31 July 2023

 
(sequência daqui) Falando acerca de False Lankum, o quarto álbum do quarteto irlandês agora publicado, Ian recentra o problema: "Sabemos bem o que a tradição é porque temos andado bastante à volta dela. Por isso, sabemos também que o que fazemos não é música tradicional. É algo no qual a música tradicional é um elemento muito importante mas, na verdade, apenas um elemento entre muitos outros. Vejo a tradição como uma corrente. Não um género musical mas, antes, um processo. Importante é que as canções que interpretamos tenham alguma ressonância no que é a nossa vida". Se o anterior, The Livelong Day, era da linhagem dos clássicos intantâneos, False Lankum ousa não se deixar abater por tal peso. Desde o início, com a intensa voz a cappella de Radie Peat abrindo os 9 minutos da missa negra "Go Dig My Grave", ao exercício de afogamento da jovial reel "Master Crowley" nas cisternas do Inferno, ao banho de sangue da sea shanty, "The New York Trader", ou à catedral em lento desmoronamento de "The Turn", com três curtas "Fugues" ("Um caos sonoro que reflecte o tempo movendo-se para trás") como pontuação, o álbum foi concebido durante a noite num forte militar à beira do Atlântico e gravado, de dia, no Hellfire Studio, de Dublin. Quase se adivinhava.

No comments: