29 April 2021

Efterklang - "Postal" (Piano Magic)
 
(sequência daqui) A estética das capas dos álbuns da responsabilidade de Vaughan Oliver – morto há dois anos – e do atelier 23 Envelope terão sido, indiscutivelmente, um dos traços mais relevantes para a definição da identidade da 4AD. Oliver confessava “A primeira coisa que escrevi numa parede de casa de banho foi uma citação de Robert Doisneau, ‘Sugerir é criar, descrever é destruir’. Gosto de elevar o banal através do surreal. O mistério e a ambiguidade são ferramentas essenciais no arsenal de um 'designer'. Manter as coisas abertas à interpretação é o mais importante”. Halliday não poderia estar mais de acordo: “Sim! Sem dúvida. O 'artwork' foi um dos elementos mais decisivos, um factor de unidade. Mais uma vez, tal como aconteceu com a Factory, na qual aquele 'design' clássico do Peter Saville foi um elemento preponderante. E é curioso porque, por vezes, os músicos desejavam responsabilizar-se também pelo 'artwork'... Mas a 4AD, nos anos 80, insistia naquela estética global. Apesar de a maioria das pessoas não querer saber das editoras. A menos que se trate da Motown!... É verdade que os anos 80 devem ter sido a última vez que as editoras tiveram algum significado, no universo pós-punk havia uma onda 'indie' genuína. Os anos 70 tinham sido muito diferentes: as 'majors' detinham um controlo muito grande. Mas, no final da década de 80, a identidade das editoras independentes tinha começado a diminuir à medida que elas cresciam e a diversidade dos catálogos aumentava. Os anos 80 foram um período romântico para as editoras. Quando, hoje, recebe um disco novo da 4AD ou da Domino, imagina que, muito provavelmente, valerá a pena prestar-lhe atenção mas – ao contrário do que dantes acontecia – já não faz a menor ideia de como será a música”.

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