19 July 2023

Remember what the dormouse said: feed your head (XXXI)

"O racismo nas páginas de 'A Esfera' atinge uma maior virulência no campo artístico. Aí é que os nossos germanófilos perdem as estribeiras e, de caneta em riste, alongam-se em artigos contra a 'degenerada música negra': o jazz. Para um germanófilo, o que era o jazz quando comparado com a alta estética da música alemã? Poderíamos dar vários exemplos mas este artigo, que surge na edição de 20 de Março de 1945 (...), é paradigmático. Satiriza essa 'música espiritual dos negros', cujo batuque o articulista escutou depois de 'esfregar os olhos de espanto' e depois de constatar que 'se aquilo é arte, então a missão civilizadora dos portugueses em África de nada valeu'. O jazz não ia ao encontro do gosto germanófilo de 'A Esfera' (...). Como garantia Eduardo Frias (...), o jazz era um conjunto de 'sonoridades roucas, bacanais e rugidos, dissonâncias loucas, monstruosidades grotescas como esgares acústicos, [sendo evidente a] origem satânica desta irrupção do primitivismo selvagem'" (Sérgio Luís de Carvalho - Lisboa Nazi: A cidade secreta dos portugueses que lutaram pelo Terceiro Reich

(ver também aqui e aqui)

3 comments:

Anonymous said...

Devido à mansidão fomos sempre a cidade secreta para nazis, marxistas-leninistas e até adeptos da Margaretha Gertruida Zelle e afins.

E não me venham com a lenga-lenga de que o Salazarismo era um fascismo, quando não o foi. "Apenas" uma ditadura, pouco sanguinária e muito pidesca.

Armando

João Lisboa said...

"a cidade secreta para nazis, marxistas-leninistas e até adeptos da Margaretha Gertruida Zelle"

Quando é que foi "cidade secreta" para... marxistas-leninistas???

E quem eram "os adeptos" da Mata Hari?...

"o Salazarismo era um fascismo, quando não o foi. "Apenas" uma ditadura, pouco sanguinária e muito pidesca"

Cancro, Alzheimer e hepatite, todos diferentes, todos horríveis. Nazismo, fascismo, franquismo, salazarismo, é o mesmo. E, se quiser, pode acrescentar-lhe o estalinismo em todas as suas declinações.

Anonymous said...

Caraças, mas o jazz ainda hoje é assim! É por isso que gosto tanto de jazz...
carlos