17 August 2015

7 a 0

3 comments:

Anonymous said...

Não vem a propósito do post em questão.
Mas vale a pena ler esta entrevista ao Professor Marcelo.
http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=4729161

Ana Cristina Leonardo said...

Acho que vais gostar disto.

#11 NUNO MELO

As pessoas se calhar não se lembram mas, logo a seguir ao Virgolino que, após 60 anos a trabalhar na agricultura, pediu um crédito para fazer uma casa de banho na casa e fodeu esta merda toda, da Zulmira que andou anos a beber galões no Café Central à conta do rendimento mínimo e do Cájó que fez disparar a dívida externa com um empréstimo para comprar o T2 na Damaia, houve o BPN. Parecendo que não, também ajudou um bocado. O Virgolino, a Zulmira e o Cajó aprenderam o que é andar a viver acima das possibilidades, perderam a casa para o fisco e agora vão buscar o arroz e a massa ao Banco Alimentar. Mas quem teve mesmo o que merecia foi Oliveira Costa e amigos. Esses levaram com o Nuno Melo numa comissão de inquérito. O admirável mundo da banca nunca mais foi o mesmo. Tirando... talvez o BES, vá.

Nuno Melo é a Mariana Mortágua de 2009. Caso a Mariana Mortágua, por alguma razão, tivesse nascido com dois testículos, metade da língua dormente e um cromossoma trissomático. Andava o Nuno há anos a virar feiras com o Portas quando, à conta de veementes protestos, interpelações impetuosas e até perguntas conseguiu transformar a comissão de inquérito num Bem-vindos a Beirais, mas com audiências. O que não é fácil, porque o elenco incluía pessoas do tipo Vítor Constâncio. E mesmo os produtores de reality shows sabem que até os amantes do lixo televisivo têm limites para levar com coisas abjectas.

É essa a beleza de Nuno Melo, esse equilíbrio instável, esse existencialismo sartriano, permanente funâmbulo num fio sobre dois abismos: ser o homem mais inteligente de Portugal e o forcado criado por bois num estábulo abandonado em Santarém.

Este belo e inteligente exemplar com Denominação de Origem Protegida de Joane, círculo de Braga, deu muitas audiências ao canal Parlamento. Só que, como tem sido triste fado do país, foi criar valor lá para fora, protagonizando uma das mais dramáticas fugas de cérebros de que há memória. Além de dramática, é uma das histórias mais tristes sobre cérebros da política nacional, a par da do ministro da Agricultura que andou a comer mioleira em plena crise das vacas loucas. Mas foi vista pelo CDS como um sacrifício a bem do país que permitiu, naquele ano, equilibrar a balança comercial, tal o poderio intelectual enviado para Estrasburgo.

Às vezes, Nuno Melo tem saudades das interpelações da comissão de inquérito. Nessas alturas, pede a Paulo Portas que lhe mande o Bruno Maçães para dar calduços nos corredores do Parlamento Europeu. Ainda poucos sabem, mas foi para isso que ele foi nomeado secretário de Estado.

Amigos: Betos rurais, tias de Cascais e outros aficionados da lavoura

Inimigos: Nemátodo do pinheiro bravo

Aliados: Empresas que vão ao Paquistão buscar reforços para a lavoura

João Lisboa said...

"Acho que vais gostar disto"

Lês-me o pensamento. :-)

De onde saiu isso?