(sequência daqui) E não foram poucos os equívocos e controvérsias, quase todos com origem na, dir-se-ia, dupla personalidade de Bono: por um lado, magnânimo defensor de todas as causas justas do momento, brandidas em mediáticos encontros com os todo-poderosos do planeta; por outro, a deslocalização da empresa-U2 para a fiscalmente mais acolhedora Holanda (ainda que a autoridade tributária irlandesa não seja particularmente gananciosa...) o que lhe valeu ser objecto de sarcasmo em manifestações da Debt and Development Coalition Ireland nas quais, sobre a melodia de "I Still Haven’t Found What I’m Looking For", se cantava “I know avoiding tax ain’t fair, it’s just because I’m a millionaire, I don’t need to pay like you, no, I won’t pay like you, ‘cause I still will not pay to end poverty”. Ou o momento de sinergia empresarial glorificada com a Apple, quando, a 9 de Setembro de 2014, a totalidade de Songs Of Innocence foi compulsivamente descarregada em todas as contas de iTunes e 100 milhões de dólares (um bombonzinho da Apple, segundo o “Wall Street Journal”) aterravam no cofre do quarteto de.Dublin. E, também inesquecível por caricatural, o surto de empatia galopante com Lisboa e a cultura portuguesa no momento em que, no Twitter, em Setembro de 2018, entre concertos, agradeciam, embevecidos, à capital lusa o acolhimento que lhes oferecera: “Abençoada Lisboa, cidade que nos deu Ronaldo, Eusebio, Fernando Passoa, Antonio Guterres e Jose Saramango" (quatro erros de ortografia em cinco nomes e apenas dois alfacinhas reais). Delicadamente, ninguém lhes terá retorquido que, com Beckett, Wilde, Swift, Joyce e Yeats, Londres (ou será Edimburgo?) também não está nada mal servida. (segue para aqui)
23 March 2023
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