ÁGUAS POUCO TRANQUILAS
Uma sucessão de vistas aéreas sobre as luzes noturnas de Toronto. A câmara desce para apanhar Tamara Lindeman deitada sobre o pavimento, escondida, enroscada sobre si mesma ("I’ve gotten used to feeling like I’m crazy - or just lazy. Why can’t I get off this floor? Think straight anymore?"). Ergue a cabeça, olha-nos e parece tocar na câmara para a redireccionar sobre o movimento da rua ("Out on the street, I went walking in a punishing heat - nobody meets my eyes except witty signs and luxury designs. Every neon sign every flashing light tries to fool you"). Ao longo do caminho, diversas pessoas empurram-se, são molestadas, incomodadas, roubadas, pontapeiam lixo, agridem-se. Tamara parece ser perseguida mas liberta-se ("Every neon sign every flashing light tried to fool me. There I was - just stretching out my mind to take in every wounded story. Nothing needs you so badly as a lie, so lonely, drifting, unmoored from real life"). A câmara, rente ao chão, filma passos, túneis, autoestradas. Por fim, imobiliza-lhe o olhar e os movimentos sob golpes de luz e regressa à "skyline" urbana ("Till I fell out of desire like a slipped knot I fell out of desire and nothing caught I fell out of the fire wasn’t even hot I could feel nothing nothing nothing nothing naught"). É uma sinopse do vídeo de "Neon Signs" de Humanhood, o álbum de Tamara Lindeman/The Weather Station, que sucede ao par Ignorance (2021)/How Is It That I Should Look at the Stars (2022). E que deve ser escutada como uma esclarecedora introdução ao que não era suposto ter sido essa sucessão. (daqui; segue)
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