Jack White - Blunderbuss
O habitual CD bónus que acompanha o número de Maio da “Uncut” – "cover story": Jack White e Blunderbuss – é dedicado às quinze versões originais de outras tantas canções reinterpretadas por White com os White Stripes, os Raconteurs, no único single da sua banda inicial, em 2000, com Brian Muldoon, The Upholsterers (caso de "I Ain’t Superstitious", de Howlin’ Wolf), e, agora, no primeiro álbum em nome individual ("I’m Shakin’", de Little Willie John).
O título da recolha da “Uncut” é Jack White’s Blues, apropriadamente embalada em tons de azul e branco (tal como acontece com Blunderbuss) e, numa sequência que alinha Blind Willie McTell, Son House, Hank Williams, Leadbelly, Josh White, Robert Johnson mas também Patti Page, Blanche, Terry Reid e Marlene Dietrich, é mil vezes mais eloquente sobre a personalidade musical de White do que meia dúzia de análises críticas poderiam ser. Porque, se dúvidas ainda houvesse, o que, dos Stripes até aqui, tem ocorrido é apenas uma recapitulação do percurso que se iniciou no delta do Mississipi e, por diversas vias, tomou conta da música popular da segunda metade do século XX.
Desta vez, a rota circula entre metralha de riffs bravia, evocações daqueles instantes em que as barbas rijas do rock (Stones, Small Faces, Yardbirds) se amaciaram pelo contacto com a folk e químicos ilícitos, homenagens subliminares à Dusty de Memphis e à atmosfera que, desde 2006, respira em Nashville e, de um modo geral, pinceladas, ora mais (rhythm’n’) bluesy, ora mais cara pálida, oferecendo a competentíssima planificação de uma aula teórico/prática de historiador erudito que não hesita transformar-se em protagonista dos episódios que narra. (sequência daqui)
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