31 July 2019

STREET ART, GRAFFITI & ETC (CCXLII)

Lisboa, Portugal, 2019



 
... mas, afinal, sem demasiado sangue: mesmo que as cadeirinhas disponíveis possam ter encolhido bastante, há que defender as que restam com unhas e dentes (ou "Nem quero acreditar... então, os representantes do p.o.v.o. não pensam senão no tacho?!!!..." parte II)

30 July 2019

Em directo de Guimarães

Portanto, Sãozinha, quer dizer que as universidades privadas não prestam e/ou fazem-se pagar muito acima do preço de mercado, é isso?...

Tricologia popular (II)

Jesca Hoop - "Outside of Eden"  
(feat. Kate Stables and Justis)

FORA DA JAULA 


“O que é importante é preservarmos a nossa voz autêntica. Ser verdadeiros para com nós mesmos. Pôr de quarentena a expressão ‘apropriação cultural’. Se me apetecer fazer rap... claro que vou fazer rap. Posso vestir-me como um monge... ou um junkie... enquanto faço rap. A música é uma arte. Divirtamo-nos com ela. Não tolero que me venham dizer que não posso cantar de determinada maneira porque não nasci em Timbuktu. Temos de exprimir o que sentimos. Se somos camaleões, deixemos que as nossas cores mudem e brilhem. Incorporemos novas linguagens. O que quero dizer é que resistirei sempre à ideia de que não posso jogar com formas de expressão que não provenham da minha educação ou do meu ambiente próximo. O mundo é a nossa ostra e a arte é liberdade”, dizia Jesca Hoop, há três anos, à “Folk & Tumble”. Na altura, a propósito de Love Letter For Fire, uma colaboração com Sam Beam, Hoop falava apenas do esbatimento de fronteiras entre a folk e a pop ter-se transformado numa constante da sua música. 



Mas o assunto estende-se, inevitavelmente, ao larguíssimo espectro de proibições (musicais, literárias, iconográficas, étnicas, de género) com que as inquisições do tribalismo identitário, imaginando-se intrépidas combatentes contra a pilhagem cultural do Ocidente face ao resto do mundo, não fazem mais do que – como poucas semanas após a entrevista de Jesca Hoop, a escritora Lionel Shriver alertava numa conferência em Brisbane – “abraçando identidades de grupo estreitas, encerrar-nos nas próprias jaulas em que nos querem aprisionar”. Não falando dos 40 000 anos de “apropriação cultural” a que chamamos História da Música, recordemos só que muitos dedos acusadores se viraram, por exemplo, para Paul Simon, Talking Heads ou Vampire Weekend, e, agora, dificilmente deixarão de o fazer em relação às Trash Kit. Trio feminino com as Slits, Au Pairs, Raincoats e Talking Heads a correr-lhes nas veias e Thomas Mapfumo a comandar cada dedilhado da guitarra de Rachel Aggs, Horizon é um magnificamente hiperactivo exercício de telepatia – "We play in tune not touching, we play in time not listening" –, com o Zimbabwe e Soweto num canal e o pós-punk no outro. Dirigido (mas não em exclusivo) a “young, queer and mixed race people”, vitaminado pelas ferroadas do sax de Dan Leavers (The Comet Is Coming) e pela harpa de Serafina Steer, nas gloriosas descolagens afro-psych-e-tudo-à-volta de "Disco", "Coasting" e "Every Second", avança destemido para o inferno dos “apropriadores”.

26 July 2019

Portugal numa casca de noz (LIV)

"Rachel Aggs draws heavily on what she calls African roots music and listens to a plethora of musicians from across the continent. Her band [Trash Kit] allow Aggs to bring black music to the stages of white spaces, that otherwise, rarely acknowledge the validity of black creativity. 'A lot of people ask if I have African heritage and I don’t apart for like my family are from America. I’ve never been [to Africa] so sometimes I don’t want people to get the wrong idea. I’m just genuinely interested in roots music. (...) It’s difficult because it walks close to the line of appropriation but with music it’s something that’s always been happening'(aqui)

Mega Bog - "Fwee Again"

24 July 2019

Rutger Hauer (1944 - 2019)

The Hitcher (real. Robert Harmon, 1986)

Sin City (real. Robert Rodriguez, 2005)

Blade Runner (real. Ridley Scott, 1982)

Não, o que é absolutamente inacreditável é existirem professores que insistem em tratar os alunos (pré-universitários) como débeis mentais, incapazes de pensar fora das grelhazinhas dos "programas" e dos textos (e resumos de textos) pré-mastigados e com kit de respostas prontas a usar

Jesca Hoop - "Red White and Black"

É um traço identitário do CDS: tem o 2º MEP menos activo e a líder das faltas injustificadas
O Boris

(via DT)

23 July 2019

 
 
"How China is creating the world’s largest prison"



(com a colaboração do correspondente do PdC em Pequim)
O Trampas não quer matar 10 milhões de pessoas. O Trampas não quer matar 150 pessoas. Um dia destes, o Trampas vai ter de decidir quantas pessoas quer matar. Porque lá querer, ele quer.
UM FARDO


O litopédio é um fenómeno raro que ocorre quando, durante uma gravidez ectópica, o feto morre mas – sendo demasiado volumoso para ser reabsorvido –, em consequência de uma reacção de corpo estranho, calcifica. Evita o risco de infecção mas pode não ser diagnosticado durante décadas. Pelo menos, tão improvável e imprevisível é Jesca Hoop ter escolhido para título do quinto álbum a designação popular que lhe é atribuída, Stonechild, que, como um espectro, paira sobre as 11 canções e assombra de ângulos vários a própria ideia de maternidade. “Uma 'stonechild' é algo que carregamos connosco. Um segredo. Um fardo. Em cada canção, alivio-me de um peso”, explicou Hoop ao “Discussions Magazine”. E, após declarar que vive “obcecada com o poder da religião”, anuncia desejar “participar activamente na dissoluçao do regime patriarcal”. Uma a uma, é precisamente para esses alvos que cada peça de Stonechild aponta. 


Logo a começar por "Free of the Feeling” (“When the ringing bell falls deaf, we go look for dark, where no flag is waving red, we look for dark, past the grave and Vicar's House, people packed in bars, all the chaste and junkies raising hands to God”), litania folk coral reclinada sobre "drone" electrónico. Aí mesmo, as regras do jogo ficam estabelecidas: tudo decorrerá da acentuação do processo de despojamento sonoro iniciado em Memories Are Now (2017), agora comandado pelo ubíquo John Parish – “Foi um colaborador gentil até ao momento em que em que assassinou uma das minhas bem amadas canções. Nunca tinha sido tão brutalmente editada. Não medi as palavras para lhe dizer o que sentia. Respondeu-me: ‘Vais acabar por perdoar-me’. E, de facto, acabei por gostar daquele tratamento que me reduziu ao essencial” – e apoiado nas participações polifónicas de Kate Stables (This is The Kit), Rozi Plain, Jess Wolfe e Holly Laessig (Lucius). É, então, em estado de quase nudez vocal que oferece a horrenda candura maternal de "Old Fear of Father" (“I love my boys more than I love my girl, try not to show it, she knows like I knew, don't look to me to hold you, I shape and mould you so you can get the ring while you're still pretty”), a "lullabye" sem esperança "01" ("I can show you love that's fair, oh, a life that is bearable, so I'll show you how to win Solitaire”), ou a perplexidade infinita de "Shoulder Charge" (“I came out of this world, not into this world, nothing knows a finishing, where nothing begins”). E nem uma partícula precisaria ser-lhe acrescentada.

21 July 2019

 Lusofonia goleada: 
Trampas 12 - Bolsonaro 1

 
Claudio Monteverdi - "Sinfonia from Atto Terzo - L´Orfeo" (Eduardo Antonello)

Não incomodem demasiado os 20 (vinte) candidatos a Dauerling ("Forças Armadas apoiam Proteção Civil a combater os incêndios em Castelo Branco") nem humilhem os bravos guerreiros pondo-os a descascar batatas, que eles amuam por ter de "passar dos exercícios para as missões de combate aos incêndios" (isto é, mexer o cu) e dão logo à sola ("Militares que combatem incêndios deixam Exército")
VINTAGE (CDXCVII)

Sigue Sigue Sputnik - "Love Missile F1 11"

20 July 2019


Recordando: "E ainda há quem negue que os astros exercem influência sobre a vida dos humanos... no caso de Bruce Springsteen, foi a Lua de 20 de Julho de 1969, pelas 22h56. Neil Armstrong e Buzz Aldrin estavam prestes a dar um passo gigante para a humanidade mas, no Pandemonium Club, na esquina da Sunset Avenue com a Route 35 da costa de New Jersey, os presentes dividiam-se entre concentrar-se nas imagens a preto e branco que uma pequena televisão, num canto do bar, recebia de um ponto no espaço a 384 400 quilómetros de distância e prestar atenção ao concerto dos Child (designação original dos Steel Mill, semente da futura E-Street Band). Perante a indecisão, o baterista Vini "Mad Dog" Lopez fez jus ao nome e berrou “Se não desligarem imeditamente a merda da televisão, vou aí e espeto-lhe um pontapé!”, logo a seguir, saltou para cima do proprietário do clube e, nesse momento, Bruce e a banda viram o seu primeiro contrato para uma semana inteira de concertos ser, instantaneamente, cancelado"
E, para fechar este tríptico bem catita, um contributo para contextualizar as dúvidas do Jerónimo sobre a Coreia do Norte: o MDM - que está para as mulheres como os Verdes estão para a "ecologia", orbitando em torno das directivas do Comité Central -, ocupa-se da "luta pela paz", sem problemas, em Pyongyang (com comunicado em português, tal como é falado na Guiné Equatorial)
... e ainda: o destacado membro do clube de fãs da beatagem social-fascista anuncia que a luta continua!

19 July 2019

Na hora de votar, NUNCA ESQUECER a Santíssima Aliança! (em particular, a beatagem social-fascista) (IV)
 
 
 
 Nos séculos XV...


... XVI...


... XVII...


... o problema parecia não existir...
Nada a temer, Sãozinha: depois do genial golpe tricológico, tudo será diferente!

Mega Bog - "Diary of a Rose"

Nadia, não é proibido cuspir 
no focinho da aventesma...

Amin Maalouf: justissimamente premiado (e, por aqui, mui citado)

17 July 2019

Ó Sãozinha, como dupla vencedora do "Prémio Portugal Fashion" (e não só), a menina está fartinha de saber que qualquer cabelinho lhe fica bem! (ou a tricologia, suprema ciência política)

Mega Bog - "Truth in the Wild"


"‘Truth In the Wild’ came together scrapbooking through the multiple realities simultaneously experienced in a summer driving endlessly around the eastern coast, living in my partner’s van, having the first moments of solitude in my adult life that I embraced. The title is a quote from an Ian Cheng interview I was read aloud and very moved by. The scenes in the song are quotes, ideas, and observations from Assateague Island, The Met, the window of my cabin at The Outlier Inn, a childhood dream that Zach and I both had where we first met, David Bowie, and the milk of my own perspective on these things”
(nunca esquecer: mesmo "com direitos" não deixa de ser "tripalium")

16 July 2019

VINTAGE (CDXCVI)

Julie Driscoll, Brian Auger & 
The Trinity - "Road To Cairo" (D. Ackles)

(noutro vídeo aqui)
"I think the important part is to retain always your authentic voice. Be true to yourself... compartmentalise buzz phrase 'cultural appropriation'. If I want to fucking rap... I’m gonna fucking rap. I might dress like a monk... or a junkie... while I do so. Music is art. Have fun with it. I don’t want to be told I can’t sing that way cuz I wasn’t born in Timbuktu. Express what you feel. If you are a chameleon let your colours shift and shine. Explore. Incorporate a new language. I guess what I’m saying is I would resist feeling like I can’t play with expressions that don’t come from my immediate environment or upbringing. The world is your oyster and art is freedom" (Jesca Hoop)
BORRÃO DE RORSCHACH

  
Diz Erin Birgy: “É fantástico ver alguém aperfeiçoar um determinado objecto de paixão. Mas o que me mantém interessada na música é precipitar-me literalmente no desconhecido. É muito mais divertido divagar do que decidir, de uma vez por todas, como uma banda irá soar, de acordo com uma perspectiva ou um desejo singular”. Divaga Erin Birgy: “A minha maior fantasia erótica era ser um cavalo negro enviado do Inferno, galopando através do mato, ao crepúsculo, como numa cena de Darby O’Gill and the Little People (um filme da Disney, de 1959)”. Recorda Erin Birgy: “Durante os últimos oito anos, a banda alargou-se e deambulou, num crescendo em direcção à liberdade musical”. Sintetiza (em "Truth In The Wild") Erin Birgy: “Energised by uncertainty, confusion, disruption, this song’s for me”. Lateralmente, uma memória antiga ajuda a compreender ainda melhor: “A minha mãe costumava levar-nos, em passeios de um dia, a explorar os diversos lugares de Washington Oriental. Uma vez, fomos a Metaline Falls e, durante cerca de uma hora, não conseguíamos ver nada do lado de fora do carro de tal modo o ar estava opaco de borboletas monarca. Isso ficou em mim para sempre”



Naturalmente, nada dispensa a escuta de Dolphine mas, daqui, podem extrair-se já algumas coordenadas para o que nos aguarda. Isto é, nada do que podemos imaginar será sequer parecido com o que iremos descobrir. Até porque este quarto álbum assinado Mega Bog – "nom de plume" de Birgy – pode servir de modo útil como uma espécie de “borrão de Rorschach”: se ela própria admite ter-se alimentado de Robert Wyatt, Laurie Anderson, Bridget St. John, Nina Simone, Marianne Faithful, Nico, a ficção de Ursula K. Le Guin e a poesia de Alice Notley, nada nos impede de, ao escutá-la, identificarmos os traços de Julia Holter, This Is The Kit, Joni Mitchell, Shara Worden, Poliça, Judee Sill, Jesca Hoop ou Hugo Largo. Uma sucessão de imprevisibilidades sonoras articuladas como peças de "puzzles" diferentes no perímetro de cada canção: ziguezagues melódicos enroscados em dissonâncias de veludo, psicadelismos subaquáticos em montanha russa "free-form", bordados folk com acabamentos "avant-pop", abstraccionismos rítmicos em coreografias reptilianas, preciosas jóias electro-acústicas que, afinal, são apenas o confessado desejo de “perpetuar aquele género de perspectiva misteriosa que, para mim, não é realmente um mistério”. Ou, encarando-o sob um ângulo mais esclarecedor: o álbum avassalador que, desde Volta, Björk procura sem encontrar.

13 July 2019

VINTAGE (CDXCIV)

Caetano Veloso - Livro

Ninguém duvida que, como diz a sapientíssima Bonifácio, devemos muito à cristandade; mas, ó Capelão Magistral, sejamos justos: há outras máfias igualmente beneméritas! (veja, por exemplo, aqui, aqui e aqui)
 

(com a colaboração do correspondente do PdC em Pequim)
Portugal numa casca de noz (LIII)

12 July 2019

Mega Bog - "192014"

Qual é o espanto? É mais do que sabido que o homem é musicólogo!
The One Song Holly Herndon Wishes She Wrote - "Spem In Alium" (Thomas Tallis)


Tallis Scholars
Acerca do momentoso "caso Fátima Bonifácio" (saberá ela que tem o nome da filha do "profeta" e de um - perdoem a redundância - papa facínora?), ocorre-me especialmente dizer que é com bastante orgulho e felicidade que não partilho "as mesmas crenças religiosas e os mesmos valores morais [que] fazem parte de uma entidade civilizacional e cultural milenária que dá pelo nome de Cristandade" - e sei muito bem porquê

09 July 2019

Tradução em português:  
"Isto não é um broche"

Mega Bog - "Aurora/99"

O EDIFÍCIO 6197 


Quem olha para “La Trahison des Images” (1929), de René Magritte, vê a representação realista de um cachimbo sobre fundo bege, na base da qual, em caligrafia perfeitamente desenhada, se lê “Ceci n’est pas une pipe” (“Isto não é um cachimbo”). Não se trata de uma manobra de diversão surrealista: tal como um mapa não é o território que representa e (segundo Alan Watts) “o menu não é a refeição”, a obra de Magritte é apenas a reprodução bidimensional a óleo sobre tela de um objecto tangível, a três dimensões, dotado de textura, peso, cheiro e temperatura. Van Gogh, Cézanne ou Picasso, já haviam usado o cachimbo como elemento simbólico, identitário ou enquanto adereço. Mas foi Magritte – ele que não se impediu de produzir "fakes" de Picasso, Braque, Klee, De Chirico ou Ticiano – quem (jogando ainda com o malicioso duplo sentido de “pipe”, em francês) o transformou em demonstração exemplar de uma ideia: as imagens, a representação artística são uma coisa e a realidade (seja lá isso o que for) é outra.


Não será uma comparação rigorosamente exacta mas, no que à música gravada diz respeito, as "master tapes" (as “matrizes”) são “a realidade”, a insubstituível fonte primária, e tudo o que a partir delas se edifica uma recomposição infinitamente diversa. As “matrizes” preservam tudo o que – publicado ou não –, no estúdio teve lugar: as falhas, o grão das vozes, fragmentos, esboços, a atmosfera do lugar, as múltiplas versões, que, depois, poderão ser pretexto para enciclopédicas reedições (só um exemplo: os 18 CD de The Cutting Edge 1965-1966: The Bootleg Series Volume 12 – Collector’s Edition, de Dylan), remasterizações, conversões de estéreo para mono e vice-versa, cachimbos que não são cachimbos. No dia 1 de Junho de 2008, um armazém de 2 073 metros quadrados – o edifício 6197 – do Universal Music Group, em Hollywood, foi integralmente destruído por um gigantesco incêndio e com ele arderam centenas de milhar de fitas magnéticas, preciosas "master tapes" da maior editora discográfica mundial, cobrindo todos os géneros musicais, de mais de 800 artistas. Só por si, a catástrofe seria já imensa. Bem pior foi que só 11 anos depois, há semanas, numa extensa reportagem de Jody Rosen para o “New York Times”, aquilo que os responsáveis do UMG sempre tentaram menorizar e dissimular, tenha sido, enfim, revelado em toda a sua devastadora extensão. Pelo menos, “René and Georgette Magritte With Their Dog After the War", de Paul Simon, não pertencente ao espólio do UMG, salvou-se.

05 July 2019

“Julgo que o aspecto mais decisivo [do Estoril Political Forum] terá sido a reunião em clima civilizado (e com um estrito dress code) de académicos e analistas” João Carlos Espada, in Observador, 1/07/2019 

Bem sei que uma das caricaturas mais pérfidas a que João Carlos Espada tem sido sujeito publicamente é aquela que ridiculariza a sua batalha cultural sem tréguas pela ordem e compostura vestimentárias, pelo encerramento das salas de aula e de conferências, high tables e corredores universitários a libertinos, descamisados e outras categorias de mal vestidos. * E, no entanto, como é feliz e harmonioso, como instaura um clima civilizado esse mundo higiénico e respeitador dos códigos de distinção, onde tudo é luxo, calma e nada de voluptuosidades. Nesse mundo, o “almoço francês”, por exemplo, só pode chamar-se, na designação de JCE, “almoço Raymond Aron”. Cuisine française, sim, mas na sua versão insossa e sem picante, que não faz mal a ninguém. Se é possível hoje imaginar uma arcádia académica, temos de reconstruí-la a partir das crónicas de JCE. Mais do que um modo de pensar, as suas lições são um modo de vida. (AG)

* curiosamente, os links para o "dress code" evaporaram-se...
A propósito dos "telhados de vidro" de que se fala nesta caixa de comentários, recordemos duas telhas: a telha-coelha I e a telha-coelha II (e o assunto principal até já tem 5 anos)