NUM MUNDO ÀS AVESSAS
Em Through the Looking-Glass, and What Alice Found There – a sequência de 1871 para Alice's Adventures in Wonderland, publicado seis anos antes –, Lewis Carrol faz Alice penetrar, através de um espelho, num outro mundo fantástico no qual, tal como sucede numa imagem reflectida, tudo se encontra invertido. A propósito de Looking Glass (sucessor de Cusp, 2018), Alela Diane reconhece a ascendência literária e, à God Is In The Tv, explica: “Após a pandemia, demos connosco a viver num mundo às avessas, o oposto do que seria normalmente de esperar. Uma grande parte da nossa realidade foi distorcida através de uma lente com que não contávamos. No contexto do álbum, Looking Glass tanto se refere a um portal para o passado e o futuro como é um reflexo de tudo o que existe entre ambos. Tiraram-nos o tapete debaixo dos pés. Amparámo-nos na memória, aprisionados no aquário das nossas casas – acenando a um amigo através do vidro. Um ecrã de telemóvel – uma conversa por Zoom –, a toca digital do coelho deixada para trás por aqueles que desapareceram das nossas vidas ou, simplesmente, se afastaram”. (daqui; segue)
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