10 July 2023

 
(sequência daqui) PJ, falando publicamente pela primeira vez desde há 10 anos, explicava ao "Observer": "Os dialectos são uma óptima ferramenta para a poesia porque as palavras ganham diferentes conotações. Quando acabo de ler um grande poema, tenho de respirar fundo, Nos meus poemas não pretendo dizer às pessoas como devem sentir-se. Pretendo, sim, abrir a porta para que o possam descobrir por si". E contava como, enquanto escrevia, "transportava as paisagens do livro comigo, como se habitasse um universo paralelo. Em todas as horas do dia, corriam ao meu lado. Estava completamente envolvida naquela jornada. Orientava-me em tudo o que fazia, tudo o que via tinha adquirido as cores daquele mundo no qual havia entrado". Mais importante ainda: apercebera-se da diferença entre escrever textos para canções e escrever poemas. "A poesia necessita de criar um mundo integral na página sem acompanhamento musical, através da forma, da rima, da métrica e da tonalidade. O texto de uma canção pode ser uma pincelada muito ligeira porque a música proporciona emoção e atmosfera e auxilia o texto a ganhar relevo". E, contudo, em Abril do ano passado, Liz Berry escrevia no "Guardian": "A articulação intelectual de dialecto, folclore, imaginário bíblico e rima podem empurrar os poemas para o arcaísmo, fazendo-os assemelhar-se a canções folk foragidas. Na verdade, canções tanto antigas como novas, desabrocham por Orlam como flores silvestres e nós ansiamos pelas melodias que as poderiam ter acompanhado". (segue para aqui)

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