28 September 2022

Estou mesmo a vê-lo: "Roubam-nos a água! Lixam-nos na bola!! Em frente, portugueses (de bem), pela libertação de Olivença!!!..."

"Why oligarchs choose London 
for their dirty money"

(ver aqui)
Miasmas da latrina neo-facha
 
(sequência daqui) “Sempre mantive a música como uma actividade em 'part-time' porque não me parece que seja saudável e artisticamente fértil encará-la como um modo de vida. A melhor forma de não deixar de escrever é continuar a viver do mesmo modo que as pessoas sobre quem escrevo vivem”, explicou Joyner à “Uncut”, revelando os TPC que entregou aos músicos com quem iria colaborar em Songs From A Stolen Guitar para que ficassem com uma ideia do que deles esperava: escutar o terceiro álbum dos Velvet Underground, Songs Of Love And Hate, de Leonard Cohen, Stories, de David Blue, Tim Hardin 2, First Take, de Roberta Flack, e Berlin, de Lou Reed. Ninguém falhou. O método? “I wrote a song on a stolen guitar, I gave it all I could, a thief dressed like a revolutionary, wielding nylon, steel, and wood, it was short, it was long, it was weak, it was strong, it was everything I wanted to say, I wrote a song on a stolen guitar, when I was just learning how to play”.

26 September 2022

está de volta!
PART-TIME
 

15 álbuns de estúdio. 10 ao vivo. Uma dúzia de singles e EP. Mais de duas dezenas de presenças em compilações e colaborações várias. Gillian Welch vê nele “o herdeiro do escuro espelho emocional de Henry Miller, do queixume de três acordes de Townes Van Zandt e do minimalismo de Lou Reed”. Beck incluiu-o num top 10 pessoal para a “Rolling Stone”. John Peel passou um álbum inteiro dele no seu programa de rádio. Kurt Wagner (Lambchop) e Jeff Tweedy (Wilco) persignam-se perante ele. Leonard Cohen, Dylan, Johnny Cash, Neil Young e John Cale são apontados como os padrões face aos quais deverá ser avaliado. Mas, 30 anos após o primeiro álbum (Umbilical Chords), Simon Joyner permanece virtualmente desconhecido e feliz, sem manager, agente ou publicista, ocupado com o seu "day job" (antes, um negócio de antiguidades, agora, em parceria com o amigo e baterista Mychal Marasco, uma loja de discos, em Omaha, Nebraska) e sem nenhuns planos de mudança. (daqui; segue para aqui)

24 September 2022


A magia do futebol
 
Sun's Signature - Sun's Signature
(daqui; álbum integral aqui)

23 September 2022

Stick In The Wheel - "White Copper Alley"

Mas, ó Kirill, pá, a oferta das 72 virgens pela concorrência parece muito mais atractiva... (já o Chico incorreu no mesmo erro...)
Um urgente "Apelo a um sociólogo da literatura" para ler e fazer circular com proveito e não menor elevação
 
Stick In The Wheel - Perspectives On Tradition 
 (álbum integral aqui)
 
(sequência daqui) E, para um melhor entendimento, nada como submeter a tradição a uma incursão guerrilheira de desavergonhada “apropriação cultural”: o que, no tal video, ocupava Nicola e Ian era a concretização do projecto de residência artística apresentado à EFDSS em 2019 no qual se propunham examinar as noções de cultura, tradição, recolha, contaminação e fragmentação daquela música, partilhando-a com quem não tinha relação próxima com ela. A saber, Nabihah Iqbal (música, radialista e advogada de origem paquistanesa); Olugbenga Adelekan (baixista nigeriano dos Metronomy e Africa Express); e Jon1st (DJ, "turntablist"). O que – após a estreia integralmente acústica de From Here (2015) e uma mão cheia de "mixtapes" e "field recordings" – já nos anteriores e óptimos Hold Fast (2020) e Tonebeds For Poetry (2021) se desenhava, em Perspectives On Tradition emerge clarissimamente: a "Milkmaid", contemporânea da Tess of the d'Urbervilles, de Thomas Hardy, não se incomoda nada com a vizinhança dos corais do Quénia e da Nigéria electronicamente evaporados, na realidade, parentes muito próximos do que resulta do frenético robustecimento rítmico de "Let No Man Steal Your Thyme". Como já se suspeitava.

22 September 2022

(sequência daqui)




 
Regina Spektor - "Spacetime Fairytale"

(daqui; álbum integral aqui)
Umberto Eco explica tudo muito bem

Boas notícias (para variar)

 "‘He’s done’: how Donald Trump’s legal woes have just gotten a lot worse"

21 September 2022

 (ver também aqui)

Artists For Action – "Which Side 
Are You On?"

Realmente... como é que não se lembraram disso?...

20 September 2022

From spy to president: 
The rise of Vladimir Putin

Business as usual
Putin's Russia: dictator syndrome 
and the rise of a 'mafia state'

GUERRILHA

 
 
Em Agosto de 2020, Nicola Kearey e Ian Carter (os Stick In The Wheel) publicaram um video no YouTube no qual se deixavam ver espiolhando prateleiras e gavetas dos arquivos da Cecil Sharp House, sede da English Folk Dance and Song Society. Algures pelo meio, perante um daqueles “instantãneos de uma época”As Close As Can Be, de Peta Webb e Ken Hall –, Nicola recorda-se de como, ao escutá-lo pela primeira vez, se deu verdadeiramente conta de que ”se tratava de pessoas que tinham vivido uma vida ali presente nas suas vozes e isso fez-me pensar que seria capaz de encontrar uma via para lidar com este tipo de música e torná-la relevante para mim”. Exactamente a mesma Nicola Kearey que, há 4 anos, por altura da publicação de Follow Them True, confessara “I hate folk music” e que, agora, à “Tradfolk”, reforça esse ponto de vista: “Não mudei de opinião. Na verdade, tê-la-ei até endurecido. Penso que muito do cânone da música tradicional inglesa dos recolectores vitorianos é extremamente problemático. O que me interessa nesse passado e nas pessoas que o habitaram é encara-lo como um contínuo até ao presente, compreender por que motivos sobreviveu tanto tempo e aquilo que, enquanto humanos, nos faz ver acerca de nós mesmos”. (daqui; segue para aqui)

"The Milkmaid" (c/ Nabihah Iqbal)

17 September 2022

S O C I A L - F A S C I S T A S
 
(sequência daqui) Demorou só uma década a limar as arestas, à excepção da faixa de abertura, “Underwater” que, desde a publicação como single, em 2000, precisou de 22 anos para alcançar a configuração ideal. Não é exactamente um álbum mas algo entre um mini-álbum e um EP robustecido (5 faixas num total de 30 minutos), intitulado, tal como o duo Fraser-Reece, Sun’s Signature. Damon fala de Bernard Herrmann e John Barry como estimulantes estéticos, Elizabeth prefere resguardar-se das possíveis influências de outros músicos mas gostaria de “conduzir-nos numa viagem como a de Forever Changes, dos Love”. Pensem numa "Song To The Siren" ampliada e mobilada de vibrafones, dulcimers, Moogs, mellotrons, címbalos, e celestas por Alison Goldfrapp, paisagista sonora de Felt Mountain. É por aí.

14 September 2022

LIMAR AS ARESTAS
 

Quando alguém se lembrou de chamar a Elizabeth Fraser “a voz de deus”, poderemos ter, enfim, ficado a conhecer o género do poder supremo mas isso nunca seria atenuante suficiente para um insulto que ela, de todo, não merecia. Porém, repetindo talvez a certidão de óbito nietzschiana de 1882, em 1997, os Cocteau Twins imobilizaram-se para sempre e “a voz de deus” calou-se. Não de forma realmente total mas apenas os de muita fé terão reparado nas meteóricas aparições – à boleia dos Massive Attack, Peter Gabriel, Sam Lee, Oneohtrix Point Never, duas ou três bandas sonoras, um ou dois singles quase confidenciais e outro realmente confidencial (e inédito: “All Flowers in Time Bend Towards the Sun”, com Jeff Buckley) – que, em 2012, passariam pelo palco do London Meltdown Festival. Com o companheiro e co-conspirador Damon Reece (Massive Attack, Spiritualized, Echo & the Bunnymen, Lupine Howl) aí apresentaria quatro quintos do que, três anos antes, ao “Guardian”, havia revelado “poder vir a ser um álbum”, embora a precisar ainda de “ser muito polido”. (daqui; segue para aqui)

"Underwater"
Leopardo tem toda a razão quando cita Pérez Reverte ("Vejam, a guerra é a mesma. De Troia à Ucrânia. A forma técnica de fazer a guerra, de matar e destruir, mudou. Mas o ser humano é o mesmo. Assim, na guerra ucraniana, que é a guerra mais recente que todos nós temos, todos vimos na internet imagens dos dois lados a fazer atrocidades e a fazer coisas heroicas. Os russos fazem coisas terríveis e belas, e também vimos prisioneiros mortos, prisioneiros russos mutilados por ucranianos ou ucranianos mutilados por russos. Esse é o ser humano. Assim, é claro, a guerra é o ser humano levado ao extremo da sua bondade e do seu mal"). O que, apesar de rigorosamente verdadeiro, não resolve o problema de fundo: sendo evidente que, quando atacados, dar a outra face não resulta, como fazer?
Why is Vladimir Putin so obsessed with Ukraine?

Vá lá, tropa fandanga social-fascista, toca a estudar e aplicar a linha política do chefe Zyuganov! 

“How does a special military operation differ from a war? You can end a military operation at any moment. A war isn’t something you can just stop; it ends in either victory or defeat. I invite you to consider the thought that there’s a war going on — one that we don’t have the right to lose. Now’s not the time to panic. It’s time for a total mobilization of the country. We need a completely different set of laws"

13 September 2022

Folknery & Boguslavka (concerto e angariação de fundos: um drone para o Exército)


É proibido perder tempo! Este é o momento para exigir ao Turismo de Portugal que, em conjunto com o "franchise" local da Vaticano S.A., faça todo o "lobbying" que for necessário para, no próximo 13 de Outubro, se concretizar uma sensacional aparição conjunta da Isabelinha e da Fatinha!!!

(entretanto, se puderem evitar de falar sobre "as milhares de pessoas", ficaremos eternamente gratos)


12 September 2022

... e vão mais 85...
Andrew Bird - "Atomized"/"Official Lyric Video"

(daqui)
... e, na noite do dia em que a Isabelinha (que era tão fofa) batia a bota, a lusa colega, também Isabel, curtia o odorzinho de estábulo, no encerramento da mini-temporada do Campo Pequeno "que contemplou apenas 4 espectáculos"
 
Edit (16:18) - "Perturbação da paz":
 

 
(sequência daqui) Como nos anteriores Dereconstructed (2014) e Youth Detention (Nail My Feet Down To The Southside Of Town (2017), em Old-Time Folks, Lee Bains + The Glory Fires não tentam sequer esquivar-se ao universo da história do Sul dos EUA, vivido e observado pelo ponto de vista de um branco que não ignora o rasto de sangue e violência racial que estrangula num nó cego o ar que se respira no Alabama. "Cowpunk" que se recorda bem de Woody Guthrie e escutou atentamente os Clash, oiçam-no em "(In Remembrance of the) 40-Hour Week": "Seems like lately we get up/to go work/get ready for work/we head to work/and we work/till we get off work/and we take it from the house from work/hit the kitchen and we get to work/we talk about work/we worry about work/we dream about it”.

09 September 2022

UM NÓ CEGO


Em Novembro do ano passado, Lee Bains publicou em “The New Yorker” uma extensa “freewheeling poetic sequence” – Work Lunch – acerca da qual Kevin Young, o editor dessa publicação, diria: “Este ciclo de poemas tem o poder da música, uma exaltação do quotidiano que recorda Coney Island of the Mind, de Lawrence Ferlinghetti”. Pelo meio dessa imensa proliferação de personagens, tempos e lugares, uma “grandmama” viajava entre passado, presente e futuro – “She would walk those dusty miles down to the picture show. She usually didn’t have shoes then. This was the Twenties. The Depression hadn’t even hit yet. She would clutch the dime in her tight little hand, feeling the smooth cool of the plated silver and the wings on the side of Lady Liberty’s head. She would come to reach the pasture that, in warmer months, would be transformed into the expansive prairies of the Wild West, the glittering ballrooms of New York City, the dark stony castles of France, the sun-swept courtyards of Arabia” – para, a determinado ponto, deixar cair uma surda observação: “You may be poor, but at least you ain’t Black”. (daqui; segue para aqui)

08 September 2022

 
The Smiths - The Queen Is Dead - A Film By Derek Jarman

E eis chegado o improvável dia em que se faz figas para que os fachos tenham razão

Será, enfim, o tiro de partida 

(via DT)
O ex-"sit down comedian" só não ficará associado à campanha do Fachonaro porque ninguém sabe quem ele é (00:47)...
 

... mas da foto com a bandeirinha anti-aborto e anti-drogas não se safa... (clicar na imagem para ampliar)

04 September 2022

Andrew Bird & Lucius - "Venus In Furs" (Lou Reed/Velvet Underground)

(ver aqui)
O "cérebro" do Chaga baralha-se e confunde Brejnev com o psicólogo alemão Kurt Lewin (podem continuar sff)
"Becoming All Alone"
 
(sequência daqui) O modo como tudo isto, observado sob vários ângulos, acaba por estar presente em Home, Before and After (oitavo álbum de estúdio de Regina e o sucessor de Remember Us To Life, de 2016), concluído antes do início do morticínio ucraniano, é apenas mais um sinal de como, olhando para os detalhes do mundo, Regina Spektor tanto os amplia desmedidamente como os transpõe para a dimensão de quase aforismos virtualmente independentes de tempo e lugar: “The world began outside of time , some days it’s yours, some days it’s mine, some days it’s cruel, some days it’s kind, it just can’t stay the same”, é o pequeno engenho verbal que, à beira do final, desvenda o sentido de "Spacetime Fairytale" – o épico quase wagneriano de 9 minutos que Stephen Sondheim poderia ter sonhado num grandioso devaneio psicadélico interrompido por um "intermezzo" de "tap-dance"; "Becoming All Alone", retoma a peculiar teologia spektoriana iniciada em "Laughing With" (“God could be funny, when told he'll give you money if you just pray the right way, and when presented like a genie who does magic like Houdini”) no relato de como, ao cruzar da esquina, Deus, em paleio de engate, se lhe dirige (“Hey, let's grab a beer, it's awful late, we both right here") mas se esquiva a responder a “Why doesn't it get better with time?”; e, a encerrar, sobrevoando as cordas oceânicas da Skopje Studio Orchestra, um micro-drama indidual transforma-se no ponto de partida para que, em "Through a Door", um terrível e precário ponto de equilíbrio possa ser alcançado: “By tomorrow may it pass, like a shadow or a storm, without darkness, is there light? Without night, is there a morning?” Uma declaração de intenções? Ver, por exemplo, na “Vulture”: “Não crio arte universal. Não faço declarações universais. Não sou uma líder de opinião. Quem se compromete totalmente com um grupo acaba por perder a individualidade”.