01 February 2025

 
(sequência daqui) Em 2022, quando, enfim, uma parte substancial do universo se rendera perante a excelência da obra de Tamara, ela antevia que o que se seguiria a How Is It That I Should Look at the Stars não seria apenas "uma coisinha extra" mas sim um álbum "mais completo, mais encorpado", "another big record". Na verdade, Humanhood não viria a ser algo de confortavelmente construído sob um cenário de sucesso finalmente atingido: debatendo-se com um severo surto de perturbação mental, Humanhood acabaria por ser tanto um registo da jornada de travessia das trevas como um hesitante mapa do percurso de regresso à luz: "Escrevi durante um momento de grande confusão, de me sentir virada do avesso, um daqueles momentos em que até o desejo se extingue e a dissociação nos corta o contacto com uma história que, apesar de errada, ainda conseguia manter todas peças juntas. Uma canção como 'Neon Signs' surgiu como uma forma de atar vários fios; o modo como uma coisa que não é verdadeira parece ter ainda mais intensidade do que outra que o é; a confusão de ser bombardeada com publicidade num momento de emergência climática, a confusão das relações nas quais a coacção é embrulhada na linguagem do amor. Na realidade, não é tudo a mesma sensação?..." (segue)

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