26 October 2022


(sequência daqui) É, praticamente, essa mesma extensão de vida que Songs of Innocence and Experience 1965 – 1995 cobre: os 30 anos dos dois primeiros actos da carreira de Marianne Evelyn Faithful, baronesa Erisso Von Sacher-Masoch. No primeiro, gravou 6 álbuns de refinado ecletismo pop/folk/ country – Bacharach, Beatles, Rolling Stones, Phil Ochs, Dylan, Tom Paxton, Bert Jansch, Ewan MacColl, Serge Gainsbourg, Donovan, Tim Hardin, Waylon Jennings – que, no entanto, nunca a satisfizeram: “A minha ‘primeira voz’ não era a verdadeira, tinha uma voz muito melhor do que isso. Era mezzo-soprano, tinha tido uma educação musical clássica e, quando comecei a gravar, não me deixaram usá-la. O que se ouvia era falso”. Seria apenas após a descida "junkie" aos infernos que, com o avassalador Broken English (1979) – “Foi muito difícil mas fi-lo. Era o resultado de tanta frustração, ressentimento e fúria que tinha de ser mesmo assim. Na altura, estava convencida de que iria ser a última coisa que faria” –, as comportas se abririam e Marianne, a partir de Strange Weather (1987) e A Secret Life (1995) caminharia, de mãos dadas, com a nata pop/rock. Com preciosos 22 inéditos em edição vinil e 9 no duplo CD, Songs of Innocence and Experience detem-se naquele propósito que, há 10 anos, Marianne descrevia ao “Guardian”: “Nestes últimos anos, o meu objectivo tem sido o de encontrar alguma harmonia entre mim e Marianne Faithfull. Era ela que utilizava drogas e bebia, era ela dentro da minha cabeça. Ela, a Fabulosa Besta, como eu lhe chamo. Não posso dar-lhe ouvidos, tenho de ter sempre muito cuidado”.

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