18 July 2023


(sequência daqui) Abdicando da etapa do registo inicial de maquetes, PJ gravaria directamente a voz para o telemóvel e, em estúdio – configurado para registar os resultados de improvisações espontâneas, cintilações improváveis, momentos inesperados –, sob aquilo que Flood designa como a "ditadura benévola" de Polly Jean, se esse seria o ponto de arranque por ela definido, toda a concretizção e exploração posteriores ficariam a dever-se ao colectivo. É nessa matéria sonora que se enraíza a história da jovem Ira-Abel Rawles e dos seus dolorosos ritos de passagem à idade adulta, narrados por Orlam, o olho vigilante de um cordeiro e entidade protectora de Ira, num mundo de criaturas malignas por onde a personagem fantasmática de um soldado ferido, Wyman-Elvis, espalha as palavras da salvação: "Love me tender". Aqui e ali, escutam-se ecos de Let England Shake (2011) ou White Chalk (2007), Por momentos, recordamos Is This Desire? e alguma vibração distante de "Sheela-Na-Gig" (1992) paira por ali. Mas nada disso desmente o pedido que ela fizera a Flood: "Quero ouvir algo que nunca tenha ouvido antes".

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