17 November 2022

"Azizam"

(sequência daqui) Dessa fricção de culturas, haveria de resultar a viragem para a música, concretizada nos álbuns Naz (uma revisitação de canções pop persas, 2018), Zan (2020) e, agora, Roya. Mas seria nos dois últimos que a intenção claramente política se concretizaria: Zan (em Farsi, “mulher”), gravado entre Telavive e Teerão através das redes sociais, sem que alguma vez os músicos participantes se tivessem encontrado, ver-se-ia apropriado como banda sonora das recentes manifestações resultantes do assassinato de Mahsa Amini (“Tenho imenso orgulho nestas mulheres. Estou certa que irão fazer uma revolução”); Roya ousou ir mais longe: transportados clandestinamente para Istambul, os músicos iranianos que permaneceriam anónimos, tocaram e cantaram durante 10 dias com os seus companheiros israelitas. O resultado? Uma memorável e viciante celebração de orientalismos, psicadelismo e euforia pop.

No comments: