"Floating On A Moment" (ver aqui também)
(sequência daqui) Verdadeiramente importante, porém, foi a obsessão pelo trabalho de invenção de um universo sonoro único que terá começado quando, ainda um pouco perdidos acerca do que realmente buscavam, Beth tropeçou numa caixa onde guardava cortinados e declarou "Gosto deste som!" Daí, resultaria o timbre de baixo a utilizar a que se seguiriam, entre outras fontes sonoras pouco ortodoxas, Tupperwares, cordas de guitarra muito fora de prazo, cabaças percutidas debaixo de água, frigideiras de paella, cantis de couro, cordas de juta, secções de sopros com flautas de bisel e clarinetes, e "uma coisa de que ninguém sabe o nome mas que soa como um contrabaixo, é parecido com um ukulele sem trastos e com cordas de borracha que é um pesadelo para afinar". Ao contrário do que poderia supôr-se, nada disto visou alguma vez criar uma atmosfera "exótica" ou bizarra mas sim ajustar-se o mais perfeitamente possível ao surdo desespero que a voz e os textos de Beth Gibbons carregam (“Smiling with white teeth, the taste of ammonia, the need a delusion, a choice made to fail, ‘cos the dreams are for sale from afar”, canta em "For Sale" sobre fundo médio-oriental desfocado), enquanto os arranjos de James Ford sobrepõem sucessivos planos sonoros, multiplicam contrapontos e desarrumam os lugares de repouso habituais. Beth Gibbons é, alternadamente Billie Holiday, Eartha Kitt, Shirley Bassey, Janis Joplin, Björk, Nico, Beth Gibbons até. (segue para aqui)
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