24 July 2019


Não, o que é absolutamente inacreditável é existirem professores que insistem em tratar os alunos (pré-universitários) como débeis mentais, incapazes de pensar fora das grelhazinhas dos "programas" e dos textos (e resumos de textos) pré-mastigados e com kit de respostas prontas a usar

9 comments:

Ricardo A. P. Reis said...

Afinal já não é só o Canto Nono que incomoda. Também os Cantos que são lidos sem rodinhas podem ferir os alunos. A poesia deveria libertar as nossas mentes e não aprisionar em análises curriculares. A poesia é para comer, mas sem glúten.

João Lisboa said...

Exactamente.

Mas, sem glúten, porquê?

Ricardo A. P. Reis said...

Para não inchar as barrigas dos celíacos mentais.

Ana Silva said...

Uma tristeza. E tentar explicar aos indignados colegas que as boas aulas de literatura acontecem quando, do lado do professor, há o encontro apaixonado com os textos e a vontade de trazer outros textos para a sala de aula e diálogos de filmes e quadros e músicas... tanta coisa onde se vislumbra a felicidade, a beleza e a miséria dos "passeios da vida" humana (andei a ler Kerouac...). E nada disto é possível quando, do outro lado, os alunos imploram por paráfrases das estâncias do "Programa", estando já prevenidos com o novo calhamaço da "Preparação para o Exame".
Repito: uma tristeza.

Anonymous said...

Tretas. O mundo quer-se aviário. É para lá que caminhamos com a bandeira do PCP/BE.

JP

João Lisboa said...

"O mundo quer-se aviário"

Podia, ao menos, ter limpado as penas e deixado um ovo.

alexandra g. said...

I say, foda-se, eu, que só queria a realização de cinema e fui parar às "letras", só não tenho a cachimónia baralhada provavelmente por ser uma leitora compulsiva desde tenra idade e, above all, adorar o vernáculo, em todallas línguas :D

Daniel Ferreira said...

Ler Os Maias foi um prazer. Ler Os Lusíadas foi como ler um livro sobre direito fiscal, sentado numa cadeira de pregos num quarto a cheirar fortemente a amoníaco, e a ouvir em ciclo infinito uma cassete do Portugal Mix. É bem feito que tenha perdido um olho.

João Lisboa said...

"Ler um livro sobre direito fiscal, sentado numa cadeira de pregos num quarto a cheirar fortemente a amoníaco, e a ouvir em ciclo infinito uma cassete do Portugal Mix" é uma experiência que não deve ser apressadamente desvalorizada.