10 August 2021


(sequência daqui) Agora que o primeiro álbum, The Eternal Rocks Beneath, se encontra, enfim, disponível, compreende-se bem o entusiasmo de Thompson: Priddy não só tem um recorte vocal que, várias vezes, faz pensar em Sandy Denny e Linda Thompson como, na escrita das canções, associa com absoluta elegância a tradição folk do "storytelling" à obra de poetas como Frank O’Hara: “Gosto do modo como ele usa nomes, lugares e momentos e nunca os explica. Sentimo-nos como se estivéssemos a observá-lo através de uma janela ou como se o seguíssemos numa rua e capturássemos fragmentos de conversa. É assim que as canções deveriam ser: apenas um breve olhar sobre algo, sem precisar de explicações”, disse Katherine à “Folk Radio”. Guitarra, acordeão e quarteto de cordas proporcionam a refinada moldura que aproxima estas dez canções do belíssimo La Vita Nuova, de Maria McKee, e lançam em voo a memória de instantes: “And first light of morning, a moment of still, a comma, a dash, a loaded ellipsis, ‘til you sink under slowly, I knew you were only a shadow behind me, I loved you blindly”.

2 comments:

Nuno Santos said...

Dizem que, com o tempo, os grandes apreciadores de vinho (num sentido elitista), apreciam cada vez mais o Borgonha; será que o folk é o correspondente ao Borgonha para os grandes apreciadores (num sentido não elitista) de música "moderna" ? Nota de rodapé: sou um banal apreciador de vinho e de música ... e nunca bebi, toquei ou sequer vi uma garrafa de Borgonha

João Lisboa said...

"será que o folk é o correspondente ao Borgonha para os grandes apreciadores (num sentido não elitista) de música "moderna" ?"

É uma bela "bebida". Mas - como pode ver-se aqui no blog - apenas uma entre muitas belas "bebidas".

:-)