01 September 2022

OS DETALHES DO MUNDO 

Regina Spektor conhece bem aquilo de que fala: Home, Before and After. Nascida na Moscovo ainda soviética de 1980 com avós originários da Ucrânia, mal as primeiras frestas da “perestroika” se abriram autorizando a emigração de cidadãos judeus, a família Spektor – Ilya, o pai fotógrafo e violinista, Bella, a mãe professora de piano, Boruch, o irmão, e ela –, em 1989, voou para os EUA. Todas essas memórias deverão ter-lhe regressado a galope quando, no passado dia 24 de Fevereiro, em pleno início da invasão russa da Ucrânia, escreveu no Instagram: “Hoje dói-me o coração porque, por mais enormes obras de arte e de música que existam a denunciar os horrores da guerra (Guernica.... 'Masters Of War'... Vonnegut... Remarque... tantos filmes em tantas línguas...), novos senhores da guerra se vão erguendo em todas as nações, enviando novos jovens para se massacrarem mutuamente”. Mais recentemente, à “NPR”, confessaria: “É verdade, estou devastada. Não acredito que isto possa estar a acontecer. Os meus avós são da Ucrânia e combatemos todos juntos na Segunda Guerra Mundial. Cresci na Rússia soviética e não existia qualquer diferença entre os nossos familiares de Moscovo e os de Odessa. Era um lugar colectivo onde todos tínham sofrido horrores, todos tínham combatido os nazis e vivido o pesadelo de ver o nosso território invadido. Mas, agora, na Ucrânia, o que vemos são milhões de civis arrastados para uma guerra, cidades vibrantes cheias de famílias. Não consigo ver mais reportagens. Já chorei demais, já me enfureci demais. É aterrador”. (daqui segue para aqui)

"Up the Mountain"

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