Halloween (III)
31 October 2015
Humor negríssimo de Halloween no sacrossanto local onde Moisés recebeu uma SMS ameaçadora do Grande Fantasma Cósmico
History Of The World - real. Mel Brooks (1981)
30 October 2015
O discípulo de Edith Piaf, num encore de "Je Ne Regrette Rien", deixa-nos com uma lagrimita de saudade desse santo-Rádio-Táxis-Autocoope, o queridíssimo Salazar: "Ao longo da nossa História, só conhecemos verdadeiro progresso económico e social quando existiu estabilidade política"
"Sobre Miguel Relvas, não me vem nada à mente. Mas, tendo deparado há uma semana com um artigo dele neste jornal (servia-lhe de título um decorativo quiasmo: Entre a força da razão e a razão da força), fui levado ao exercício ocioso de tentar perceber esta reaparição. Segundo os preceitos de uma moral antiga e dos códigos não escritos daquilo a que os franceses chamam bienséance, esta 'figura' teria de expiar em silêncio a sua 'culpa', que não é nenhuma culpa trágica, mas é inibitória porque entra no território da vergonha, como acontece a quem fica nu numa praça pública. Mas a salvação que dantes se obtinha pela retirada obtém-se agora pela exposição mediática. A mediocracia e o clero que a governa têm um poder amnésico e de branqueamento. Miguel Relvas pode ter passado de fugida pela universidade, mas, como muitos dos seus pares, aprendeu por observação directa que o mundo separado e organizado através dos media, a que Guy Debord chamou 'espectáculo', funciona de acordo com esta regra: 'O que aparece é bom, o que é bom aparece'.
Ele sabe que para reconquistar a bondade, para obter a reparação com toda a leveza, só precisa de aparecer ostensivamente. A exposição transforma-se num valor e garante a recuperação de uma imagem para além do bem e do mal. Se, porém, oferecermos alguma resistência a este processo que consiste em manipular a percepção colectiva e apoderar-se da memória, até a fotografia do autor do artigo passa a ser vista a uma outra luz: o que vemos nela, obstinadamente, é uma figura que ostenta um sorriso onde se mistura o cinismo com a inconsciência de um cartoon, como se uma personagem de Robert Walser se viesse cruzar com um boneco saído dos estúdios Disney. Um artigo excelente, mesmo tendo por título um quiasmo pindérico, seria a única coisa capaz de interromper este olhar cruel sobre a fotografia. Mas ele é apenas indigente, de maneira que não conseguimos levantar o olhar da fotografia e deixar de ver nela um instrumento da estratégia da exposição branqueadora (...)" (António Guerreiro)
29 October 2015
HERESIAS
Quando, em Janeiro passado, se comemorou o centenário de Ewan MacColl (morto em 1989), Shirley Collins, a matriarca da folk britânica, chamada a depor pelo “Guardian”, não mediu as palavras: “Ewan teve uma influência bastante perniciosa na folk. Todos os músicos sobre quem exerceu influência acabaram a soar iguais. Era terrivelmente sexista, pretensioso e pomposo”. Não era, de facto, flor que se cheirasse o fulano que, aos 17 anos, enquanto militante da Juventude Comunista, já tinha dossier aberto no MI5: de acordo com o dogma maccoll-zhdanovista, a folk deveria manter-se imaculadamente pura e fidelíssima à vetusta tradição, higienicamente afastada de qualquer influência burguesa e/ou imperialista – cada canção teria de ser cantada no sotaque de origem, nada de vis contaminações americanas, mesmo o jovem Dylan-cantor-de-protesto era encarado como “lixo capitalista” –, cantora folk digna desse nome livrasse-se de pintar as unhas e, até ao fim (tendo, nos anos 60, alinhado com a dissidência maoista do Partido Comunista da Grã Bretanha), nunca renegaria a sua "Ballad Of Stalin" (“Joe Stalin was a mighty man and a mighty man was he, he led the Soviet people on the road to victory”).
Mas foi também o dramaturgo e actor aplaudido por Bernard Shaw, o criador, nos anos 50, do programa “Radio Ballads”, para a BBC, e fundador do Singers Club, em Londres – que, apesar do colete de forças ideológico, foram gatilhos decisivos para o "folk revival" –, o intérprete e colector (com A. L. Lloyd) de centenas de espécimes tradicionais, e autor de canções como "Dirty Old Town" ou "The First Time Ever I Saw Your Face", gravadas por Elvis Presley, Phil Ochs, Pogues, Planxty e Johnny Cash. Shirley Collins terá, então, de se resignar ao facto de, no ano em que foi publicado o seu álbum de homenagem, Shirley Inspired, sair também Joy Of Living - A Tribute to Ewan MacColl, sobreexcelente duplo CD que reúne a "crème de la crème" de várias gerações e dinastias folk (Marry e Norma Waterson, Martin e Eliza Carthy, Christy Moore, Martin Simpson, The Unthanks) com "snipers" exteriores (Paul Buchanan, Jarvis Cocker, Billy Bragg, Steve Earle), entregues às heréticas delícias da desobediência à linha dura em matéria de estética.
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28 October 2015
O marido da poetisa Silva numa arrebatadora interpretação de
"Je Ne Regrette Rien"
"Non! Rien de rien...Non! Je ne regrette rien...
... Ni le bien qu’on m’a fait...
... Ni le mal, tout ça m’est bien égal!...
... C’est payé, balayé, oublié, je me fous du passé!..
... Avec mes souvenirs j’ai allumé le feu, mes chagrins, mes plaisirs, je n’ai plus besoin d’eux!..."
Não é por nada mas o trio residente (que não se exibe assim, despudoradamente) dava uma abada a estes brits
27 October 2015
25 October 2015
Mas o D. Gonçalo Nuno Ary Portocarrero de Almada, 4.º visconde de Macieira, sacerdote secular da prelatura do Opus Dei, vice-presidente da Confederação Nacional das Associações de Família, Cerimoniário Eclesiástico da Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém e Capelão Magistral da Assembleia Portuguesa da Ordem Soberana Militar de Malta, está a par de que a Teresita era uma grande desavergonhada que se entregava despudoradamente ao totalitarismo do orgasmo?
Visions of Ecstasy - real. Nigel Wingrove (1989)
24 October 2015
Na RTP3, a Zhdanov conduz o comentário político a planos de sofisticação nunca antes sequer sonhados: "A nossa questão resume-se a isto: Eusébio e Cristiano Ronaldo"
23 October 2015
Se o marido da poetisa Silva der posse ao governo PS+BE+CDU, entrará, de imediato, para a História como o presidente mais radical e esquerdista da democracia portuguesa. Foi durante os seus mandatos que:
- foi legalizado o aborto (2007);
- foi legalizado o casamento entre pessoas do mesmo sexo (2010);
- apoiou a existência de um imposto sobre os os ricos (2011);
- deu posse ao primeiro governo de coligação de esquerda (2015).
"Um exército armado de painelistas e comentadores capturou a esfera pública e assegura a prossecução desta festa diária que em momentos críticos e de irrupção de algo novo, como é este que estamos a viver, se torna uma torrente de discursos que nos sufocam e sufocam tudo. Trata-se de um exército de elite que tem a seu cargo a acção de mortificar aquilo em que toca. (...) A espiral barroca do comentário passa também pelos politólogos. (...) Enquanto um comentador diz muito simplesmente que 'hoje não chove e por isso ainda não vamos ter governo', o politólogo diz antes: 'A chuva é, em termos kantianos, um transcendental governativo, isto é, uma condição de possibilidade de formação do governo. E como estamos em seca...'" (António Guerreiro)
22 October 2015
O gerador automático de frases à la intelectual do Largo do Rato Mickey (aka Tweedledum), para hoje, além de "O silêncio é um refúgio eticamente inabitável", propõe também:
"A cumplicidade é um gládio que nenhuma túnica oculta";
"Como afirmou Wilbur C. Notyours, a ignomínia é um licor que, uma vez bebido, tem como inevitável consequência o refluxo esofágico".
A Chongbong Band, novíssima "girls band" norte-coreana, fruto da mente privilegiada do Supremo Criador de Unicórnios & da Divina Ri Sol, de modo inesperado (ou, vendo bem, talvez não...), capitula ideologicamente perante o decadente reportório musical imperialista!
21 October 2015
"Se nos mantivermos calados em relação a Luaty Beirão, se com a nossa língua nada dissermos em defesa das injustiças por que passam os que a falam, discutir a lusofonia corre o risco de tornar-se num obsceno entretenimento de colonizadores e seus cúmplices. (...) Luaty Beirão não pode morrer. O seu heroísmo, decerto involuntário, desmascara a nossa cobardia" (Dulce Maria Cardoso)
PORQUE TEM DE SER
“Londres, a cidade que se devorou a si mesma”, escrevia-se no “Guardian” de Junho passado, denunciando o processo através do qual, bairros populares, mercados, pubs, comunidades inteiras, se vêem dizimados e expulsos pelo frenesim ávido de construção de blocos de escritórios, comércio e apartamentos de luxo, enquanto, impante de felicidade, o mayor, Boris Johnson, declarava “Londres está para os bilionários como a selva de Sumatra está para os orangotangos, é o seu habitat natural!”. Três meses antes, o grito de alerta era “Salvem-nos da visão dos empreendedores urbanos de uma Londres anti séptica!”, em uníssono com outros acerca da “morte lenta de Portobello, Covent Garden, Camden Lock e Chinatown”, ou a propósito do encerramento de um terço das pequenas livrarias de bairro. E, desde Fevereiro, o projecto “London Is Changing” (de Rebecca Ross e Duarte Carrilho da Graça), apelou ao envio, para o seu site na Internet, de testemunhos acerca do “impacto das mudanças políticas e económicas sobre a cultura e a diversidade de Londres” que seriam projectados em grandes placards digitais, no centro da cidade, em Holborn e Aldgate.
Entoadas em orgulhoso sotaque cockney, é também essa uma das preocupações das canções do quinteto folk londrino Stick In The Wheel e do álbum de estreia, From Here: “Esta música é parte da nossa cultura, assenta nas nossas raízes londrinas. Não fingimos ser limpa-chaminés ou dandies do século XVII. Tocamo-la porque tem de ser tocada. Nada temos a ver com nostalgias ou atitudes retro mas há demasiada gente completamente desligada do passado e incapaz de estabelecer uma relação entre ele e o nosso presente. Soa exactamente como desejamos: se a melhor 'take' foi gravada na cozinha, é essa que fica”. Não se conte, pois, com folk sofisticada ou “moderna” à maneira de Shirley Collins ou das Unthanks: a de Nicola Kearey e cúmplices é crua, abrasiva, "no nonsense", proletária e encardida, com a alma dos Watersons e faca punk na liga, à volta de histórias de há 500 anos e dos London riots de 2011, vozes, dobro, violino e cajon, entre cartas de prisão, o duro neo-realismo de Ewan MacColl e a assombração pagã das quatro peças – "Hasp", "By Of River", "Who Knows?" e "By Of River (Reprise)" – do devastador políptico final.
Analfabetismo e a esquerda
"Procure-se vales cavados e pinhais, contrafortes de serras, e temos povos e gentes libertas do jugo da esquerda. Isto é, alfabetizados; uma reserva de bom-senso político e de resistência ao esquerdismo"
"Procure-se vales cavados e pinhais, contrafortes de serras, e temos povos e gentes libertas do jugo da esquerda. Isto é, alfabetizados; uma reserva de bom-senso político e de resistência ao esquerdismo"
20 October 2015
Uma oportuna e patriótica proposta para levar mais longe a "marca Portugal" (sugerida na caixa de comentários deste post): a internacionalização do Emplastro, atrás de um Draghi, de um Dijsselbloem, de uma Merkel!
19 October 2015
D. Gonçalo Nuno Ary Portocarrero de Almada, 4.º visconde de Macieira, sacerdote secular da prelatura do Opus Dei, vice-presidente da Confederação Nacional das Associações de Família, Cerimoniário Eclesiástico da Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém e Capelão Magistral da Assembleia Portuguesa da Ordem Soberana Militar de Malta já começou a deixar umas pistas para as prendinhas de natal com que sonha
"A razão cristã é a lógica das bem-aventuranças, que desdenha os sofrimentos actuais na certeza dos bens futuros (...) no sofrimento também há felicidade"
Necessidades básicas
O. Toscanella - Armonia di tutti i principali retori, et migliori scrittori degli antichi, & nostri tempi, Veneza, 1565
"Uma máquina labiríntica como a retratada no Armonia di tutti i principali retori, de Orazio Toscanella, ajudava a estruturar argumentos retóricos originados a partir de toda e qualquer premissa. (...) A ideia inicial reduz-se a uma única proposição, que se divide depois em sujeito e predicado. Estes podem ser encaixados numa de várias categorias inscritas numa de quatro rodas da máquina de Toscanella" (Alberto Manguel, Uma História da Curiosidade)
A inefável criatura Zhdanov que se intitula investigadora/historiadora, deveria saber que "os trotsquistas do BE" são, afinal, um cocktail de maoístas, trotsquistas, foragidos do PCP e orlas fricolé afins
18 October 2015
17 October 2015
16 October 2015
14 October 2015
O Sarah - nominho bem trans -, alto quadro da Vaticano S.A., também acha que o Demónio anda à solta
O Sarah, vermelhusquíssimo, quiçá já ele
também possuído pelo mafarrico
também possuído pelo mafarrico
ORK
Na edição de 13 de Setembro de 1982 do “New York Magazine”, a Cinemabilia, situada no nº 10 da West 13th Street, em Nova Iorque (onde, hoje, se situa a loja de roupas vintage, Beacon’s Closet), era apresentada na qualidade de livraria dedicada ao cinema a ser obrigatoriamente visitada pelos devotos das 24 imagens por segundo – em especial, devido à enorme secção de revistas estrangeiras –, “apesar dos maus modos de quem lá trabalha”. Não é provável que, nessa altura, um dos funcionários mal encarados fosse ainda William Terry Collins, aliás, Terry Ork, cinéfilo terminal, ávido por uma boa conversa, como recorda, à “Uncut”, Glenn Mercer, dos Feelies: “Tínhamos tocado no CBGB’s e o técnico de som, Mark Abel, disse-nos que estava a pensar convidar o Terry para o nosso concerto seguinte, ele havia de gostar do nosso som. Não me lembro já muito bem como correu mas surpreendeu-nos o aspecto dele: não era vulgar aparecerem muitos barbudos de cabelo comprido na cena punk. De qualquer modo, ele era um fanático de cinema e conversámos mais sobre filmes europeus do que acerca de música”.
O objectivo desse encontro era que os Feelies gravassem para a Ork Records (fá-lo-iam mas o seu primeiro single, "Fa Ce-La", acabaria por sair, em 1978, pela Rough Trade), a indie de vão de escada de Terry Ork – financiada pelos magros proventos da Cinemabilia –, ex-assistente de Andy Warhol, na “Interview”, e esteta visionário mas com pouca queda para o negócio. Foi ele quem apresentou Tom Verlaine e o empregado da Cinemabilia, Richard Hell, ao "flatmate", Richard Lloyd, sendo, assim, responsável pela primeira formação dos Television de que a Ork editaria o registo de estreia, "Little Johnny Jewel". Gravaria também o EP de Alex Chilton “Singer Not the Song”, Chris Stamey e Peter Holsapple pré-dB’s, Lester Bangs (sim, esse mesmo), Mick Farren, Marbles, e meia dúzia de outras magníficas obscuridades. “Era uma atmosfera muito boémia”, conta, agora, Stamey, “muito Rive Gauche, Rimbaud e Nerval andavam no ar”. Previsivelmente, durou só até 1979. Terry Ork, sob o nome de Noah Ford, escreveria ainda para revistas de arte, passaria três anos na prisão por fraudes várias e morreria de cancro em 2004. A caixa de 2 CD e 49 faixas, Ork Records: New York, New York, repõe a lenda em circulação.
13 October 2015
Agora, a Weltbild já pode distribuir a "Playboy" às claras e os funcionários da Vaticano S.A. escusam de a esconder por entre as páginas do "Osservatore Romano"
12 October 2015
Outro inesquecível momento
da língua portuguesa
... e, agora, falta apenas saber quem, algo shakespeareanamente (versão Grupo Dramático
e Recreativo "Os Janotas da Ramboia"), crava o punhal afiado entre as omoplatas de quem...
e Recreativo "Os Janotas da Ramboia"), crava o punhal afiado entre as omoplatas de quem...
11 October 2015
... era só para recordar que, quando se fala de "esquerda" e "direita" no PS (e nos outros), não se trata, realmente, de diferenças ideológicas - ideo... quê? - mas apenas de rixas de gangs e respectivos capifamiglia
10 October 2015
Quais pontes?
"The Romanian minister of Transport visits his counterpart in Russia. He is surprised to see the luxurious house and his rich lifestyle, much more than one would expect for a party member of his rank.
- How do you manage? he asks.
The Russian minister takes him to the window and asks:
- Do you see that bridge over there?
- Yes.
- Well, that bridge cost one hundred million rubles. And from such a large sum a little bit comes my way…
A few years later the Russian minister returns the visit. The Romanian minister has an even more lavish lifestyle. The Russian asks:
- How do you manage?
- You see that bridge over there?
- What bridge?
- Well, that bridge too cost one hundred million lei"
O moderno totalitarismo do orgasmo começou há 82 anos (e volta a ser o pasquim direitolas online a desinquietar-nos com estas badalhoquices...)
08 October 2015
"Como em todos os actos de natureza celebratória houve instantes de cedência a um impulso encantatório insuficientemente confirmado pela realidade. Mau grado isso viveu-se um momento de indiscutível pregnância do espírito europeu" (do Intelectual do Largo do Rato Mickey, também bengalinha da Potiche)
07 October 2015
GUERRILHA
A forma desleixada e irresponsável (quando não deliberadamente manipuladora) como demasiados media lidam com a informação foi escancaradamente exposta em Fevereiro de 1988 quando os Negativland – colectivo de guerrilha sonora de S. Francisco dedicado ao “culture jamming”, isto é, ao esventramento público dos processos através dos quais as supostas “verdade” e “realidade” nos são, diariamente, servidas ao domicílio – montaram a astuciosa armadilha-“David Brom”: apostando tudo no preconceito que, convictamente, garante existir uma relação directa entre os textos de canções rock e a delinquência e o crime, alegaram como motivo para o cancelamento da digressão da banda as pressões sobre ela exercidas por um (fictício) “agente federal Dick Jordan”. Motivo? O jovem David Brom, acusado do massacre da família inteira, no Minnesota, teria, segundo o imaginário "plot", cometido o sanguinário crime após a escuta de "Christianity Is Stupid", faixa do álbum de 1987 dos Negativland, Escape From Noise.
A “notícia”, rapidamente convertida em “facto” granítico, saltaria do “San Francisco Chronicle” para a “Rolling Stone” e o “Village Voice”, a ponto de, no momento em que, meses mais tarde, numa entrevista à CBS, a banda procurou desmontar o embuste, o seu depoimento foi ignorado, restando-lhe a solução de o relatar no álbum seguinte, Helter Stupid. Tinha funcionado bem demais o “culture jamming” – inspirado pelo "détournement" Situacionista –, conceito e prática criados, em 1984, pelo membro da banda, Don Joyce, que o transportaria para a rádio, durante 34 anos, no programa de colagens sonoras, “Over The Edge” (também matriz de “It’s All In Your Head FM”, exercício de militância ateia e performance de palco dos Negativland, convertida em álbum de 2006). Terminado em Julho passado em consequência da morte de Joyce, aos oito volumes de “Over the Edge” publicados sob o nome dos Negativland, somam-se, porém, agora, no Internet Archive, mais de 700 episódios e 5000 horas da emissão que, todas as quintas feiras, a KPFA 94.1 FM, de Berkeley, difundiu, precioso contributo para a desocultação do “menu mediático de ilusões de que nos alimentamos” e dos “duvidosos processos de canibalização que passam por ser informação”.
Love Letters From Craig
(Stripteasy/Sleazy Listening)
"Love Letters from Craig, a piece by Cartelle Interactive Arts, opens this lurid and unsettling world of virtual sweet nothing to 18+ viewers who dare to enter the site past it's early 2000-style entry page. Inside Love Letter from Craig is a synthesized voice rendering of random Craiglist casual encounters, to the backdrop of various cascading objects such as: a severed breast, lipstick, bananas, and pills. The voice — a sultry combination of that robot from I, Robot and whoever voices Tom Tom GPS navigation systems — captures even the dirtiest and thirstiest ads with a sense of dignity. At the very least, I know I'll never hear the words 'creamy load' and 'dominant man cock' delivered with such restraint" (aqui; + aqui)
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