20 June 2011

PROVA DE VIDA
(sequência daqui)

Robbie Robertson - How To Become Clairvoyant

O último álbum de Robbie Robertson, Contact From The Underworld Of Redboy, havia sido publicado em 1998. Isto significa que não só How To Become Clairvoyant é o seu primeiro álbum do século XXI (e editado na segunda década do mesmo) mas também que o interregno de treze anos entre ambos ultrapassou o tempo de vida da Band (entre Music From Big Pink, de 1968, e The Last Waltz, de 1978). Se a estes dados acrescentarmos que, desde que iniciou a sua discografia individual, em 1987, com Robbie Robertson, até hoje, no total, soma apenas cinco álbuns, não deverá ser difícil compreender como sobre esta sua gravação se depositavam mui legítimas expectativas.



"Elder statesman" da música popular norte-americana, companheiro de Bob Dylan em alguns daqueles momentos que, sem exagero, se pode afirmar terem mudado o mundo, guitarrista, autor e co-autor de parcela significativa do precioso reportório da Band - a história da América em vinhetas de três minutos ou pouco mais –, do canadiano Jaime Royal Robertson, nunca se espera menos do que algo memorável. É verdade que, nas últimas décadas, mais ocupado com as indústrias cinematográfica e discográfica (trabalhou com Martin Scorsese em diversas bandas sonoras e foi A&R da Dreamworks), verdadeiramente à altura da lenda, apenas estivera o seu álbum a solo inicial. Daí que a semi-desilusão que é How To Become Clairvoyant apareça um tanto amortecida: em registo de revisitação autobiográfica, inclui três ou quatro canções de bom recorte robbertsiano (em particular, “When The Night Was Young”, “This Is Where I Get Off” e o tema-título) e demasiado algodão-doce contrabandeado por Eric Clapton (participante em sete faixas), praticamente apaga as contribuições de Tom Morello e Trent Reznor e, de um modo geral, funciona como prova de vida que, se não é embaraçosa, também não chega a entusiasmar.

(2011)

1 comment:

Anonymous said...

Está lá tudo, só lhe falta a voz... :-(