11 January 2024

 
(sequência daqui) Na verdade, não se trata apenas dele mas de uma comunidade informal de músicos irlandeses de Dublin que tem, até agora, como figuras mais destacadas os Lankum (publicaram, este ano, o belíssimo False Lankum) mas igualmente os nada menores Lisa O’Neill (All Of This Is Chance, acabado de entrar para o cânone em 2023) e, idem aspas, os ØXN, de CYRM. John Francis cresceu a tocar "tin whistle", estudou música na universidade e considerou a hipótese de vir a ser professor. A "pós-graduação", porém, fê-la pelos "pubs" de Stoneybatter e Capel Street, na margem norte do Liffey, mas, sobretudo, no Cobblestone, em Smithfield (anunciado como "A drinking pub with a music problem"). Foi por aí que descobriu as gentes dos Lankum e afins, deu corda aos Skipper’s Alley e, em 2021, por ocasião da campanha contra o extermínio do Cobblestone às mãos dos tubarões do imobiliário, as várias pontas de um problema começaram a tornar-se evidentes: "Quando as coisas ficam hiper-globalizadas, as habitações são devastadas pelos grandes negócios, é impossível pagar uma casa na nossa própria cidade, e nos descobrimos à deriva num mar de 'branding' empresarial, temos de nos dedicar realmente às raizes culturais. Começamos a interrogar-nos de onde somos e o que isso significa e é muito fácil agarrarmo-nos à nossa identidade: basta cantar uma canção ou escutá-la". Mais ou menos o mesmo que, há um par de anos, Radie Peat, dos Lankum, no "Irish Independent", perguntava: "Desejamos realmente uma cidade onde tudo é propriedade da mesma gente, só existem Lidls e Aldis e as lojas de esquina desapareceram?" (segue para aqui)

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