O PENSAMENTO FILOSÓFICO PORTUGUÊS (CXVI)
Pedro Arroja
A nação é uma MILF (parte I)
"Não existe, provavelmente, ideia mais incompreendida no espírito popular do que a ideia de virilidade. Associa-se, em primeiro lugar, a virilidade ao sexo, e ao sexo masculino, e depois considera-se viril o homem que tem muitas relações sexuais, às vezes com muitas mulheres.
Aquilo que se me oferece dizer a este respeito é que a virilidade, embora também se exprima fisicamente, é, em primeiro lugar, uma qualidade espiritual. A virilidade diz respeito, em primeiro lugar, ao espírito e só secundariamente ao corpo. E quanto à ideia popular de que um homem viril é um mulherengo, um homem que passa a vida em relações sexuais com mulheres ou nos braços de mulheres, não pode existir nada de mais errado. Um mulherengo não é um homem viril, é um homem mole, porque uma das consequências essenciais de uma relação sexual entre um homem e uma mulher é o de ela permitir à mulher tirar a virilidade ao homem.
Então o que é um homem viril? Se eu tivesse de definir numa só palavra, diria: é um homem contido. A própria palavra viril, que tem origem no latim, apela à ideia de contentor (âmbula ou redoma de vidro). Do ponto de vista sexual e menos importante para os efeitos do meu argumento, o homem viril pratica o sexo com contenção de tal maneira que, quando o faz, se encontra na sua máxima potência (ao contrário do mulherengo que, passando a vida a praticar sexo, não tem potência nenhuma). (...)
A Nação, que é uma figura de mulher madura, aprecia um homem assim.
Porque esse homem é que lhe dá garantias de que a relação é fecunda e é
uma relação para sempre. A Nação vai provocá-lo muitas vezes e das mais
variadas formas, picando-o, espicaçando-o, gozando com ele, pondo-lhe
alcunhas, insultando-o até, mas ele não reage a nada disso. Mantém-se
calado, aguenta tudo. É um homem contido, é um homem viril". (aqui; agradecimentos ao FNV que me chamou, de novo, a atenção para um grande mestre ao qual andava indesculpavelmente desatento)
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