(sequência daqui) "Por detrás do elogio da ociosidade [no Fabliau de Coquaigne], há uma contestação do tempo, do tempo medido, do calendário. Todos os dias sem trabalho são ali multiplicados: cada ano tem quatro Páscoas, quatro São João, quatro Todos os Santos, quatro Natais, quatro Candelárias, e na verdade 'todos os dias são domingos e feriados'. No século XIII (...), o sistema de festas é um sistema de dias de descanso, de folgas não remuneradas criadas para contentar o empresário, que economiza salários, e o assalariado, que repousa ou dedica-se a ocupações não consideradas trabalho. Com muita perspicácia, Hilário Franco Júnior nota que na Cocanha não há festas. A Cocanha é uma festa. O tempo, isento de actividades, é imóvel: ali é sempre 'como se fosse Maio'". (do prefácio de Jacques Le Goff para Cocanha - A História de Um País Imaginário de Hilário Franco Júnior - 2; segue para aqui)
18 February 2021
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