13 January 2008

THE BROTHERHOOD OF THE UNKNOWN * (IV)

(* segundo David Thomas: "The first Pere Ubu record was meant to be something that would gain us entry into the Brotherhood of the Unknown that was gathering in used record bins everywhere")



Lullaby Baxter Trio - Capable Egg

Pode não se gostar de um disco que contém uma canção com o supremo refrão zen "ding a ling morning, ding a ling night, just stay stupid, that's all right"? É difícil, muito difícil, mas pode-se. Mas ainda não é o caso de Capable Egg, possivelmente o mais apetecível cocktail de Primavera inventado por uma ex-call-girl e pelos veteranos de guerra de Tom Waits agrupados sob o nome de Oranj Symphonette que, reunidos, respondem, agora, pelo nome de Lullaby Baxter Trio. Antes de ter sido influenciada por Billy Wilder para o novo baptismo, a menina ítalo-canadiana "com um passado" dava pelo nome de Angelina Teresa Iapaolo e começou por travar conhecimento com Marc Ribot, o guitarrista de toda a Nova Iorque "downtown", que a convenceu a desaprender o muito pouco que sabia acerca de tocar guitarra.



Foi por sua indirecta via que Angelina/Lullaby chegou aos notórios Ralph Carney, Joe Gore, Matt Brubeck, Pat Campbell, Rob Burger e Steve Kirby e que acabou por gravar esta estupenda colecção de magníficas canções preguiçosas com letras escritas pelo excelentíssimo "beau" de serviço, Lutwidge Sedgwick, e música composta entre "vaudevilles" decadentes, golpes de acordeão, chamberlins analógicos, valsas evaporadas, Farfisas e Hammonds jurássicos, bandolins, orgãos de fole e outras peças do museu sonoro mundial. Alimentada a Shirley Horn ou Ella Fitzgerald, fascinada por Annie Lennox e umas quantas outras vozes, Angelina/Lullaby inventou uma personagem de "chanteuse" jazz, folk, swing, "trad", heterodoxa. E que a autoriza a cantar coisas como "infinity's pretty measly after all, like a donkey doing cartwheels down the hall, so hand out straightjackets on sinking ships, just quit calling me Miss Apocalypse". Nunca nos passou pela cabeça chamar-lhe isso mas, francamente, queremos mais. (2000)

2 comments:

Anonymous said...

Fez-me crescer água na boca, mas, se calhar, com os anitos já passados, é capaz de ser difícil encontrar o disco...
É que sempre dava para entreter, pois 2008 está-me a correr bastante mal. Já lá vão treze dias e ainda não saiu disco novo dos The National.

João Lisboa said...

Nada é impossível É dirigir-se aos fornecedores habituais.