23 October 2010

O "MANELINHO" EM DISCURSO DIRECTO


    Luís Capucha...

"Os alunos quando obtêm um diploma [das "Novas Oportunidades"], esse corresponde às competências que têm. Existem referenciais que estabelecem as áreas de competências que têm que ser possuídas e toda a avaliação de conhecimentos e os júris de certificação garantem que as pessoas possuem essas competências".

(há "referenciais", sim senhor: podem consultá-los aqui, aqui, aqui e aqui)

"Há dois grandes indicadores que mostram que as pessoas saem mais capacitadas, preparadas para os desafios: a adesão das empresas à INO e os testemunhos das pessoas"

(... parece que não... ora veja lá aqui)


   ... aliás, o "Manelinho"

Um adulto pode chegar com o 6º ano e sair, em poucos meses, com o 12º?
Pode acontecer. Há uma ruptura com a lógica de disciplinas, das metodologias de ensino e aprendizagem para uma lógica mais abrangente de evidenciar o que o adulto sabe e integrar a sua experiência.

Não se qualificam pessoas para ficar bem nas estatísticas, como dizem alguns críticos?
Que mal é que existe em o país ter uma boa imagem? Essas pessoas preferiam que apenas 20 por cento dos adultos activos possuíssem o ensino secundário? Essa era a imagem do país. (a totalidade da entrevista com Luís Capucha, director da Agência Nacional para a "Qualificação"/"Novas Oportunidades" aqui)

(2010)

3 comments:

Rui Gonçalves said...

Entre outras barbaridades, conclui-se que, para este senhor, aprender é revelar aquilo que se sabe. Mais ainda: para este idiota a aparência soprepõe-se à substância. É por isto (e, vá lá, também por outras razões) que vivemos num país de "grunhos"...

João Lisboa said...

Eles explicam tudo muito bem:

"tal abordagem evidencia o carácter dinâmico e complexo de competência, valorizando os atributos do sujeito mas articulando-os com o contexto específico onde este se situa";

"a competência não é dissociável das condições sociais em que se produz, apoiando-se em saberes que são socialmente construídos. Esta abordagem assenta, assim, numa ideia de competência como construção social, assumindo uma visão de processo e não de estado, o que torna difícil que ela seja formalizada e avaliada com instrumentos orientados para a avaliação/identificação de estados"

"As competências não existem por si próprias; o que existem são pessoas possuidoras de competências, o que significa que estas não podem ser reconhecidas e avaliadas independentemente dos indivíduos que delas são portadores e da sua participação activa e voluntária nesse processo"

http://lishbuna.blogspot.com/2009/12/bem-vindos-entao-as-novas-oportunidades_13.html

"a avaliação/identificação de estados". Gasosos, naturalmente.

Ванесса said...

Entre nós, amante ferrenho de touradas e grunho de gema. Pior do que uma imagem negativa do país com base em dados estatísticos, só mesmo uma "boa imagem" que não passa de um conceito, de números escritos e de papéis que não alteram estruturalmente os hábitos culturais (a título de exemplo) e que mantêm Portugal na mediocridade. Como é que um Sociólogo pode fazer uma leitura destas?, ter uma posição tão irrealista, pedante, que não convida a uma análise profunda e compreensível de fenómenos sociais?