04 February 2021

ADMIRAÇÃO E OSMOSE
Perdida algures no grande mundo, há-de existir uma bobina de fita magnética que, com sorte e para mais fácil identificação, deverá ter escrito qualquer coisa como “Joni Mitchell — guitarra/voz; Jimi Hendrix — técnico de som”. Se, por sorte, tropeçarem nela, têm um tesouro nas mãos. Data de Março de 1968 e foi registada em Ottawa, no clube Le Hibou. A Jimi Hendrix Experience actuava no Capitol Theatre e, após o concerto, Jimi, com um enorme gravador nos braços, foi ter com Joni ao Hibou e pediu-lhe autorização para a gravar. De regresso ao hotel onde ambos estavam alojados, e fugindo de quarto em quarto devido aos protestos por excesso de ruído, acabaram por conseguir ouvi-la. Uma única vez. Dias depois, gravador e fita seriam roubados para nunca mais voltarem a aparecer.
 
Exatamente igual poderia ter sido o destino de uma outra fita gravada, em 1963, por Barry Bowman, DJ da CFQC, uma rádio de Saskatoon, cidade para a qual, Joni, aos 11 anos, se havia mudado com os pais. Roberta Joan Anderson ainda não tinha sequer posto o pé dentro de um clube folk nem entrara no Alberta College of Art, mas, com 20 anos, aceitou o convite de Bowman e cantou algumas canções do reportório tradicional — "House Of The Rising Sun", "John Hardy", "Copper Kettle", "Molly Malone", "Fare Thee Well"... — que fora aprendendo enquanto estudava guitarra. Só meio século mais tarde, uma filha de Bowman, ao remexer um contentor repleto de velhas cassetes e bobinas, lhe fez chegar duas delas com a etiqueta “Joan Anderson audition tapes”. Seria o ponto de partida para Archives — Volume 1: The Early Years 1963 — 1967, recolha em 5 CD organizada cronologicamente, de gravações ao vivo, programas de televisão e rádio e demos domésticas, todas anteriores à publicação do primeiro álbum (Song To A Seagull, 1968). (...) (daqui; segue para aqui)

3 comments:

Maria said...

Even more beautiful!

🎵🎶

João Lisboa said...

São "beautiful" diferentes.

:-)

Maria said...

Pois são :-) mas foram duas belas descobertas para mim, e esta foi um bocadinho melhor: que voz tão cristalina, que canção tão bonita, ouvi várias vezes seguidas.
Não consegui ler o artigo do Expresso :-(

Boa noite.
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