28 February 2023
27 February 2023
... e vem aí muito trabalhinho para escanhoar uns valentes milénios de escrita
26 February 2023
24 February 2023
23 February 2023
22 February 2023
21 February 2023
20 February 2023
19 February 2023
18 February 2023
NO MUNDO DOS VIVOS
“Tinha dado demasiados tiros nos pés. Não tinha desaparecido por completo mas a estrada tinha-se afunilado, quase fechado. Ainda não me tinha extinguido mas cambaleava caminho fora. Havia uma pessoa desaparecida dentro de mim e precisava de a encontrar. Sentia-me gasto, um destroço vazio e esgotado. Demasida estática na minha cabeça de que não conseguia livrar-me. Estivesse onde estivesse, era um trovador dos anos 60, uma relíquia do folk-rock, um artesão da palavra de tempos idos, um chefe de estado de ficção de um país que ninguém conhecia. Não tinha a menor ligação a qualquer tipo de inspiração. Já não era o meu momento da História. O espelho tinha rodado e conseguia ver o futuro – um velho actor a vasculhar o lixo à porta do teatro dos sucessos passados”. Era este o Bob Dylan de 1987 que ele mesmo desenhava em Chronicles Volume One (2004). A salvação chegaria na pessoa de Daniel Lanois – “Ele era 'noir' por todo o lado – sombrero preto, calças pretas, botas altas, luvas – todo ele sombra e silhueta, um príncipe negro das momtanhas negras” – que, numa hora, o convenceria a aceitá-o na qualidade de produtor/anjo redentor. (daqui; segue para aqui)
16 February 2023
15 February 2023
14 February 2023
CONTAGEM DECRESCENTE
A propósito de Discord (1998), uma peça orquestral escrita de impulso em reacção às notícias sobre a fome em África e às tragédias humanitárias que, então, ocorriam no Ruanda e no Zaire, Ryuichi Sakamoto, em entrevista ao “Expresso”, sentiu a necessidade de se explicar: “A música não é um utensílio nem uma máquina capaz de interpretar o mundo real. Tem o seu próprio universo mas contém também uma gramática e uma sintaxe das emoções. Nesta altura, porém, senti a necessidade de tomar posição relativamente a esses acontecimentos. Não é o tipo de atitude que, habitualmente, pense dever assumir através da música. Mas é evidente que não posso fugir à influência que aquilo que se vai passando no mundo tem, inevitavelmente, sobre mim. Todos os dias. Não de uma forma clara e explícita mas a um nível mais profundo”.
"20210310"
A esse mesmo “nível mais profundo” situar-se-ia também async (2017) gravado três anos após lhe ter sido diagnosticado um cancro da laringe. Por essa altura, dir-me-ia: “Nunca pensaria na minha música como um testamento final. Gravar este álbum foi como trepar uma montanha sem um mapa na mão. Uma vez atingido um cume, descobrimos logo outro mais à frente e não temos o fim à vista. Mas, na verdade, cada trabalho meu representa sempre a minha última vontade. Claro que o problema do cancro acentuou bastante mais essa ideia. E fez-me tomar consciência de que a atitude de encarar cada álbum como sendo, potencialmente, o último é, de facto, a mais correcta. Não sei se terei um ano ou dez ainda à minha frente mas claro que continuo a ter sonhos, esperanças e planos para o futuro”. (daqui; segue para aqui)
13 February 2023
Uiiii!... isto rebenta com os limites do aceitávelzinho!... (quer parecer-me que a área do Parque do Perdão deverá ser substancialmente ampliada)
Edit (16:40) - “Bishops asking forgiveness doesn’t mean anything to me”
"Moonstruck (Nico's Song)" (álbum integral aqui)
12 February 2023
11 February 2023
(com a colaboração do correspondente do PdC em Pequim)
10 February 2023
09 February 2023
07 February 2023
06 February 2023
05 February 2023
04 February 2023
03 February 2023
O EIXO SOMBRIO DO MUNDO
Em Superstars: Andy Warhol e os Velvet Underground (Assírio & Alvim, 1992) – extenso dossier incluindo entrevista quadripartida e dicionário sobre os VU, publicado por “Les Inrockuptibles” aquando da reunião histórica da banda para a abertura da exposição Andy Warhol System, Pub, Pop Rock, a 15 de Junho de 1990, na Fundação Cartier, em Paris – John Cale, por entre um desfile de memórias agridoces, aqui e ali, vai deixando cair uma ou outra confissão que ajudam a iluminar melhor o percurso dele e da banda. Por exemplo, logo a abrir, ele que, enquanto jovem, tocara com a National Youth Orchestra do País de Gales, estudara no Goldsmiths College, de Londres, aproximara-se de John Cage, do Fluxus e do Theatre Of Eternal Music de La Monte Young, dispara: “Não existe qualquer futilidade no rock’n’roll. Na vanguarda, sim. O rock’n’roll é demasiado urgente para ser fútil e é isso que ele tem de fantástico”. Tudo começara quando, aos 15 anos, num cinema de Gales, assistiu a Rock Around The Clock. Para ele que, até ali, “imaginara o rock’n’roll como algo semelhante à música de Stravinsky”, o choque fora tremendo: “Fiquei terrivelmente confuso: queria mesmo dedicar-me à música de vanguarda ou atirar-me ao rock’n’roll?”, conta ele, agora, ao “New York Times”. (daqui; segue para aqui)