10 January 2025

"Se o Gato Fosse Só Gato"
 
(sequência daqui) Por essa altura, já interiorizara alguns dos muito mais do que 10 mandamentos que o Felis Catus, ao longo dos séculos, foi revelando a alguns dos infinitamente inferiores humanos cuidadosamente seleccionados : "O mais pequeno felino é uma obra-prima" (Leonardo Da Vinci); "Vivi com diversos mestres Zen - eram todos gatos" (Eckhart Tolle); "Não há gatos vulgares" (Colette); e "Na antiguidade, os gatos eram venerados como deuses; nunca se esqueceram disso" (Terry Prattchett) são apenas alguns dos muitos dogmas da felinologia cujas declinações Amélia Muge foi investigar junto de autores como Hélia Correia, Ary dos Santos, Manuel António Pina, Fernando Pessoa, José Jorge Letria, Teresa Muge, Eugénio Lisboa, W.B. Yeats e Charles Baudelaire. Daí - acrescentando-se aos 31 poemas - resultaram 16 canções (acessíveis através de código QR presente no livro), na voz de Amélia, dois coros infantis (um da Póvoa de Varzim e outro de Linda-a-Velha), na guitarra de André Santos, de um quarteto de cordas e no ilusionismo electrónico de José Martins. E também na voz de Hélia que, em "Se o Gato Fosse Só Gato", repete a proeza vocal do "Epitáfio de Seikilos", do álbum Periplus (2012): "Tive a sorte de ter a Hélia Correia a responder a uma chamada e a um pedido urgente de poema - escreveu a 'Deusa' - que, para minha desgraça, me remeteu para um lado mais oriental que, para cantar, é um bocadinho complicado. Caio sempre na mesma esparrela: alguma coisa transporta-me para determinado ambiente e nem sequer penso na dificuldade que irá ser cantá-lo. Mas estou aqui para servir os poemas, se eles me põem trabalhos, que remédio tenho eu senão aceitar isso?... Por outro lado, a Hélia já tinha cantado no 'Seikilos' que era um tema sagrado. E não me parece que, para ela, o tema sagrado fosse mais sagrado do que os gatos". (segue)

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