30 April 2022
29 April 2022
28 April 2022
O INÍCIO DO POENTE
Os céus estão cheios de fantasmas. Mesmo aqui ao lado, a 2,5 milhões de anos-luz de distância, inúmeras cintilações de Andrómeda que observamos pelo telescópio foram geradas por estrelas há muito extintas na explosiva glória de supernovas. Continuamos a ver o que já não existe tal como, sem nos darmos conta, podemos habitar hoje um mundo que não é mais o de ontem. Como haveremos, então, de olhá-las? A pergunta é-nos dirigida por Tamara Lindeman em How Is It That I Should Look At The Stars. Um ano após ter concluído Ignorance, entre 10 e 12 de Março de 2020, Tamara (aliás, The Weather Station) entrou no estúdio da Canterbury Music Company de Toronto para gravar as “peças do puzzle que faziam falta” a esse álbum. No dia 13, o primeiro ministro do Canadá, em quarentena, anunciava um plano de restrições severas para combater a disseminação do coronavirus. “Entrámos no estúdio pela porta de um mundo e saímos pela de outro”, conta Lindeman à “NBHP”, acrescentando: “Praticamente todas as canções deste álbum são acerca do acto de ver, sobre a percepção e sobre a necessidade de a interrogar”. (daqui; segue para aqui)
27 April 2022
25 April 2022
24 April 2022
23 April 2022
22 April 2022
21 April 2022
"Reeling" era a terceira faixa – e um dos 6 temas inéditos – de 4-Track Demos, o álbum de maquetas de Rid Of Me (1993) publicado por PJ Harvey em Outubro de 1993 após grande insistência do produtor Steve Albini. Abria, memoravelmente, com as palavras “I wanna bathe in milk, eat grapes, Robert De Niro sit on my face, I can't sleep for thinking, set my head a reeling”. Reeling With PJ Harvey (1994) seria também o título de um video-álbum realizado por Maria Mochnacz, essencialmente dedicado ao registo de um concerto no London Forum, em Maio de 94. É, pois, apenas uma quase inevitabilidade que, no momento em que Reeling, álbum de estreia de The Mysterines – quarteto de Liverpool constituido por Lia Metcalfe (voz e guitarra), George Favager (baixo), Callum Thompson (guitarra) e Paul Crilly (bateria) – vê, finalmente, a luz do dia, a “DIYMagazine” nos faça saber que, numa parede da sala de ensaio da banda, uma foto emoldurada de PJ enquanto jovem (oferecida a Lia como prenda de aniversário pelo fotógrafo Steve Gullick) observa atentamente as operações. (daqui; segue para aqui)
20 April 2022
19 April 2022
18 April 2022
17 April 2022
16 April 2022
15 April 2022
"Meu Coração Emigrou"
(sequência daqui) Mas como surgiu, afinal, a ideia para um álbum no qual, à excepção de José Salgueiro (percussões e fliscorne) e Catarina Anacleto (violoncelo), apenas se escutam a(s) voz(es) de Amélia Muge sobrepostas no mil-folhas sonoro dos arranjos e cenografia electrónica de António José Martins? “Durante a pandemia quando, aparentemente, não era possível fazer nada e a própria disponibilidade mental nos obrigava a estar quase todo o dia frente à televisão a tentar perceber o que se passava. Por outro lado, parecia que a única coisa que tínhamos era a voz, só contactávamos com as outras pessoas através do telefone. Perante isto, pensei que fazer um novo trabalho era quase uma questão de sobrevivência mental. Por outro lado, o que poderia eu fazer que usasse o mínimo de recursos possivel dado que o contacto com outros músicos seria complicado? Claro que ter o António José Martins é logo possuir os recursos de uma central nuclear. Pensei, pois, no Zé mais as vozes de mim. E foi isso que aconteceu. À medida que se foi avançando com o trabalho, mais eu percebi que trabalhar apenas com esta ideia da voz não era um recurso pequeno, era um recurso enorme. Ligado a toda a experiência e a todas as memórias. Não numa atitude de 'antes era tão bonito, eu podia fazer isto, ai agora já não posso', mas como recurso a retirar de uma experiência vivida que nos permite ir um bocadinho mais além. Isso, articulado com o conhecimento que tenho do trabalho de outros músicos como a Laurie Anderson, as Zap Mama ou, mais recentemente, as Cocanha e os San Salvador. Houve sempre muita gente com quem trabalhei ou que ouvi e que iam tendo um bocadinho a ver com a minha própria experiência. Cada um ouve como pode e como sabe. Sabia que podia diversificar a minha voz em matéria de timbres, de alturas, de ressonâncias. Tinha as minhas experiencias com os outros e o conhecimento daqueles com quem nunca trabalhei mas sempre me inspiraram. Uma voz é feita de muitas vozes”. (segue para aqui)
14 April 2022
13 April 2022
"O Tempo Arrefece"
12 April 2022
11 April 2022
UMA VOZ FEITA DE MUITAS VOZES
Ainda procurávamos espreitar por entre as palavras (“A noite entrelaça seus riscos de sombra, e luzes no escuro são quase penumbra, são gestos de gestos, no afã do afã, parece um Pollock sonhando a manhã”) quando, como quem pensa alto, Amélia Muge deixa cair “Este disco está um bocadinho entre o canto dos Neanderthal e o HAL 9000 do 2001 Odisseia no Espaço”. Ela (e o co-autor António José Martins) já tinham esclarecido que, para um exercício de audição assistida de Amélias – 12º volume de um percurso iniciado em 1992 com Múgica –, nunca se trataria de “explicar os temas mas de falar acerca das ideias de base sobre as quais foram contruídos”. Largámos, então, o Paleolítico Superior, a "action painting" e Van Gogh, Miró e Chagall com quem já nos havíamos cruzado antes, e, entrando pelo labirinto dentro, a propósito de "Chove Muito, Chove Tanto" (com texto da irmã, Teresa Muge), os contornos tornam-se um pouco mais nítidos: “Este texto da Teresa remeteu-me muito para as minhas memórias de infância. Eu não comecei como os outros meninos. O meu universo musical não foi o do que ‘estava a dar na rádio’ mas o de gente que, em Moçambique, cantava à minha volta.
As minhas primeiras memórias do canto colectivo são, quando tinha cerca de três ou quatro anos, ter ido para um miradouro de Maputo de onde se via um mar fantástico, com as várias amas negras – umas 20 ou 30 – dos vários meninos e onde elas cantavam em lingua ronga e dansavam. É evidente que não me lembro nada do que elas faziam, isto já é uma invenção, uma pura ficção, sobre uma experiência que eu sei que vivi. Quis fazer recuando eu, como personagem, aquele tempo. Até porque, se calhar, as memórias que tenho não correspondem exactamente ao que elas faziam mas aquilo que eu, com aquela idade e sendo de outra cultura, consegui absorver como experiência sonora fortíssima”. (daqui; segue para aqui)
10 April 2022
09 April 2022
Novosibirsk, São Petersburgo, Moscovo, Yekaterinburg, Rússia, 2022