MEA MAXIMA CULPA (III)
(publicado no nº 11 da "Granta")
(sequência daqui) E, não sendo tal blasfémia, pelos vistos, suficiente, após caracterizar a nova personagem ("É verdadeiramente o 'songwriter' a quem o qualificativo de 'novo Dylan' assenta que nem uma luva. O que ele, aliás, parece ser o primeiro a desejar: da capa de Rave On — um exacto 'remake' da de Another Side Of Bob Dylan — à música e aos textos que começam no ponto exacto onde Dylan 'parou', tudo aponta para o retomar de um caminho interrompido que White parece empenhado em percorrer"), sardonicamente, concluia: "Vinte anos depois do celebérrimo acidente de moto, Bob Dylan, enfim recuperado, pode, de uma vez por todas, despedir o duplo que fez o favor de o substituir durante duas décadas e retomar pessoalmente a escrita, gravação e interpretação das suas canções. Se o duplo se retirará de livre vontade da cena que teve o prazer de ocupar durante tão largo período é o que restará agora verificar". Registe-se, então, que Andy White nunca gravaria Oh Mercy (1989), Time Out Of Mind (1997), Love And Theft (2001), Modern Times (2006), Together Through Life (2009), Tempest (2012), e Rough And Rowdy Ways (2020), não escreveria Chronicles: Volume One (2004) nem The Philosophy Of Modern Song (2022), não seria a semente do magnífico I'm Not There (“um filme inspirado pela música e pelas muitas vidas de Bob Dylan”), de Todd Haynes (2007), e muito menos se veria distinguido com o Prémio Nobel da Literatura (2016). (segue para aqui)
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