31 January 2013

Tó vs Tó (VI)



"Tó, pá, tem de ser mesmo até dia 10, pá, Tó... sobrepôr um Carnaval a outro não dá, Tó, pá..."

"Tó, pá... Tó, opá... pá, Tó... opá, Tó... pronto, pá, Tó... ... já chega de debate ideológico. O que é que o gajo, pá, Tó, diz, lá de Paris, Tó, pá?... Ah... ... ... Ok... ... tasse, Tó, pá... ... ... vai uma bejeca, pá, Tó?..." (tradução, na edição em papel do "Público" de hoje: "Ó Costa, não fomos almoçar por iniciativa minha? Ó Assis, não te convidei para integrar o secretariado? Ó Silva Pereira, não te pedi para seres tu a fazer a intervenção em nome do PS na primeira moção de censura ao governo?")

30 January 2013


"Tó, pá... Tó, opá... pá, Tó... opá, Tó... pronto, pá, Tó... ... já chega de debate ideológico. O que é que o gajo, pá, Tó, diz, lá de Paris, Tó, pá?... Ah... ... ... Ok... ... tasse, Tó, pá... ... ... vai uma bejeca, pá, Tó?..."
OITO (+ QUATRO) ACHAS PARA A FOGUEIRA (XIV)

+ 6 para outra fogueira (II)
  
Jordi Savall/Hesperion XX - Llibre Vermell de Montserrat


"Tó, pá... Tó, opá... pá, Tó... opá, Tó... pronto, pá, Tó... ... já chega de debate ideológico. O que é que o gajo, pá, Tó, diz, lá de Paris, Tó, pá?... Ah... ... ... Ok... ... tasse, Tó, pá"

29 January 2013


"Tó, pá... Tó, opá... pá, Tó... opá, Tó... pronto, pá, Tó... ... chega de debate ideológico. O que é que o gajo, pá, Tó, diz, lá de Paris, Tó, pá?..."
NÃO ADORMEÇA; SE NÃO TIVER UM PORTÁTIL, NÃO SAIA DE CASA; SE ESTIVER EM CASA, COZINHE, COMA, LAVE-SE A OLHAR PARA O MONITOR OU MANTENHA ALGUÉM, DE VIGILÂNCIA, JUNTO DELE; ACAMPE NA SUA CONTA DE EMAIL!

CADA TIRO, CADA MELRO


Ouvir o Relvas, sim, o Relvas, esse mesmo, O RELVAS, incluir numa frase as palavras "estudámos muito" já chegava para encher de alegria qualquer coração. Mas a generosidade do brinde - "uma RTP que não seja um fundo sem poço" - chega a ser comovente. (ouvir mesmo porque a versão em texto é... simpática)

Graça Moura condenado a cinco anos de prisão suspensa


28 January 2013

OITO (+ QUATRO) ACHAS PARA A FOGUEIRA (XIII)

+ 6 para outra fogueira (I)
  


Uma das peças incluídas em versão de The New London Consort dirigido por Philip Pickett
EU QUERO MUITO, MUITO, MUITO QUE ISTO SEJA VERDADE! (II)
TARANTINO! TARANTINO, CARAÇAS!



(não fora o Arménio o simplório intelectual que, realmente é, e, duplicando a "ofensa", teria respondido: "Vão desculpar-me mas não perco tempo com paneleirices linguísticas politicamente correctas!"... entretanto, chovem louvores e pingam lágrimas sobre a morte de um porco assassino colonial-fascista)
... ROÍDINHOS DE SAUDADES DOS
BONS VELHOS TEMPOS
 
Relvas está para Seara como Mesquita está para Seguro (matemática de latrina)

... já agora, por falar em latrina...
O grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL), Fernando Lima, diz (no "Público" de hoje, edição em papel) que, após o escândalo de 2011, dos Silva Carvalho, Nuno Vasconcellos et alia, "a frequência das lojas, e inclusive a aderência de elementos, foi significativa, maior do que se poderia esperar após esta situação". É extraordinário como continua a haver quem ainda não compreenda os efeitos positivos de uma estratégia de marketing bem orientada. Muito em particular, se o "target" estiver mais do que disponível para aderir ao produto. 

27 January 2013



Nota: não esquecer os equivalentes sábios lusos no mesmo ramo de actividade
A Vaticano S.A., de certeza, está de acordo
D'après Alexander Ivanov - Noli Me Tangere (in História da Arte Brejeira)
VINTAGE (CXVIII) 

Aimee Mann - "Video"
 


Tell me why I feel so bad, honey
TV's flat and nothing is funny
I get sad and stuck in a cone of silence
Like a big balloon with nothing for ballast
Labeled like a bottle for Alice
Drink me or I'll drown in a sea of giants

And tell me, "Baby, baby, I love you
It's nonstop memories of you
It's like a video of you playing
It's all loops of seven-hour kisses
Cut with a couple near-misses
Back to the scene of the actor saying:
'Tell me, baby, baby – why do I feel so bad?'"

Tell me why I feel so bad, honey
Fighting left me plenty of money
But didn't keep the promise of memory lapses
Like a building that's been slated for blasting
I'm the proof that nothing is lasting
Counting to eleven as it collapses

And tell me, "Baby, baby, I love you
It's nonstop memories of you
It's like a video of you playing
It's all loops of seven-hour kisses
Cut with a couple near-misses
Back to the scene of the actor saying:
'Tell me, baby, baby – why do I feel so bad?'"

Baby, baby, I love you
VINTAGE (CXVII) 

Paul Simon - "The Boxer"

OITO (+ QUATRO) ACHAS PARA A FOGUEIRA (XII)

+ 4 (IV)

The National - Boxer

25 January 2013
















RETURN OF THE RAT(S)



You better watch out
You better beware
They're coming from all sides of the country
You better beware

 
Return of the rat 
No, no, no, no!

You better confess
You had better confess
You started the mess and seen them do it
better confess


Return of the rat...
CAUSA E CONSEQUÊNCIA? 
(tanto pode ler-se de baixo para cima 
como de cima para baixo)

OITO (+ QUATRO) ACHAS PARA A FOGUEIRA (XI)

+ 4 (III)

Bob Dylan – Highway 61 Revisited
 
MÃO-DE-OBRA À BORLA, UM SONHO HÚMIDO DOS PROFISSIONAIS DA INUTILIDADE

... poupava-se uns trocos e, assim, já era mais fácil...

("DN")
DEUSNOSSENHOR NÃO GOSTA DE ENGENHEIROS; SIGAM TEOLOGIA! (ou, se tiverem uma cunha na aventalagem, arquitectura)

24 January 2013


The Damned - "In Dulce Decorum"

Londres, Reino Unido, 2011 (Schoony)


Bent double, like old beggars under sacks,
Knock-kneed, coughing like hags, we cursed through sludge,
Till on the haunting flares we turned our backs,
And towards our distant rest began to trudge.
Men marched asleep. Many had lost their boots,
But limped on, blood-shod. All went lame, all blind; D
runk with fatigue; deaf even to the hoots
Of gas-shells dropping softly behind.

Gas! GAS! Quick, boys! — An ecstasy of fumbling
Fitting the clumsy helmets just in time,
But someone still was yelling out and stumbling
And flound'ring like a man in fire or lime
Dim through the misty panes and thick green light,
As under a green sea, I saw him drowning.
In all my dreams before my helpless sight
He plunges at me, guttering, choking, drowning.
 
If in some smothering dreams, you too could pace
Behind the wagon that we flung him in,
And watch the white eyes writhing in his face,
His hanging face, like a devil's sick of sin,
If you could hear, at every jolt, the blood
Come gargling from the froth-corrupted lungs
Bitter as the cud
Of vile, incurable sores on innocent tongues,
My friend, you would not tell with such high zest
To children ardent for some desperate glory,
The old Lie: Dulce et decorum est Pro patria mori.
(Wilfred Owen)
E COMO IRÁ O POBRE ESTUDANTE DE SCIENCES PÔ, NA SUA ROMÂNTICA MANSARDA PARISIENSE, PAGAR O EMPRÉSTIMO? (abertura de conta solidária, já!)









("CM")
 
... e, agora, o twist melodramático: apesar da "s€paração s€ntim€ntal € fisica d€ há vários anos"... passem-me um kleenex... caraças!... isto é muita lindo!... (Mulas, parte whatever)


+





E AINDA OUTRA "FABULOSA AMY MARTIN" (aka o heteronímico Mulas)

NÓS SABEMOS PARA ONDE VAMOS!

23 January 2013


EU QUERO MUITO, MUITO, MUITO QUE ISTO SEJA VERDADE! (I)

Segundo o melhor amigo do homem (o Google), a Amy Martin é assim

(até agora, o melhor período das últimas décadas, para os fãs do fake: Autur Baptista da Silva, Mulas, exposição Elmyr de Hory... Wow!)

Edit: ... e, depois do Guttenberg, a Alemanha, com Anette Schavan, mantém-se na luta pelo primeiro lugar ameaçado pelo húngaro Pál Schmitt e pelo "duo - dinâmico" da lusa pátria..
THE NATIONAL | ALL TOMORROW'S PARTIES

"Lola"


"Sullivan" 


"I Need My Girl" 


"Prime"
TALVEZ VOLTAR A CONTRATAR O FIGO, NÃO? (ou o eterno retorno do morto-vivo)


Lawrence Arabia - "The Listening Times"  
(sequência daqui)
 

22 January 2013

... não é preciso ser vidente para perceber que, um dia, isto vai atravessar a(s) fronteira(s)... (II)
O ESTADO TEM DE PAGAR? COM O DINHEIRO DOS CONTRIBUINTES???!!!...
A MARGARIDA MOREIRA QUE PAGUE!














(se souber assinar o cheque sem demasiados erros ortográficos)
Devemos sempre seguir os bons exemplos até pelas óptimas consequências que podem ter
... não é preciso ser vidente para perceber que, um dia, isto vai atravessar a fronteira... (I)
O "AJUSTAMENTO" ASSUME AS MAIS VARIADAS FORMAS E O CDS TEM ENORME EXPERIÊNCIA EM "AJUSTAR-SE"
"Behind a disguised offshore company structure, the church's international portfolio has been built up over the years, using cash originally handed over by Mussolini in return for papal recognition of the Italian fascist regime in 1929" (texto integral aqui)

VINTAGE (CXVI) 

Van Der Graaf Generator - "Refugees"

21 January 2013

... como a "motivação e a identificação pessoal com os objectivos organizacionais" devem, por esta altura, ser imensas, será por aí que tudo, de certeza, se resolve...
O SEGREDO



Lawrence Arabia - The Sparrow

T. E. Lawrence, alias, Lawrence da Arábia – arqueólogo, herói militar, espião, diplomata e escritor britânico –, após uma vida trepidante e aventurosa, quando, em 1935, no Dorset, se dirigia de mota a uma estação de correios para enviar uma encomenda de livros a um amigo, morreria, vítima de queda, ao procurar evitar o embate com dois ciclistas. Lawrence Arabia, aliás, James Milne –, músico e "songwriter" neozelandês – no terceiro álbum, The Sparrow, intitula um dos nove temas "Bicycle Riding" mas, antes de acedermos a ele, no "booklet", deveremos tropeçar no pequeno conto homónimo do disco (antecedido pela qualificação “Honorary Bedouin”) que faz as vezes dos proverbiais textos das canções, ficha técnica e "liner notes": a narrativa da alucinação do jovem Henry Fredericks, patologicamente hipersensível à textura dos tecidos, à própria anatomia e ao obsessivo piar de um pardal, contada a um amigo alfaiate, depois de uma noite a deambular de bicicleta.


Como começará a suspeitar-se, Milne obedece a raras convenções: afirma-se discípulo de Scott Walker e Gainsbourg mas, logo nas primeiras apresentações, "Travelling Shoes" dá-se ares de "Stand By Me" cantado por David Byrne a pensar em "Femme Fatale" e, pouco depois, "The Listening Times" coloca a hipótese de Syd Barrett ter sido mais parcimonioso na dieta de LSD e ter-se transformado em Burt Bacharach, enquanto, três faixas adiante, em "Early Kneecappings", reconhecemos o velho "Walrus" (a silhueta de Lennon já tinha sido avistada antes) prestes a trepar pelo crescendo orquestral de "A Day In The Life". Considere-se ainda o "lounge" em decomposição de "Dessau Rag" ou a pop de câmara orquestralmente desviante de "Legends" e descobriremos, por fim, o segredo: Milne é Kevin Ayers refugiado num filme de Wes Anderson.
ONDE SE DEMONSTRA QUE UM CV JEITOSO NÃO É NENHUMA GARANTIA DE IMUNIDADE QUANTO AO IMPEDIMENTO DE ENXERGAR O ÓBVIO MESMO QUE ELE NOS PERFURE AS ÓRBITAS (e, adicionalmente, que a antiga 4ª classe, afinal, não era lá grande coisa)
 
"O problema é que os modelos de previsão funcionam como se estivéssemos numa situação normal. Quando um país está numa situação de crise como a nossa, há medidas que têm um impacto muito maior do que teriam noutro cenário. Pensou-se que, uma vez tomadas medidas fortes de consolidação orçamental, isso restauraria a confiança na economia e haveria financiamento e investimento. Isso não aconteceu e o impacto das medidas foi maior. (...) Um dos problemas que ficaram muito claros da discussão dos multiplicadores orçamentais é que eles variam completamente de país para país e consoante a situação conjuntural da economia". (Teodora Cardoso, presidente do Conselho das Finanças Públicas, no "Público", edição em papel)
OITO (+ QUATRO) ACHAS PARA A FOGUEIRA (X)

+ 4 (II)

Richard & Linda Thompson – I Want To See The Bright Lights Tonight


19 January 2013

A MÚMIA DE BOLIQUEIME & ESPOSA TRAVAM CONHECIMENTO COM O NOVO VIBRADOR DE FABRICO NACIONAL




 

Joseph Boulogne le Chevalier de St. Georges, Le Mozart Noir: Reviving A Legend (1, 2, 3, 4, 5, 6)

VINTAGE (CXV) 

The Go-Betweens - "He Lives My Life"

(daqui)
O MULAS E O HOLLANDE TAMBÉM VÊM? 

A CONSTATAÇÃO DO ÓBVIO

Quer dizer repulsivamente "mal vistos", evidentemente

... e os resultados podem ser surpreendentes...

("Expresso" de hoje)

17 January 2013


E ALI, A DOIS PASSINHOS DO ESTUDANTE DE SCIENCES PÔ QUE DEVIA ESTAR A OUVIR TUDO, O HOLLANDE DEU AINDA OUTRO DESGOSTO AO TOZÉ

ESTE TIPO REALMENTE NÃO DORME E ISSO PROVOCA-LHE PROBLEMAS DE MÚLTIPLA PERSONALIDADE 



"I'm a man without conviction, 
I'm a man who doesn't know 
How to sell a contradiction. 
You come and go, you come and go. 
Karma karma karma karma karma chameleon, 
You come and go, you come and go"

(... por outro lado, multiplicam-se os casos de Alzheimer, uns mais precoces, outros nem por isso)
TOZÉ, PÁ, SÓ TE SAEM DUQUES...

OITO (+ QUATRO) ACHAS PARA A FOGUEIRA (VIII)



Glenn Branca - The Ascension

Num polo, estão os 4’33”, de John Cage. Em gesto de radical minimalismo zen, a acção era substituída pela imobilidade e a composição pela total disponibilidade para a escuta: o mundo é uma inesgotável fonte de acontecimentos sonoros e, se esvaziarmos o ouvido de tudo quanto esperamos que “a música” lhe ofereça, poderemos reconfigurar todo o nosso sistema de percepção, tornando-o capaz de apreender e organizar a esfera acústica em seu redor – as vozes, a cidade, a natureza, o “ruído”, a própria velha “música” – de acordo com os padrões que, em cada instante, cada aparelho auditivo decida instituir como critério de selecção para o seu reportório privado. O silêncio, claro, não existe, mas a ideia que dele fazemos é o atractor ideal de tudo o que, agora, aqui, ali, produz um som a que atribuiremos (ou não) sentido.

No polo oposto, 29 anos depois, Glenn Branca bloqueava toda e qualquer possibilidade de dirigirmos a atenção para outro lado que não a enxurrada eléctrica de quatro guitarras, baixo e bateria, numa violenta operação de extermínio da mais ínfima possibilidade de silêncio conduzida até ao último interstício da série harmónica, tão minimal quanto a de Cage (o massacre de cada acorde, triturado com o volume no vermelho, só é abandonado quando definitivamente esgotadas todas as hipóteses de o transportar de um paroxismo para o seguinte e mais além), mas opondo o excesso à ascese, o espasmo à contemplação, a grande muralha ao jardim de pedras. À época, Rhys Chatham navegava por idênticos oceanos e a posterior descendência – Sonic Youth, antes de todos, mas também Hüsker Dü, Godspeed You!Black Emperor, A Silver Mount Zion ou, em registo pop, Jesus & Mary Chain – aplicou-se na tradução, em diversas variantes, do texto do apocalipse original. Mas, tal como 5’44” de silêncio nunca seriam iguais ou melhores do que 4’33”, nada nem ninguém voltaria sequer a abeirar-se da intensidade do tremendo abalo que, em 1981, numa perfeita simetria com o Cage de 1952, The Ascension provocou.

16 January 2013

Mulas undercover
SALTOS DE PRANCHA 
















O Experimentar - 2: Sagrado e Profano

Para quem leva religiosamente a sério as proverbiais listas e balanços de fim de ano (que fique assente, de uma vez por todas: nunca são organizadas de ânimo leve mas, se em vez de terem ficado definitivamente estabelecidas numa sexta-feira à tarde, sob temperatura de 14ºC, isso tivesse acontecido noutro dia e a outras horas e temperatura, é assaz provável que não fossem exactamente iguais), convém dizer já que, se 2: Sagrado e Profano não constou da que, no que à música portuguesa diz respeito, poderia, facilmente, tê-lo sido. Tal como – e uma vez que de deambulações pelos trilhos das músicas tradicionais se trata – os volumes 2 e 3 das “diversões” das Unthanks, The Unthanks With Brighouse And Rastrick Brass Band e Songs From The Shipyards (desgraçadamente não distribuídos por cá), não precisariam de qualquer tipo de lobbying para assegurar lugar na lista internacional. Não porque qualquer deles necessitasse, verdadeiramente, de tal legitimação.


2: Sagrado e Profano, em particular, segunda encarnação do que, antes, se designava por O Experimentar Na M'Incomoda, é uma magnífica descendência do que a Banda do Casaco, Chuchurumel, Gaiteiros de Lisboa, Amélia Muge, Campanula Herminii e, muito em especial, a Sétima Legião de O Sexto Sentido (para referências exteriores, procurar em Hedningarna, Transglobal Underground ou Loop Guru), foram inventando tomando a tradição popular como potente prancha de salto. No caso, a da música dos Açores, partindo de matéria-prima sonora previamente recolhida e, entre Copenhaga, Lisboa e o Faial, transfigurada por Pedro Lucas e cúmplices (Carlos Medeiros, Zeca Medeiros, Pedro Gaspar, Miguel Machete, Nicolaj Høj) em algo de, simultaneamente, arcaico e contemporâneo, local e fulgurantemente global. 
... é a rata?...
NESTES ÚLTIMOS DIAS, O MULAS, COITADO, NEM TEM CONSEGUIDO PREGAR OLHO...

OS GRANDES AMIGOS SÃO AQUELES QUE NOS PROPORCIONAM FÉRIAS INESQUECÍVEIS

GLORY, GLORY, HALLEJUAH! O LUÍS
(SIM, O LUÍS!) VOLTOU!!!...

PRATICAMENTE SHAKESPEARE 

Leitura recomendada na conferência 


* e que poderá ser reproduzida pelos jornalistas

14 January 2013

 
OITO (+ QUATRO) ACHAS PARA A FOGUEIRA (VII)



Leonard Cohen - Songs Of Love And Hate

Se houve um momento em que ninguém duvidou que o formato da canção, tal como a segunda metade do século XX a conheceu, não era, de todo, incompatível com o texto literário poético, muito mais do que no caso de Bob Dylan, isso aconteceu na totalidade da obra de Leonard Cohen e, em particular, no devastador Songs Of Love And Hate. Não porque, aqui, Cohen se tenha aproximado da palavra e da melodia de forma diferente do que já fizera ou viria a fazer. Como sempre, o que o leva a mover-se é “a intoxicação pelo amor, a ideia de me render como um ébrio perante esse mistério, como no êxtase de Santa Teresa. Todos esses processos – cristãos, islâmicos, sufis, judaicos, tântricos – de união com Deus que passam por uma metáfora sexual, por uma embriaguês com o ser amado”. Mas nunca como desta vez, tais passos seriam dados tão à beira do abismo (“And we read from pleasant Bibles that are bound in blood and skin that the wilderness is gathering all its children back again”), tão próximo do desespero final que o esgar que nos olha da capa mal disfarça (“Now Santa Claus comes forward, that's a razor in his mit; and he puts on his dark glasses and he shows you where to hit”), tão sufocadamente aflito perante a perda e o fim de tudo (“There are no letters in the mailbox and there are no grapes upon the vine, and there are no chocolates in the boxes anymore, and there are no diamonds in the mine”). Abraçado à sumptuosa decadência desenhada pelas orquestrações de Paul Buckmaster, resta apenas o êxtase material (“here, right here, between the birthmark and the stain, between the ocean and your open vein, between the snowman and the rain, once again, love calls you by your name”) e o fogo que derrete o gelo de uma Joan Of Arc chamada Nico.
Um século e tal depois, por fim, tudo se esclarece: socialismo é assinar a petição em defesa do Zico
NO "PÚBLICO" DE HOJE, A DEFESA DA CHACINA COMO TÁCTICA MILITAR LEGÍTIMA E EFICAZ (sequência daqui)

“Não tenho qualquer dúvida que o relatório aludido é verdadeiro e que o caso relatado não foi o único que ocorreu. Isto é, não foi a única vez que se cortaram cabeças aos bandidos que nos retalharam a carne e os haveres. (…) Quero acrescentar, para eventual escândalo de muitos que, apesar do horror da cena, ela se justificou. (…)” (João Brandão Ferreira, herói da pátria, oh quão injustamente punido por, enquanto adido militar na Guiné-Bissau, ter ido passar o fim-de-semana ao Senegal)

13 January 2013

LES ISILDAS FRANÇAISES DES PETITES VACHES ET DES PETITS BOEUFS SE PROMÈNENT À PARIS



... o que combina muito bem com esta animada performance junto à sede da Vaticano S.A.:

POR CADA ELMYR DE HORY MORTO, MIL BAPTISTAS DA SILVA SE LEVANTARÃO!

Modigliani por Elmyr de Hory
E A FORÇA DO PC É, REALMENTE, GRANDE

Miguel Relvas, Dias Loureiro, José Luís Arnaut e Paulo Maluf
na passagem de ano, no Rio de Janeiro
UMA COISA NÃO COSTUMA EXCLUIR NECESSARIAMENTE A OUTRA (I)

ESTE ACHA QUE A HIPÓTESE 1 É A CERTA (continuo a votar na 2 ou na 3... e, por falar nisso, isto tudo não era por causa de 4 mil milhões?)

12 January 2013

ESTUDO DE MERCADO E PLANO DE NEGÓCIOS DA VATICANO S.A. REALIZADO POR UM QUADRO MENOR DA EMPRESA (mas que também reflecte as preocupações do CEO)
ASSIM SE VÊ A FORÇA DO PC! (isto, em português corrente, quer dizer o quê?)
NUNCA ESQUEÇAMOS QUANTO DEVEMOS AO MULAS DA MESMA INTERNACIONAL SOCIALISTA DO MUBARAK, DO BEN ALI, DO ESTUDANTE DE SCIENCES PÔ E DO TOZÉ!



... não esquecendo outros "bons amigos" (e brilhantes dias se anunciam!).
ALGURES NA HIPÓFISE



A 13 de Maio de 1973, preso pela PIDE numa cela de isolamento do forte de Caxias, José Afonso escrevia à companheira, Zélia: “Com a devida vénia me reporto junto do tampo de mármore, meu secretário tão certo. Desde quando deixara eu de ouvir esta palavra? Logrei substitui-la numa manhã óptima mas não esta em que a mola salta reprimida sabe-se lá donde, algures na hipófise. (...) Na laje sobre a qual o papel branco me obedece sem que o habitem outros sinais, pequeninos veios avolumam-se em áreas mais densas, configurando pássaros de porcelana chinesa. Afundo-me neste fundo para descobrir-lhes um sentido branco, amarelo, de novo branco, cada centímetro um fuso de seres minúsculos, buscando reorganizar-se, perder-se, reagrupar-se”. Não, José Afonso não enviava nenhuma mensagem encriptada nem alucinava fruto da tortura do sono a que não foi submetido. Durante as três semanas de detenção, nem sequer fora agredido fisicamente, acabando por ser posto em liberdade por falta de “elementos indiciários suficientemente comprovativos de que tivesse atentado contra a segurança do Estado”.


Simplesmente, ele escrevia assim mesmo e, se em muitas das suas canções, o sentido de denúncia era francamente mais explícito, em inúmeras outras, obrigava-se (e obrigava quem o escutava ou lia) a deixar-se arrastar pelo jogo de livre associação de palavras e ideias, procedimento tão canonicamente surrealista como popular: “É uma espécie de exorcismos ou evocações de vivências populares, com termos e vocábulos que já não existem e que me reportam a uma certa saudade de aspectos de uma vida comunitária que, agora, me ultrapassa, (...) uma espécie de estado de semiconsciência em que as palavras vêm à superfície, desligadas de qualquer necessidade lógica”. Hoje, poderá não ser fácil de acreditar mas, por causa disso, o lendário herói de "Grândola" – senha e logo sonoro da revolução –, o consensual fundador da nova música popular portuguesa, antes e depois do 25 de Abril, na fase mais radicalizada do PREC, foi asperamente acusado de “poetismo”, “hermetismo” e de “não compreender a função da música na vida das massas” (enquanto, simétrica e paradoxalmente, outros lhe reprovavam o “panfletarismo”). A verdade é que, a despeito de todos os preconceitos e ideias feitas, como aponta Irene Flunser Pimentel na Fotobiografia de José Afonso (Temas & Debates, 2009), “numa estatística efectuada às suas gravações, menos de um terço foram ‘canções de intervenção’, sendo as restantes de carácter lírico ou folclórico”


É todo esse percurso que poderá ser, agora, revisto e reavaliado, através da reedição pela Orfeu da discografia, em álbum, de Afonso: já disponíveis – com restauro sonoro e remasterização digital de António Pinheiro da Silva, a partir das matrizes originais  – encontram-se Cantares do Andarilho (1968), Contos Velhos Rumos Novos (1969), Traz Outro Amigo Também (1970), Cantigas do Maio (1971), Eu Vou Ser Como a Toupeira (1972), Venham Mais Cinco (1973), Coro dos Tribunais (1974), Com as Minhas Tamanquinhas (1976), devendo, entre Março e Abril de 2013, ser publicados os últimos três álbuns: Enquanto Há Força (1978), Fura Fura (1979) e Fados de Coimbra (1981) – ficando apenas de fora Como Se Fora Seu Filho (1983) e Galinhas do Mato (1985), à época editados, respectivamente, pela Sassetti e Transmedia. Cortando com a fase formativa anterior dos fados e baladas coimbrãs, Cantares do Andarilho (acompanhado por Rui Pato) dá início à individualização criativa de Afonso que, na etapa seguinte, Contos Velhos Rumos Novos, introduzindo bombo, cavaquinho, harmónica, marimba, reco-reco e lampião chinês, assinalaria, segundo o próprio, a despedida da “choradeira das baladas” e funcionaria como trampolim para o período mais rico da sua discografia, entre 1970 e 1974: o de Traz Outro Amigo Também, Eu Vou Ser Como A Toupeira e Venham Mais Cinco, mas, acima de todos, o extraordinário Cantigas do Maio, que, com José Mário Branco como director musical e “advogado da música”, fez questão de concretizar com clareza e nitidez que “uma canção não é apenas música mais palavras mas, sim, algo de novo que resulta desse encontro”.


Numa época em que a canção popular se desejava como pouco mais do que um cartaz, uma pichagem ou uma palavra de ordem revolucionários, algo de funcional ao serviço de uma agenda política, afirmar (como Afonso o fez à “Capital”) que a “canção de protesto” se estava “a transformar num bem de consumo e num álibi de consciências” e procurar elevá-la ao mesmo patamar artístico para que, na mesma altura, apontavam Os Sobreviventes, de Sérgio Godinho, e Mudam-se Os Tempos, Mudam-se As Vontades, de Mário Branco, não era o tipo de declaração que caísse bem na ortodoxia. Mas, daí em diante, convocando os mais diversos tipos de referências que, de certo modo, antecipavam a ideia de "world music", e chamando a si poetas e músicos como Grabato Dias, Pessoa, Fausto e Júlio Pereira, mesmo que persistentemente empenhada no combate político, a música de José Afonso nunca mais seria a mesma.