30 August 2021

O PAÍS DOS ZEZÉS (LXIX)


(via E)
COM O PASSO TROCADO
 

“A Annie pretendia rearrumar a nossa caixa de ferramentas e reconfigurar a banda de uma forma que não perdesse de vista quem somos”, dizia Carrie Brownstein há dois anos, pretendendo justificar a escolha de Annie Clark/St. Vincent como produtora de The Center Won’t Hold, o segundo álbum das Sleater-Kinney após o regresso, em 2015, com No Cities To Love. Mas, apesar de alguns sinais de alerta de que, então, se aperceberam (“Ela pretendia somar, somar, somar, e nós víamos a tela a ficar toda preenchida e pensávamos ‘É isso mesmo mas tem de existir aí algo escorregadio’”), isso não impediu que Janet Weiss, a baterista e terceiro elemento histórico da banda com Corin Tucker e Brownstein, se sentisse marginalizada e tivesse abandonado o pioneiro trio de “riot grrrls” o que, algo profeticamente, a imagem da capa – uma colagem de estilhaços dos rostos das três Sleater-Kinney – anunciava. A marca de St. Vincent era, de facto, óbvia mas ainda que a sua intervenção não desfigurasse o álbum, um alegado abuso de “popização” levou alguns mais ortodoxos a torcer o nariz e cavou divisões nas fileiras outrora unidas. (daqui; segue para aqui)

27 August 2021

Katherine Priddy - "One of Us Cannot Be Wrong" (Leonard Cohen)

"This song was inspired by Nico. Sylvie Simmons sums up the song as follows: 'One of Us Cannot Be Wrong', Leonard’s wryly humorous song, inspired by Nico, about a man battered but unbroken by lust (...) In fact, there was a period when Leonard Cohen was in love with Nico: although he never won her, he was 'madly in love with her'. Besides 'One of Us Cannot Be Wrong', she was also the source of inspiration for lots of other songs. But in 1967, feeling he 'had no skill' and that he 'had forgotten how to court a lady', Leonard went back alone to his hotel room. His thoughts full of Nico, he wrote 'The Jewels in Your Shoulder' and 'Take This Longing', then titled 'The Bells', both of which he later played and taught to Nico. She was both 'the tallest and blondest girl' in the song 'Memories' and the muse for 'Joan of Arc'".



(sequência daqui) O que, na voz de quem, candidamente, confessa “I haven’t aged since I was four years old”, ganha, naturalmente, muito particulares sentidos aos quais, como acontece com os filmes de David Lynch, há que permitir que nos conduzam, sem resistência nem busca de explicação racional. Por que motivo a demolição sonora de "Bull of Heaven" desagua, sem pausa, no lirismo translúcido de "Obsidian Lizard"? Como coabitam ambos em "Before a Black Tea" onde Erin incorpora a voz de Mimi Goese (Hugo Largo)? Pode, num momento, dizer-se “take me for the music, take me for a human” e, no seguinte, “I've never been a human, but I'm a good friend”? Existe matéria nesta surreal ópera noturna para a imaginar (sugestão de Erin) como episódios inéditos das Canterbury Tales criados à imagem de The Wall (Pink Floyd), Until the End of the World (Wim Wenders) e da reinvenção da arquitectura de Nova Iorque por June Jordan e Buckminster Fuller? Ela também não sabe mas isso não tem importância nenhuma.

26 August 2021

E que tal, a seguir ("ASAE apreendeu mais de 13 milhões de máscaras desde o início da pandemia"), recolher amostras do álcool-gel disponível em lojas, cafés, supermercados, restaurantes e centros comerciais e averiguar a percentagem de álcool que realmente contêm?
Ou como dissimular o velho capitalismo numa mixórdia qualquer pintada de "socialismo" (seja lá isso que for)

25 August 2021

ELA TAMBÉM NÃO SABE

Dolphine, publicado em 2019, foi o último grande álbum da era pré-pandémica. Inspirado num mito segundo o qual, durante o processo evolutivo, algumas criaturas marinhas optaram por não trocar os oceanos pela terra e permaneceram protegidas no mar, sob a forma de golfinhos, era uma imensa e assombrosa metáfora de Erin Birgy/Mega Bog acerca do deslumbre e dos riscos da vida no planeta, alimentada pela ficção de Ursula K. Le Guin e (ainda que absolutamente singular), inviamente, pela música de Robert Wyatt ou Laurie Anderson. Agora, Life, and Another, dá o tiro de partida para a inquietante nova era: concebido durante um isolamento de vários meses – partilhado com James Krivchenia (companheiro, produtor, engenheiro de som e baterista dos Big Thief) –, numa cabana no Novo México, junto ao Rio Grande, é como se os tórridos dias do deserto tivessem feito convergir a coabitação com a natureza agreste, o mergulho nos alçapões da memória e as inquietações dos tempos numa única substância. (daqui; segue para aqui)


Katherine Priddy - "Letters From A Travelling Man"


(c/ Toby Shaer; daqui)

24 August 2021

O PAÍS DOS ZEZÉS (LXVIII)

Finalmente, alguém enfrenta os verdadeiros problemas

Um charuto para cada seixalense!

Um bigode (como deve ser) para cada seixalense!

Um lingueirão (só um, nada de abusos) no arroz para cada seixalense!
Cathal Coughlan - Song Of Co-Aklan

(daqui; álbum integral aqui; entrevista aqui)

21 August 2021

 Portugal numa casca de noz (LXII)




(sequência daqui) A primeira metade de "In The Stone", a faixa de abertura, engana. Dir-se-ia que, afinal, tudo teria permanecido sem grandes abalos. Mas, logo à frente, a liquidificação da guitarra eléctrica anuncia que novos ângulos irão ser explorados. E sê-lo-ão. Em "Tag", Riley Jones revela que se deixou voluntariamente influenciar pelos Psychic TV e Jeffrey Lee Pierce (Gun Club) e que, para "Desire", optou por Elvis, Keiji Haino e Kylie Minogue; Forster descreve "The Chance" como uma canção de Tim Hardin com um refrão das Hole e "Bathwater"enquanto vénia às Raincoats com uma batida disco e alusões aos Kiss e Blue Nile; e James Harrison fica-se por Jandek, Syd Barrett e Nick Drake. Mas, bem espiolhadas e analisadas uma a uma, encontrar-se-ão ainda vestígios – reais ou imaginários mas prontamente assumidos – de Throbbing Gristle aos "psych-rockers" japoneses dos anos 70, Les Rallizes Dénudés (famosos, entre outras proezas, por um dos seus elementos, militante da Red Army Faction, ter desviado um avião e pedido asilo político à Coreia do Norte), Royal Trux, Coil, The Stooges, Cocteau Twins, Jesus And Mary Chain, Fushitsusha, This Mortal Coil ou até (Riley, era mesmo necessário?...) a trafulhice psicanalítica de Jacques Lacan. Não resta a mais ínfima dúvida que Louis Forster, James Harrison e Riley Jones desejaram muito cortar o cordão umbilical que, para o bem e para o mal, os ligava à genealogia Go-Betweens. Essencial, então, é saber se, pelo meio da teia de referências e da utilização quase obsessiva do batalhão de sintetizadores de Geoff Barrow, das guitarras sobre-processadas e da sonoridade desmedida de percussões acústicas e electrónicas, tudo não terá resultado inutilmente sobrecarregado e excessivamente afastado da espontaneidade das "jams" na Fantasy Planet, de Brisbane, onde houve ainda tempo e espaço para, antes de chegarem às maquetes de Mirror II, gravarem um álbum “demasiado beefheartiano” e lançá-lo para o lixo.

20 August 2021

18 August 2021



 
(sequência daqui) Por essa altura, os Goon Sax tinham só ainda dois álbuns publicados – Up To Anything (2016) e We’re Not Talking (2018) – e era preciso um imenso salto de fé para crer que o que escutávamos era, realmente, “apenas uma coincidência” e não míticas, secretas e inéditas gravações perdidas dos autores de Liberty Belle and the Black Diamond Express (1986), algures entre Before Hollywood (1983) e Spring Hill Fair (1984). Poderão ter começado, confessa Louis, como “uma piada estúpida e divertida destinada a durar nem seis meses e que ainda hoje me custa a acreditar que se tenha tornado uma coisa séria que continua a existir” mas, chegados ao terceiro álbum, Mirror II, aquilo em que deveremos realmente concentrar-nos é na afirmação final de Robert: “Eles têm apenas 20 anos e, de certeza, vão ainda mudar muito”. Entregues nas mãos de John Parish (e quem, dos Dry Cleaning a PJ Harvey, Aldous Harding, This Is The Kit, Jesca Hoop ou Chrysta Bell, não lhe passou já pelas mãos?) que os conduziu até Bristol, aos Invada Studios de Geoff Barrow (Portishead), não sairam propriamente irreconhecíveis mas o "pool" genético ampliou-se largamente. A começar logo pelo título, segundo Riley Jones, o momento em que uma decisão de acaso ganhou um novo sentido: “Estava a ler The Philosophy Of Andy Warhol e, às tantas, ele diz algo perfeito: ‘Estou certo que, se olhar para um espelho, não verei imagem nenhuma. As pessoas estão sempre a dizer que sou um espelho. Mas, se um espelho olha para outro espelho, o que há para ver?’ O título (Mirror II), de início, era totalmente arbitrário mas passou a significar essa reflexão sobre os reflexos e o modo como, permanentemente, nos influenciamos uns aos outros e nos fazemos ver como verdadeiramente somos”. (segue para aqui)
VINTAGE (DLXXXV)

The Blue Nile - Hats

(daqui; álbum integral aqui)

16 August 2021

Katherine Priddy - "Indigo"  
(live at Somewhere Songwriter Sessions)

(daqui; ver aqui)
Murray Schafer (1933 – 2021)

No pasquim direitolas online, "thoughts" traduz-se por "preces"

ELES JÁ ESTÃO A MUDAR MUITO


 

Há três anos, Louis, o filho, garantira: “Às vezes, vêm ter comigo e fazem-me perguntas sobre um disco ou sobre uma determinada canção e chega a ser embaraçoso porque, de facto, nunca os escutei. Tenho sempre de pedir imensa desculpa e dizer que não faço ideia do que estão a falar”. Um ano depois, em Lisboa, Robert, o pai, comentara: “O Louis disse-me que foi incorrectamente citado. É verdade que não ouvíamos muito os nossos discos em casa mas ele estava presente quando eu escrevia as canções”. Agora mesmo, voltando ao assunto, Louis corrige o tiro: “É verdade, na casa onde cresci havia sempre muita música, toda a gente estava sempre a tocar alguma coisa. A minha mãe toca. A minha irmã toca. E, de uma forma muito prática, sem grandes discussões filosóficas para que não tenho jeito nenhum, todos falávamos acerca do que estávamos a fazer”. Em causa estava saber se, do pai, Robert Forster – fundador dos mui-amados Go-Betweens –, algo decisivo revertera para The Goon Sax, a banda do filho, Louis Forster.

"In The Stone" 

E foi Robert quem, reconhecendo como, tarde mas justamente, à banda que fundara, em Brisbane, com Grant McLennan e Lindy Morrison é hoje atribuída a devida importância (“Nos últimos 10 ou 15 anos, tenho reparado que há cada vez mais gente a apreciar os Go-Betweens e a dizer que esta ou aquela banda tem algo de nós. Claro que é agradável ler isso. É um pouco como acontecia no final dos anos 70 quando alguém dizia que um grupo fazia lembrar os Byrds e nós íamos a correr tentar descobrir de que estavam a falar. Recordo-me bem de como isso era importante para mim quando era jovem”), rectificou a história: “O processo de constituição dos Goon Sax foi muito natural. Por volta dos 14 ou 15 anos, o Louis tinha estado noutra banda com o James Harrison. Eles os dois começaram os Goon Sax e uma amiga, a Riley, disse-lhes que estava a aprender bateria e perguntou se podia tocar com eles. Foi apenas isso. Claro que faz pensar nos Go-Betweens mas foi apenas uma coincidência. Houve uma altura em que o Louis dizia que, embora a banda soasse muito bem, queria tocar com quatro músicos em vez de apenas com aqueles dois para que não lhe viessem dizer que estava a imitar a banda do pai. Mas desistiu dessa ideia. Seja como for, eles têm apenas 20 anos e, de certeza, vão ainda mudar muito”. (daqui; segue para aqui)

11 August 2021

O PAÍS DOS ZEZÉS (LXVI)


As meias, por Zeus, as meias!...
LIMPAR O PÓ AOS ARQUIVOS (LXIX)

(com a indispensável colaboração do R & R)


(clicar na imagem para ampliar) Errata: onde se lê "desapareceria para todo o sempre a 9 de Agosto de 1962", deverá ler-se "desapareceria para todo o sempre a 2 de Agosto de 1962"
A teoria da conspiração sobre a teoria da conspiração (ou a malucagem neo-facha em roda livre)
 
Edit (10:23) - ... mas foi, de certeza, devido à “condução instável e errática da vacinação das crianças e jovens" que o chefe do gang não se vacinou
Cathal Coughlan - "Unrealtime"

10 August 2021



(sequência daqui) Agora que o primeiro álbum, The Eternal Rocks Beneath, se encontra, enfim, disponível, compreende-se bem o entusiasmo de Thompson: Priddy não só tem um recorte vocal que, várias vezes, faz pensar em Sandy Denny e Linda Thompson como, na escrita das canções, associa com absoluta elegância a tradição folk do "storytelling" à obra de poetas como Frank O’Hara: “Gosto do modo como ele usa nomes, lugares e momentos e nunca os explica. Sentimo-nos como se estivéssemos a observá-lo através de uma janela ou como se o seguíssemos numa rua e capturássemos fragmentos de conversa. É assim que as canções deveriam ser: apenas um breve olhar sobre algo, sem precisar de explicações”, disse Katherine à “Folk Radio”. Guitarra, acordeão e quarteto de cordas proporcionam a refinada moldura que aproxima estas dez canções do belíssimo La Vita Nuova, de Maria McKee, e lançam em voo a memória de instantes: “And first light of morning, a moment of still, a comma, a dash, a loaded ellipsis, ‘til you sink under slowly, I knew you were only a shadow behind me, I loved you blindly”.
Onde fica a saber-se que o Xi Jinping deu-se à trabalheira de criar o coronacoiso única e exclusivamente com o objectivo de dizimar o gang do neo-facho e que, se tal não sucedesse, os homenzinhos verdes do Costa limpavam-lhe o sebo com uma pica de arsénico ou coisa ainda pior... (o que vale é que a Super Fatinha não dorme!)
Super Fatinha, protectora do neo-facho!

08 August 2021

Depois das decepções com o Trampas e o Fachonaro, um gajo até já tem dificuldade em alimentar uma esperançazinha...
Devidamente alertado nesta caixa de comentários, celebre-se como se deve o International Cat Day!
 
O PAÍS DOS ZEZÉS (LXV)

Continua de elevadíssimo nível 
o debate político em Lisboa
A MEMÓRIA EM VOO
Quando, em 2017, por ocasião da publicação de The Order Of Time, Valerie June se apercebeu de que Bob Dylan a incluira na sua lista de favoritos, ainda incrédula, confessou: “A minha maior qualidade, penso, é escrever canções. Ter a divindade do 'songwriting' a confessar que admirava a minha música foi incrível. Não frequentei a universidade mas ouvi-lo, naquele dia, a referir o meu nome foi como concluir uma licenciatura”. Em 2018, Katherine Priddy tinha já uma licenciatura em Literatura Inglesa pela Universidade de Sussex. Mas a sensação que experimentou ao saber que Richard Thompson – uma outra divindade não menor –, na “Mojo”, considerara o seu EP de estreia, Wolf, o melhor disco que escutara nesse ano, não há-de ter sido muito inferior à de acrescentar duas ou três pós-graduações ao currículo. (daqui; segue para aqui)
 
"Wolf"

06 August 2021

"(...) dei por mim a ouvir a cantora Mariza, mandatária de Fernando Medina para a Câmara Municipal de Lisboa, discorrer sobre a visão dela para a cidade. Num vídeo disponível no Youtube com a duração de dois minutos e treze segundos, a palavra que mais se destaca é o adjectivo 'típico'. 'Lisboa típica', Lisboa dos 'bairros típicos', das 'marchas populares típicas', Lisboa das 'pessoas mais típicas' … ('as pessoas mais típicas', arriscamos depreender, habitam 'os bairros típicos'). Ela própria, Mariza, canta fado, que é uma música típica, e vem de um bairro típico. Apesar de vir de um bairro típico, viajou muito, conheceu mundo, 'tantas cidades do mundo'. Sabe por isso o que é a modernidade (se não tivesse viajado, tinha-se ficado pelo típico, o que seria uma grande perda para ela… e para o mundo). Apesar de abraçar de coração a tradição e o 'very typical', a mandatária acha que Lisboa deve entrar na Europa (a parte de que já estamos na Europa há bué, pelo menos desde 1143 que antes disso não existíamos, parece ter-lhe escapado... (...)" (Ana Cristina Leonardo)
Shirley Manson Talks New Garbage Album

 
(via DT; clicar na imagem para ampliar)

 
(sequência daqui) Não propriamente uma banda de agitadores políticos – que, em regra, não fazem muito mais do que pregar para os já convertidos –, em No Gods No Masters, porém, o quarteto deita as garras de fora e, sem meias palavras, desde o primeiro segundo, após o som de moedas chocalhando numa "slot machine", explica ao que vem: “The men who rule the world have made a fucking mess, the history of power, the worship of success, the king is in the counting house, he’s chairman of the board, the women who crowd the courtrooms all accused of being whores”. Pouco depois, interroga- se: “Smiling at fireworks that light all the skies up, while black boys get shot in the back, were they caught riding their bike? or guilty of walking alone?” e descobre-se “waiting for God” justamente no mesmo comprimento de onda do Tom Waits que informava “God’s Away On Business”. Alistando-se, enfim, nas brigadas das guerras de género, provoca: “If I had a dick would you know it? If I had a dick would you blow it? Call me a bitch, I'm a terrorist”. À “DIY”, Shirley Manson confessou: “A loucura que varre o mundo é tal – na forma como os negros, outras pessoas de côr, e os povos indígenas são discriminados, na patológica violência contra as mulheres – que não conseguiria viver bem comigo mesma se fugisse a falar de tudo isto”. Falou. Com fúria, insolência, rock subliminarmente pirómano e “no master or gods to obey”.

02 August 2021

"Pegasus spyware found on journalists’ phones, French intelligence confirms"  
(aqui; ver também aqui)

Shirley Manson's (Garbage) Ten Commandments of Love



"(...) 7. THOU SHALT EMBRACE CUNNILINGUS FULLY: I used to go out with this boy who did not and would not perform oral sex. Clearly he wasn’t a real man, because, I’m sorry, a man gives head. Some apparently feel the act emasculates them, that they’re being submissive somehow. Well, if they find that oral sex threatens their masculinity, then there’s something far wrong with them. Get down, get busy, or get out (...)" (aqui)

01 August 2021

COM AS GARRAS DE FORA


“Ni Dieu Ni Maître” era o título de um jornal fundado em 1880 pelo socialista revolucionário francês Auguste Blanqui, que, mesmo após o seu encerramento em 1885, se converteu em divisa de diversos movimentos anarquistas. Em tradução para o inglês – No Gods No Masters – não seria exactamente o que esperaríamos ver escrito na capa do sétimo álbum dos Garbage e terceiro após o “hiato indefinido” de 2005 (que, afinal, duraria apenas dois anos). Mas, se nos surpreende, é, seguramente, porque andámos bastante desatentos: a banda de Shirley Manson, Butch Vig, Duke Erikson, e Steve Marker sempre foi capaz de ocupar um lugar estratégico no que poderia chamar-se a periferia do "mainstream" que nunca a impediu de tomar posição relativamente às causas que a mobilizam. Coisa evidente desde o primeiro álbum (Garbage, 1995), de que o single "Queer" não foi apenas um sucesso de vendas mas também um manifesto a favor de “the queerest of the queer”. (daqui; segue para aqui)

Cathal Coughlan - "Owl In The Parlour"

(daqui; ver também aqui)