"Durante séculos, os doutores e os padres segregaram perfumadas essências de santo saber para redimir, através do pensamento daquilo que é alto, a miséria e a tentação daquilo que é baixo. E este livro, justificando como miraculoso remédio a comédia, a sátira e o mimo, que produziriam a purificação das paixões através da representação do defeito, do vício, da fraqueza, induziria os falsos sábios a tentar redimir (com diabólica reviravolta) o alto através da aceitação do baixo. Deste livro derivaria o pensamento que o homem pode querer sobre a terra (...) a própria abundância do país de Cocanha. (...) Disse um filósofo grego (...) que se deve desmantelar a seriedade dos adversários com o riso, e o riso adversário com a seriedade. A prudência dos nossos padres fez a sua escolha: se o riso é o deleite da plebe, que a licença da plebe seja refreada e humilhada, e atemorizada com a severidade" (Umberto Eco, O Nome da Rosa - sequência daqui)
Pieter Bruegel, o Velho - The Land of Cockaigne (1567)
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