31 October 2022
30 October 2022
29 October 2022
INVENTAR UNIVERSOS
Era 4 de Agosto de 2021 e, no Odeão de Herodes Ático – um teatro construído em 161 EC, na vertente sul da Acrópole de Atenas –, a temperatura subia até aos 45º enquanto, nos subúrbios da cidade, fogos florestais devastavam tudo em volta. “Aqui estamos nós no lugar do nascimento da civilização ocidental, e a ser, provavelmente, testemunhas do seu fim”, diria Brian Eno, de um palco coberto de cinzas, ao público que fora assistir ao concerto que ele, o irmão Roger, a sobrinha Cecily, Leo Abrahams e Peter Chilvers apresentavam no Festival de Epidauro. Seria nesse mesmo local que filmaria o video de "There Were Bells" (“There were horns as loud as war that tore apart the sky, there were storms and floods of blood of human life, never mind, my love, let's wait for the dawn, fly back to tell us there is a haven showing night”), primeira faixa publicada de ForeverAndEverNoMore, successor de Reflection (2017) e, desde Another Day On Earth (2005), o primeiro album em que Brian Eno oferece o seu transparente timbre de barítono quase salmodiado à ondulação sonora sobre que se erguem as canções: “A minha voz transformou-se, ficou mais grave, tornou-se numa outra personalidade a partir da qual posso cantar. Não desejo cantar como um adolescente. Posso ser melancólico, triste... No que respeita a ter voltado a escrever canções – continuam a ser, essencialmente, paisagens mas, desta vez, com humanos dentro. Gosto de criar mundos, é o que, enquanto artista, faço, inventar universos sonoros. Agora, após uma prolongada ausência de humanos nesses mundos, tentei que voltassem a habitá-los e procurei avaliar como se sentem nos mundos que criei”. (daqui; segue para aqui)
28 October 2022
27 October 2022
26 October 2022
25 October 2022
After years of fearlessly leading Wuhan’s punk scene — both with SMZB and through his Wuhan Prison bar — Wu Wei recently relocated to Europe. He’s settled down, has started a family, and by the looks of that picture is enjoying life. So has he shed his political skin? Of course not.
"The Whistle Blowing in the Sky"
There are politically-charged moments here for those looking for them. But beyond this there are also honest, wry reflections on missing home (and eating reganmian, the classic Wuhan noodle dish, on the Atlantic coast), adapting to life in a new country and becoming a father. Wu’s unvarnished vocals won’t be for everyone, but to some ears his delivery, with every jerked syllable, only serves to add more emotional weight to his lyrics.
While he hasn’t gone full-on fado, the largely pared back album does reflect Wu’s new surroundings, sometimes intimately: at one point we hear a baby’s cries and gurgles. But even with a sparser sound and a number of stark ballads, The Man on the Atlantic Coast is still characterised by Wu Wei’s punk spirit. The short burst of ‘Obrigado’, for example, isn’t going to win any awards for its lyrical litheness (Wu just repeats the one word throughout), but there’s little denying its energy, with Wu attacking the strings with a folk punk intensity. If you’re not familiar with Wuhan’s punk scene, this isn’t the record to start with. Start here and listen to Nathanel Amar on the subject instead. But if you’re a fan of SMZB or are interested in what happens to an “old punk” attempting a new beginning far from home while remaining concerned at what they’ve left behind, The Man on the Atlantic Coast is worth a listen". (daqui com a colaboração do correspondente do PdC em Pequim)
“Os 125 euros não podem ser gastos em whisky, tabaco e drogas (* intrigante, porém, a ausência de "mulheres"/"freiras"/"homens" na listinha...)
24 October 2022
A FABULOSA BESTA
Horas antes de subir ao palco do Coliseu de Lisboa, no qual, em 1993, se apresentaria pela primeira vez em Portugal, no bar do hotel onde ficara instalada, Marianne Faithfull recordava os primeiros passos, em meados dos anos 60, de modo muito pouco nostálgico: “Nessa altura, eu tinha um tremendo desprezo pela música pop. Quando jovem, artisticamente, era uma enorme snob. Queria ser actriz, tinha uma excelente voz que me fazia pensar numa carreira na ópera, queria dedicar-me a qualquer coisa séria. E, não sei muito bem como, acabei por ser desviada (de certo modo, por engano) para a pop. Agora, sinto-me muito satisfeita e reconhecida por isso. Mas, na altura, o que cantava parecia-me puro lixo. Em certa medida, foi só quando comecei a entender o Andy Warhol que realmente compreendi que a pop também era arte. Até aí, não passava de matéria descartável, pronta para usar e deitar fora”. (daqui; segue para aqui)
23 October 2022
Habituemo-nos àquilo a que nunca nos deveríamos habituar
"A guerra da Ucrânia vai-se agravar em termos militares, em termos de destruição, em termos de mortes civis. A guerra da Ucrânia não tem solução negociada. A guerra da Ucrânia vai-se alastrar em termos geográficos e nacionais. A guerra da Ucrânia vai chegar ao limiar de um conflito nuclear, não penso que o ultrapasse. Para já. Quem não compreende isto não se prepara como deve. Nenhuma previsão realista pode deixar de ter em conta estas circunstâncias: estamos em guerra com todas as consequências económicas, sociais, militares e políticas. Não é uma questão de a desejarmos, é um facto. As acusações de belicosidade só podem ter um destinatário, Putin, e, quando não têm e misturam tudo, são pura hipocrisia.
Acho, apesar de tudo, que vários governos democráticos, incluindo o português, já o perceberam. Podem não ter tirado ainda todas as consequências, mas sabem que vamos conhecer anos, senão décadas, marcados pela guerra da Ucrânia, seja 'a quente' seja 'a frio'. Deixo de parte os aliados objectivos de Putin, quer na direita, quer na esquerda que, mesmo com um palavreado sobre a 'paz', a última coisa que desejam é que a Rússia perca a guerra que provocou. (...)
A afirmação de que esta guerra não tem solução negociada é talvez a mais controversa e a que precisa de explicação. Em bom rigor, penso que nunca a teve, mas agora é mais evidente que não tem, desde que a Rússia anexou os territórios ucranianos na federação. Este é um ponto sem retorno, porque a partir da anexação não é possível haver uma paz que não seja a rendição da Ucrânia com perda do seu território nacional. Por outro lado, Putin nunca pode recuar nessa incorporação imperial, sem admitir que perdeu a guerra e que as reivindicações territoriais russas na Ucrânia, incluindo a Crimeia, na Geórgia, na Moldova, são ocupações por uma potência estrangeira. Se a paz já era difícil, depois das anexações é impossível. Quem continua a falar de 'paz', assobiando para o lado depois dos referendos fantoches e da formalização da anexação pela Federação Russa num simulacro de legalidade, de novo quer apenas a rendição da Ucrânia (...)" (JPP)
22 October 2022
21 October 2022
20 October 2022
Edit (15:47) - ... afinal, no que realmente importa, está tudo bem
19 October 2022
18 October 2022
17 October 2022
16 October 2022
15 October 2022
14 October 2022
13 October 2022
Edit (15:37) - mas as "virtudes heróicas" da velha bruxa facha asseguram-lhe uma gloriosa carreira post mortem
11 October 2022
10 October 2022
09 October 2022
08 October 2022
Edit (09/10/2022) - "‘Someone will fall victim’: insiders reveal elite anguish as Russia’s war falters"