29 January 2022

"I’ve decided to remove all my music from Spotify. Irresponsible people are spreading lies that are costing people their lives. I stand in solidarity with Neil Young and the global scientific and medical communities on this issue" (Joni Mitchell)
Chico e David: não estarão vocês a pactuar com aquele tipo de analfabetismo  enganadoramente "radical" que ignora os contextos históricos, distorce desvairadamente os factos em busca de sangue, não entende o registo teatral, e, assim, indesculpavelmente, desconsidera, desvaloriza, amesquinha e ridiculariza uma justíssima causa?

28 January 2022


Vá lá que o Mao, o Enver Hoxha, o Estaline, a Krupskaya, o Pol Pot, o Fidel, o Beria, o Ho Chi Minh, o Kim Il-Sung, o Guevara, e a Rosa Luxemburgo se safaram da devastadora fúria do bardo... 
 
(Porcupine - álbum integral aqui)

(sequência daqui) A verdade é que tanto Richard Kelly (à excepção, talvez, de The Box, 2009) como os Bunnymen, depois de Ocean Rain (1984) – o sumptuosíssimo estojo que acolhia "The Killing Moon" –, não mais repetiriam tão grandiosos feitos. Com a importantíssima diferença de que a banda de McCulloch, Will Sergeant, Les Pattinson e Pete de Freitas possuía um ainda recente mas glorioso passado de três álbuns em pouco habitual trajectória sempre ascendente: Crocodiles (1980), Heaven Up Here (1981) e Porcupine (1983). Escrevendo sobre a banda em Rip it Up and Start Again: Postpunk 1978-1984 (2005 ), Simon Reynolds destacava “as linhas de baixo graníticas” de Pattinson “que transportam a linha melódica”, “as cortantes melodias de quartzo” da guitarra de Sergeant que “libertavam hectares de espaço vazio e evitavam tudo o que se assemelhasse a um solo”, a “bateria minimalista” de Pete de Freitas “em crescendos de emergência”, e a “autoridade precoce” da voz de McCulloch, entre Sinatra e Jim Morrison, “mas com a pureza de um coração de adolescente”. A doutrina dividia-se (e continua a dividir-se) acerca do mérito de cada uma das peças: entre as afiadas lâminas pós-punk de Crocodiles, a perfeitíssima geometria de Heaven Up Here, o contraditório barroco minimal de Porcupine e o épico esplendor de Ocean Rain, nunca um consenso foi satisfatoriamente alcançado (eu voto Porcupine). Para Ian McCulloch – aliás, Mac the Mouth –, porém, esse nunca seria um problema: cada álbum, cada EP ou cada canção, foram sempre os melhores de todo o sempre, assinados pela mais extraordinária banda do universo conhecido, possuidora da única voz humana capaz de paralizar o movimento dos planetas. “We can't tell our left from right, but we know we love extremes, getting to grips with the ups and downs, because there's nothing in between” ("Back Of Love") tanto poderia ser um manifesto existencial como estético. Com a tetralogia de ouro agora disponível em vinil de 180 gramas (negro e nas versões azul, amarelo, branco e azul transparente) o debate pode continuar.

26 January 2022

"Depois de várias semanas de debates televisivos entre partidos e após uma primeira semana de campanha eleitoral em que o tema da cultura esteve totalmente ausente, é inaceitável que este permaneça um assunto completamente marginal ao debate eleitoral e, consequentemente, ao debate sobre o futuro do país. O que ainda é mais grave é que igualmente ausentes deste debate estejam a educação e a ciência, outros alicerces do nosso futuro e que, salvo raras excepções, não interessam aos actores políticos que nos ambicionam governar. Estes perdem-se em debates de estratégia, acusações sobre factos menores, sound bites sensacionalistas, e ausentam-se da discussão sobre o que importa: o modelo de país que queremos construir no enquadramento global desafiante em que estamos inseridos. Esta tem sido uma campanha sem sonho, sem devir"

NO MEIO NÃO HÁ NADA


Sob a luz incerta do nascer do dia, o "travelling" de um caminho arborizado de montanha cruza-se, de súbito, com uma estrada ao fundo da qual, nos apercebemos vagamente de um corpo deitado. "Zoom in" lento até ao instante em que se distingue a figura de um miúdo adolescente, de pijama, que se senta no chão, frente â bicicleta caída na berma. Ergue-se para observar o horizonte coberto de núvens rosadas e, como que recordando-se de algo, sorri em silêncio. Corte. No mesmo momento em que o vemos já pedalando estrada abaixo até chegar a um paraíso suburbano de relvados impecáveis, crianças felizes e MILFs reclinadas lendo Stephen King, escutamos, em empolgada orquestração, “Under blue moon I saw you, so soon you'll take me up in your arms, too late to beg you or cancel it, though I know it must be the killing time, unwillingly mine”. Entrada imediata no panteão das sequências de abertura inesquecíveis para Donnie Darko, de Richard Kelly (2001), e "The Killing Moon", dos Echo & The Bunnymen. Segundo Ian McCulloch, o argumento do filme ter-se-ia inspirado na própria canção (“Afirmei uma vez que ‘The Killing Moon’ era acerca da predestinação. O patife escreveu todo o argumento em torno disso e pagou-nos uma ninharia pela utilização da canção no filme. Podia, ao menos, ter admitido que a ideia original era nossa”, declarou McCulloch à “Louder”, em 2017) o que, se pensarmos como a figura de um gigantesco “bunnyman” é omnipresente em Donnie Darko, até nem parece demasiado extravagante... (segue)

24 January 2022

Para a lista

(sequência daqui) Que fizeram, pois, no celeiro, Young, Talbot, Molina e Lofgren? Naturalmente, aquilo que três moços de 70 e tal anos e um recém-chegado ao clube (Lofgren), com muitos quilómetros de música, se ainda se mantêm não apenas fisiologicamente vivos, costumam fazer: tocaram, inventaram canções em tempo real e, sob a orientação de um crente na (traiçoeira) filosofia “first thought, best thought”, guardaram umas, esqueceram outras e fizeram sabe-se lá o quê às restantes. Como, à “Rolling Stone”, Young explicou o método, “Eu só escrevi as letras. Não me sentei com a guitarra e cantei as canções. Tinha as letras dispersas por uma quantidade de autocolantes que, para não me perder, tive de ir numerando. Às vezes, escrevo tão depressa que é fácil perder-me. Posso cantar um verso e ir entoando uma melodia mas não volto a fazê-lo até começar a gravar com a banda. Imeditamente antes, mostro-lhes a sequência de acordes e deixo-os tocar por uns minutos. Então, começamos. Nesse primeiro encontro com a música estamos a descobrir tudo – se funciona, se não funciona. Pelo caminho, podemos ir improvisando, uma vez que não temos nenhum percurso a seguir obrigatoriamente. Não há nenhuma regra, nada. Não é por alguma coisa ter resultado bem noutra altura que iremos, agora, repeti-la. Coisas dessas, neste método não acontecem”. É um clássico de Neil Young com os Crazy Horse como Rust Never Sleeps (1979), Ragged Glory (1990) ou Weld (1991)? Não, muito longe disso. Mas é um daqueles discos acerca dos quais apetece dizer “O que eu não dava para ter passado uns dias naquele celeiro...”

21 January 2022

... cada vez mais baralhado...
(daqui; clicar na imagem para ampliar)

Edit (22/01/2022) - ... ou talvez não...

Neil Young & Crazy Horse - A Band A Brotherhood A Barn (real. Daryl Hannah)

(sequência daqui) Contam as sagradas escrituras do rock que, em 1972, desejando dar a ouvir a Graham Nash – ex-parceiro da coligação Crosby, Stills, Nash & Young – o recém-gravado Harvest (parcialmente registado num celeiro), Young o convidou para um passeio de barco a remos no lago da sua propriedade no Norte da Califórnia. Em terra, a conveniente distância, a residência de Neil e o celeiro, haviam sido artilhados com potentíssimas colunas de som que deveriam emitir estereofónicamente para a zona do lago. Quando o co-produtor do álbum, Elliot Mazer, foi até à margem procurando assegurar-se se tudo podia ser escutado em óptimas condições, Neil Young terá apenas gritado como resposta “More barn!” “Nessa altura, estava disposto a tocar em qualquer sítio. O celeiro pareceu-me muito bem e achei que valeria a pena experimentar. O palco tinha muito bom aspecto e tudo o resto me agradou também. 50 anos mais tarde, aí vamos nós de novo.!”, contou Young à “Rolling Stone. Desta vez, teve, literalmente, todo o celeiro que poderia desejar. E uma adequação ao calendário lunar feita por medida: o período de gravações coincidiria com a Strawberry Moon de Junho deste ano – a lua cheia mais próxima do solstício de Verão, de acordo com a tradição das tribos Algonquin, Ojibwe, Dakota e Lakota –, propiciadora de boa sorte, generosidade e optimismo, assinalados pelo amadurecimento dos morangos.
“Não sei se isto funciona da mesma maneira com toda a gente mas comigo sim. Sinto a energia da mudança dos ciclos lunares. É algo de que diversas culturas (umas mais do que outras) tiveram consciência ao longo dos tempos. Quando uma nova lua se aproxima, apercebemo-nos disso, como quando viramos uma página num livro. Talvez uma semana depois, começamos realmente, a sentir alguma coisa, habitualmente boa, positiva e criativa. Foi por isso que escolhemos essa data para o final das sessões de gravação”, revelou ao mundo o septuagenário hippie canadiano. Ou, mais exactamente, “Canerican” (“I am American, American is what I am, I was born in Canada, came south to join a band, got caught up in the big time, travellin' through the land, up on the stage, I see the changes comin' to this country, I am Canerican, Canerican is what I am”), estatuto a que tem pleno direito desde que, finalmente, no ano passado, adquiriu a dupla nacionalidade que lhe permite declarar – a ele que se reviu em Ronald Reagan e abominou Donald Trump – “I am all colours, all colours is what I am, stand beside my brothers for freedom in this land” e, juntando as palavras aos actos, exercer o primeiro direito de voto apoiando Joe Biden (“Votar nele foi uma boa sensação. É alguém que respeitamos como pessoa e de quem o país precisa. È um bom exemplo de como agir, actuar, ser bem educado mas firme”). (segue para aqui)
Ex-banqueiro e ex-residente na Quinta Patiño descobre, atónito, que uma prisão na África do Sul não é o Burj Al Arab e, militantemente empenhado na luta pelos direitos humanos, interpela veementemente a ONU

("Expresso")

18 January 2022

UNS DIAS NO CELEIRO
 

Na zona de Telluride, no Colorado – distinguida com a honra de ter sido cenário do primeiro assalto a um banco de Butch Cassidy –, empoleirado nas Rocky Mountains, 2 667 metros acima do nível do mar, encontra-se “the barn”. O celeiro. Construído em 1850, era um local onde as diligências paravam para  dar de beber e alimentar os cavalos, permitindo também aos passageiros descansar durante algumas horas antes de prosseguir viagem. Algo como a "roadhouse" de Once Upon A Time In The West, na qual Harmonica/Charles Bronson e Cheyenne/Jason Robards se cruzam pela primeira vez. A partir de alguns esboços e de uma fotografia, Neil Young tratou de restaurar o que já era pouco mais do que uma ruína: “Usámos madeira daqueles grandes pinheiros ponderosa, tirando partido das superfícies arredondadas. Os troncos sobrepostos dão origem a uma onda sonora cheia. Nada de ângulos rectos que são inimigos do som e provocam a extinção de algumas frequências. O que, quando estamos a gravar, temos sempre de ir compensando. Aqui, não precisámos de fazer nada disso: desde o primeiro instante, tudo soou perfeitamente bem”. Numa fotografia de Daryl Hannah (a andróide Pris, de Blade Runner, a gélida homicida Elle Driver, de Kill Bill, mas também, desde 2018, Mrs Young), “the barn” surge na capa do disco a que dá o nome: três quartos de céu raiados de núvens rosa de final de tarde e, no quarto inferior esquerdo, qual Big Pink ainda mais rural, uma casa-de-madeira-em-forma-de-casa, à porta da qual apenas com uma lupa poderão identificar-se as quatro figuras que a ocupam – Neil Young e os três Crazy Horse actuais (o baterista Ralph Molina, o baixista Billy Talbot e o guitarrista e multi-instrumentista Nils Lofgren, também tripulante da E Street Band, de Bruce Springsteen). (segue para aqui)
 
(11º ANO A SEGUIR AO) ANO DO TIGRE (CLIX)

Kedi/Gatos - real. Ceyda Torun (VII)

Aqui na RTP Play

15 January 2022

Vanishing Twin - Full Performance 
(Live on KEXP)

(Chose Your Own Adventure - álbum integral aqui)
Crítico de revista à portuguesa do Parque Mayer, da escola karambista, analisa o último grande espectáculo em cartaz (especial atenção à "pressão cognitiva", aos "incrementos de stress que nos causam maiores níveis de cortisol", à "pacificação da zona jugular", ao "sorriso verdadeiro quando os zigomáticos maiores e os orbiculares têm uma contracção diferente" e inúmeras outras pérolas de argúcia e sabedoria)

14 January 2022

Uma salva de palmas para Rosa Oliveira Pinto (no debate PAN/Chaga)!

 
O neo-facho: "Todos sabemos como os ciganos tratam os cavalos, na sua grande maioria". 
Rosa Oliveira Pinto: "Não faça generalizações, André Ventura". (aqui aos 28'23")
Quer parecer-me que existe jurisprudência suficiente, capaz de contrariar a decisão a favor da treta "alternativa"
"You Can Close Your Eyes" (c/ James Taylor - Peel Session, no Paris Theatre de Londres)
 
(sequência daqui) Assaz ironicamente, porém, a faixa de abertura do primeiro CD deste ilustríssimo exemplo da museologia musical inaugurada pela “Bootleg Series”, de Bob Dylan, assinala um indiscutível falhanço: "Midnight Cowboy", escrita para a banda sonora do filme homónimo de John Schlesinger, acabaria preterida a favor de "Everybody’s Talkin’", de Harry Nilsson. Por essa altura, ela poderia ver-se como símbolo de uma geração de "singer-songwriters" agudamente confessionais, expondo-se publicamente “como um saco de celofane cheio de orgãos humanos com um coração a bater no meio”. Mas esse lado magoadamente “sensível” não a impediria de, perante a multidão ostensivamente desatenta do festival da Ilha de Wight de 1970, ter desabafado, sem pesar as palavras: “Parem de se comportar como turistas. Vá lá, mostrem algum respeito!

12 January 2022

11 January 2022

Laurie Anderson's Norton Lectures - Spending the War Without You: Virtual Backgrounds | An Introduction

(via OC; os 6 episódios aqui)
(ver também aqui)
(sequência daqui) Ne verdade, uma boa parte dessa “magia” foi fruto da sua vontade e determinação. Quando, em 2002, declarou à “Rolling Stone” que a indústria musical era “uma fossa séptica” e “tinha vergonha” de fazer parte dela, anunciando a muito provável reforma antecipada, não estava a brincar: de facto, apenas publicaria mais um álbum (Shine, em 2007). Em entrevista ao “Los Angeles Times”, em Setembro de 2004, explicar-se-ia ainda melhor: “Noutro dia, alguém da indústria dizia que já não andavam em busca de talentos, o que fazia falta era gente com uma determinada imagem e vontade de colaborar. Engraçado, pensei eu, sempre me pareceu que ser totalmente destituído da vontade de colaborar era indispensável para se ser um artista. Não por quaisquer motivos perversos mas pela necessidade de proteger a nossa visão. As considerações de uma empresa, especialmente agora, nada têm a ver com arte ou com música. É por isso que passo o meu tempo a pintar”. Cobrindo o período durante o qual publicou os primeiros quatro álbuns – Song To A Seagull (1968), Clouds (1969), Ladies Of The Canyon (1970) e Blue (1971) –, Archives Volume 2: The Reprise Years (1968-1971) recolhe mais de 5 horas de raridades, ensaios e "outtakes", gravações domésticas, de estúdio e ao vivo, incluindo a estreia no Carnegie Hall de 1969, a aparição televisiva no Dick Cavett Show de 18 de Agosto de 1969 (onde, com Stephen Stills, David Crosby e Grace Slick se discutiriam as peripécias do festival de Woodstock dos dias anteriores), e a Peel Session, no Paris Theatre, de Londres, com James Taylor (1970).  (segue para aqui)

08 January 2022

MAGIA E VONTADE
 
 
No Outono do ano passado, por altura da publicação do primeiro volume dos seus Archives, tínhamos deixado Joni Mitchell – em conversa com Cameron Crowe para o "booklet" da caixa de 5 CD – interrogando-se acerca de onde pararia aquela fita magnética na qual, em Março de 1968, Jimi Hendrix a gravara em concerto, a solo, no palco do Clube Le Hibou, de Ottawa. Tinha-a escutado na companhia de Hendrix, uma única vez, nessa mesma noite. Depois, gravador e fita seriam roubados e, até hoje, impossíveis de localizar. Na realidade, até “ontem”: tal como acontecera com as cassetes do programa do DJ Barry Bowman (perdidas durante 50 anos, acabariam por ser recuperadas pela filha deste) que lhe proporcionaram o ponto de partida para a revisita aos seus primeiros passos musicais em Archives – Volume 1: The Early Years (1963–1967), as fitas de Le Hibou, subitamente, reapareceram constituindo, agora, o essencial do segundo CD de Archives Volume 2: The Reprise Years (1968-1971). “É uma bela gravação e a memória de uma bonita amizade. Tem sido sempre um pouco assim ao longo de toda a minha carreira. Muitas vezes tenho sido capaz de chamar até mim aquilo de que vou precisar a seguir. Ultimamente, todas estas maravilhosas e mágicas coincidências significativas têm sido especialmente gratificantes.”, confessa Joni a Crowe, na continuação da conversa iniciada há um ano. (segue para aqui)


The Last Picture Show - Making of

05 January 2022

Intolerável discriminação cometida contra quem - para permitir que pessoas que desejando muito ser diferentes se tornem todas iguais - usa produtos químicos capazes de provocar "cancro, dificuldades reprodutivas e irritação da pele"!
 

"Bad Reputation"   

(sequência daqui) I Thought You Wanted To Know (1978-1981), publicado pela Propeller Sound de Jefferson Holt (manager dos R.E.M. de 1981 a 1996), recolhe esses já entusiasmantes primeiros passos: uma gloriosa destilação em formato "jangle/power-pop" do legado dos velhos mestres, com episódicas erupções de electricidade em roda livre, melodias adesivas, e vénias, sem temor nem submissão, a "My Back Pages" (Dylan/Byrds) e "Tomorrow Never Knows" (Beatles), não hesitando sequer, em "Bad Reputation", na ostensiva pilhagem dos compassos iniciais de "While My Guitar Gently Weeps". Nunca seriam famosos mas estavam já a caminho de ser clássicos.

03 January 2022

Vanishing Twin - "The Invisible World"

TODOS OS NEURÓNIOS ILUMINADOS
A linhagem musical e o círculo de relações dos dB’s eram imaculados: Chris Stamey, Peter Holsapple, Gene Holder e Will Rigby caminhavam nas pegadas dos Television, Big Star, Kinks e Elvis Costello mas, sobretudo, dos britânicos The Move e, em circunstâncias diversas, tinham-se cruzado ou haveriam de cruzar-se com Richard Lloyd (Television), Don Dixon (produtor dos R.E.M., Smithereens e Guadalcanal Diary), Mitch Easter (fundador dos Let’s Active e produtor dos R.E.M., Pavement e Suzanne Vega), Chris Bell (Big Star) e Scott Litt (produtor de Nirvana, R.E.M. e Liz Phair). Mas, entre a chegada a Nova Iorque, em 1978, dos quatro nativos da Carolina do Norte e a publicação – apenas no Reino Unido – dos dois primeiros (e preciosíssimos) álbuns – Stands for Decibels (1981) e Repercussion (1982) – haveria de passar-se demasiado tempo durante o qual, contudo, a banda não esteve, de modo algum, inactiva. Sob várias designações e configurações, deixaram um muito razoável baú de gravações (essencialmente, singles e registos ao vivo) do tempo em que, como conta Stamey nas suas memórias, Spy In The House Of Loud: New York Songs And Stories, imaginavam a sua música à imagem de uma máquina de flippers “quando as luzes disparam ao mesmo tempo, uma espécie de resposta cerebral instantânea, com todos os neurónios iluminados”. (daqui; segue para aqui)