuguesa e tenho uma irmã gémea idêntica, acho que isso me faz única de certa maneira" é assaz intrigante...
E, depois de ter inventado os "homossexuais do mesmo sexo", a Maria vai mais longe e faz-nos descobrir as "obras de arte homossexuais"

Os gémeos de Argos - Delfos, sec VI BCE 

Mimesis - Giulio Paolini (1976-1988)
SECRET AGENT MAN

Johnny Rivers

Devo
NÃO COMPLIQUEM, O OBJECTIVO É SÓ UM: ESFREGAR NAS FUÇAS DA CIA O FACTO DE QUE USAR FISGAS CONTRA CANHÕES É PATÉTICO

L'OSSERVATORE ROMANO (XXXVIII)

O culto mariano 7

18 May 2013


Pá, Tó... é naquela, méne... iá... Tó, pá... a cena do coiso e tal... epá, Tó!... méne, é memassim... iá, Tó... tasse
DAVID BOWIE - "THE NEXT DAY"

Real. Floria Sigismondi
 
"Look into my eyes", he tells her
"I’m gonna say goodbye", he says, yeah
"Do not cry", she begs of him goodbye, yeah
All that day she thinks of his love, yeah

They whip him through the streets and alleys there
The gormless and the baying crowd right there
They can’t get enough of that doomsday song
They can’t get enough of it all

Listen

"Listen to the whores", he tells her
He fashions paper sculptures of them
Then drags them to the river‘s bank in the cart
Their soggy paper bodies wash ashore in the dark
And the priest stiff in hate now demanding fun begin
Of his women dressed as men for the pleasure of that priest

Here I am, not quite dying
My body left to rot in a hollow tree
Its branches throwing shadows on the gallows for me
And the next day,
And the next,
And another day

Ignoring the pain of their particular diseases
They chase him through the alleys chase him down the steps
They haul him through the mud and they chant for his death
And drag him to the feet of the purple headed priest

First they give you everything that you want
Then they take back everything that you have
They live upon their feet and they die upon their knees
They can work with satan while they dress like the saints
They know god exists for the devil told them so
They scream my name aloud down into the well below

Here I am, not quite dying
My body left to rot in a hollow tree
Its' branches throwing shadows on the gallows for me
And the next day,
And the next,
And another day.
HÁ QUE INCUTIR BONS VALORES NA JUVENTUDE

(cortesia de mr. apostate)

RELAÇÕES IMORAIS 


Como diz Michel Chion em La Musique Au Cinéma, “A história das relações entre música e cinema é, certamente, e a isso teremos de nos resignar, imoral. (...) A nossa consciência racional e o nosso apreço pelo trabalho bem feito indignam-se quando uma determinada música acrescentada no último momento, escrita numa semana e recorrendo a uma retórica retrógrada, por uma espécie de acaso feliz, pelo engenho da montagem e pelo ‘dedo’ de um engenheiro de som, se vão inscrever no corpo de uma obra-prima, se vão converter no coração dessa estátua, como um coração de sopeirinha numa Vénus de mármore”. Que a inversa também é verdadeira, se não tivéssemos reparado antes, ficámos, definitivamente, a sabê-lo quando, há oito anos, a Ipecac publicou o prodigioso duplo de Ennio Morricone, Crime And Dissonance, preciosa recolha de radicais experimentalismos – fantasmagorias electrónicas, libérrimas improvisações, "musique concrète", atonalismos com o freio nos dentes, jazz esquartejado e colagens para orgasmo e taquicardia – generosamente oferecidos pelo mestre, entre 1969 e 1974, às subespécies dos "gialli", pornolixo "light" e outros produtos do catabolismo cinematográfico. E o mesmo se poderia dizer, por exemplo, das "electronic tonalities", de Louis e Bebe Barron, para O Planeta Proíbido, das partituras de Les Baxter para A Queda da Casa de Usher (de Corman), de Leonard Rosenman para Viagem Fantástica, ou de Bruno Maderna para La Morte Ha Fatto l'Uovo



É nesta micro-linhagem paralela que se inscrevem tanto o filme de Peter Strickland, Berberian Sound Studio (2012), como a banda sonora homónima agora editada, assinada pelos Broadcast (que será, talvez, a sua última gravação, após a morte de Trish Keenan, em Janeiro de 2011): história de um ensimesmado técnico de som britânico que, nos anos 70, é contratado para, em Itália, se ocupar dos efeitos sonoros do que, à partida, ignora ser um "giallo", o envolvimento activo, em atmosfera de máfia kafkiana, na produção da atmosfera de terror acaba por não exercer o mais desejável dos efeitos no seu espírito. A música para Il Vortice Equestre, o filme dentro do filme (de que apenas nos é dado ver o genérico inicial), foi aquilo de que se ocuparam os Broadcast – descendentes do minimalismo dos Young Marble Giants, meios-irmãos dos Stereolab e Pram, e devotos do ignorado e lendário álbum único dos United States of America (1968) que encaravam como a sua bíblia –, quase idealmente talhados para ela: o jogo de espelhos entre "giallo" e reapropriação contemporânea ironicamente opressiva do género é perfeitamente reflectida na sequência de 39 fragmentos sonoros que, sem que verdadeiramente nos apercebamos das costuras do "cut-up", opera por acumulação de sentidos, contrastando motivos, repetindo-os, distorcendo-os e, no processo, montando uma ficção alternativa inteiramente autónoma que, em simultâneo, homenageia sem vassalagem os antepassados Krzysztof Komeda, Fabio Frizzi, Goblin, Gene Moore ou Andrzej Korzyński. E também, mais ou menos subliminarmente, Cathy Berberian, a sobrenatural voz e musa de Luciano Berio.

Tó, méne... iá... pá, Tó, tipo, temos de ser uns prós outros... tazaver, Tó... Tó, tasse, pá

17 May 2013

Maria Teixeira Alves, não estás só, moça! Muitos outros pensadores igualmente eloquentes - embora com problemas complicados de ortografia e sintaxe - invadiram as catacumbas da caixa de comentários do "Público" e, sem mariquices, inauguraram uma nova e esplendorosa Idade de Ouro da "escola filosófica Rádio Táxis-Autocoope"!


"Que me desculpem os portugueses,mas este e um assunto muito complicado para a minha pobre cabecinha e eu nao percebo este tipo de leis e nao compreendo como e que e possivel que um par de homossexuais podem adoptar e criar uma crianca,quando todas as criancas precisao de um pai e de uma mae para se tornarem adultas,tantos casais que por infelecidade nao podem ter filhos e neste caso porque nao se lhes dar uma oportunidade de serem felizes...tantas mulheres que nao podem ter filhos porque nao lhes dao a portunidade de optarem uma crianca...nao sou contra os homossexuais nem contra as lesbicas so que vos faco uma pergunta muito concreta...sera que o dinheiro a forca e as relacoes entre os pares homossexuais tem mais valor que a vida de uma crianca...!!!??? abril vencera...revolucao ja..."

"Mudem o nome à coisa, crismem de tutores os "casais" em questão. Exigir-se a uma criança que trate um casal de gays ou lésbicas por pais é de uma violência chocante. Entre os gays é normal o João ser Joana, o Paulo ser a Paula, etc. Obrigar-se uma criança a entrar nestes jogos é chocante. Uma sociedade que desce tão baixo não merece ter futuro".


"Nunca serão pais de ninguém. A natureza, fábrica perfeita que não tolera perfídias, não permite a concepção por parte dos casais homosexuais. A lei dos homens é efémera. A da natureza é imutavel. Ouviram srs. deputados e casais gays? Nunca conseguirão levar a vossa avante. A natureza não o permite. Vocês nunca serão pais de ninguém. Jamais!"

"Por mais leis torpes que a AR bolsar, as crianças terão sempre como pais aqueles que os conceberam. Ensinemos as crianças que venham a ser vítimas desta lei a responderem: não tenho culpa, eu tenho um pai e mãe, tal como tu. Fui concebido dentro das regras da natureza. A culpa foi dos deputados da AR que permitiram eu estar nesta situação".

"Se o Cunhal lá estivesse, votavam o tanas. O gajo uma vez disse que considerava a homossexualidade uma coisa triste".

"Se eu nascesse daqui a uns anos e fosse adotado por um casal do mm sexo, eu poria o estado em tribunal. Que direito teria o estado de me colocar numa posição da qual eu discordava? Se isto é o vale tudo, seria mt mais pacífico eu poder casar com 3 mulheres e 2 homens".
Obrigado por existires, Maria Teixeira Alves, e um obrigado ainda maior ao FNV por nos ter permitido conhecer-te! (entrada imediata para o seleccionadíssimo clube do "pensamento filosófico português")

"Os ignóbeis socialistas e bloquistas vão levar amanhã mais uma vez a adopção de crianças por duas pessoas homossexuais do mesmo sexo que vivam juntas, ao Parlamento. Não se enganem, todas as manifs, todos os Grandolas Vilas Morenas, todos os Galambas e Dragos, todos os actos de terrorismo de interrupção de membros do Governo em actos públicos, têm um único objectivo 'dar crianças aos homossexuais'" (mais aqui)
Dia de abundância em matéria de "Portugal numa casca de noz" (V): máfia sindical convoca greve de professores destinada ao desastre, perante a qual o ex-carro de assalto para a Educação do biltre inventor das "novas oportunidades" (já de braço dado com a costureirinha do Rato para tratar da vidinha) aconselha fraternamente o Governo a fazer como ela fez, alegando "o direito constitucional (?) dos alunos a fazerem exames"
LIMPAR O PÓ AOS ARQUIVOS (VI)

(com a indispensável colaboração do R & R)



OLHA... BOAS NOTÍCIAS:
A DONA ISILDA VAI PASSAR-SE * 
& MORREU UM FDP

* a Dona Isilda das vaquinhas e dos boizinhos
Conciliar o cursozinho em Sciences Pô (e as notas, pá?...), o "part-time" como delegado de propaganda médica, os fins-de-semana de comentadeiro e ainda outra tão elevada função não vai ser fácil... mas, pelo menos, tomar conhecimento do acordo entre biltres, consolida bastante a decisão de nunca votar no PS (novo episódio da série "Portugal numa casca de noz" - IV)
STREET ART, GRAFFITI & ETC (CIX)

Amsterdão, Holanda, 2010





16 May 2013


A RECEITA PARA O PRODUTO

 
"A fusão entre a arte contemporânea portuguesa com (sic) o nosso património resulta num produto internacional e de primeira linha" (Álvaro Covões, produtor da exposição de Joana Vasconcelos no Palácio da Ajuda - "Ler", número de Maio)