FRANÇAIS, ENCORE UN EFFORT SI VOUS VOULEZ ÊTRE CONS
França proíbe véu islâmico
"A autodeterminação da mulher (ou de qualquer individuo adulto) é, como o nome indica, decisão do próprio. Não é uma obrigação legal. Muito menos quando se trata do que cada um faz com o seu próprio corpo. Esta decisão da França é o recuo (e não avanço) civilizacional. Ela é atentatória da liberdade individual. Que inclui, a liberdade de ser conservador e fazer coisas que nos incomodam. Que a mim me incomodam.
Dirão: mas não é a mulher que escolhe usar o niqab. Quem dera que em todas as decisões fosse tão claro o que é escolha e o que é condicionamento cultural. Porque não proibir o uso do cilício por indivíduos de algumas seitas católicas? E a abstinência sexual dos sacerdotes? E a prostituição (legal, e bem, na maioria dos países)? Ou para ficar mais perto do que está em causa, o uso de véu pelas freiras? Sendo voluntário, não é tudo isto induzido culturalmente ou fruto mais de necessidade do que de escolha? Não pode alguém argumentar que cada uma destas coisas põe em causa a dignidade individual de quem as pratica?" (aqui)
"Se me indignam as mulheres tapadas em obediência a um deus ou a um amo? Claro que sim. Mas elas não se libertam dos deuses e dos amos por força da lei, libertam-se com educação, saúde, direitos, autonomia económica, com tudo o que lhes dê capacidade real de auto-determinação. Em última análise, se uma mulher quiser ocultar o corpo, seja lá pelo que for, o corpo é dela e tem esse direito. A premissa de que se parte, nisto da proibição, segundo a qual coitadinhas, são ignorantes e oprimidas e precisam que o Estado tome conta da sua roupa, é paternalista e profundamente machista. Há mulheres que andam veladas porque querem, porque gostam e, como ouvi outro dia uma explicar, porque lhes parece que antes a sua roupa que a nossa ditadura do tamanho 36, que faz as europeias passarem a vida a rejeitar o corpo que têm". (aqui)
(2010)
14 July 2010
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9 comments:
Mas haverá, nos países muçulmanos, o direito ao principio da reciprocidade?
Podem as europeias usar mini-saias?
Há países muçulmanos e países muçulmanos. Tal como há países "não-muçulmanos" como a França ou a Suíça que optam por atitudes destas e outros que não o fazem.
Mas mesmo que, em todos os países muçulmanos, isso fosse assim, porque haveria de obrigar-nos a tomar posições simetricamente idiotas?
Caro João Lisboa,
Percebo o ponto de vista que acho sincero e com o único fito de assegurar a liberdade (individual), acredite.
Mas nesta não estou consigo.
O Principio da Reciprocidade existe no Direito Internacional Privado e tem a sua razão.
Respeitêmo-lo. Eu não acho piada a dar a outra face.
abraço
"Eu não acho piada a dar a outra face"
Nem eu. Mas não se trata de dar a outra face. É apenas não responder a um disparate com outro disparate. Se a isso se chama Princípio da Reciprocidade, dispenso-o.
O que é que têm o que os "países muçulmanos" fazem a ver com o caso?
A França é um país laico.
Em muitos países de maioria muçulmana usa-se mini-saia.
De qualquer modo estas mulheres que em França usam o véu nem são representantes de qualquer Estado muçulmano, nem são em muitos casos cidadãs estrangeiros mas sim francesas.
Ainda há-de haver muito boa gente a defender este tipo atentados à auto-determinação cultural em nome de qualquer ideologia (a liberdade, a "Europa", o progresso, etc....)
Antigo traço da "democrática" ditadura da maioria que permite outros tantos atentados à liberdade individual com a desculpa de defender essa mesma liberdade, por exemplo, escondendo sob estas mesmas leis progressistas a impossibilidade que estas minorias de facto têm de aceder a uma real cidadania na Europa, e obviamente tirando o partido económico da sua exploração laboral.
Vive la France!
("O que é que tem" e não "o que é que têm", claro)
Justamente.
O link do primeiro texto leva ao Arrastão, mas o que lá se lê não é aquilo.
Corrigido. Obrigado.
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