20 June 2022

"Já se realizaram e vão-se realizar várias manifestações com o pretexto da paz. Nos cartazes diz-se 'guerra e corrida aos armamentos, não!' Não sei muito bem como interpretar esta palavra de ordem, porque a 'guerra' iniciou-se porque houve uma invasão militar de um país pela Rússia e a 'corrida aos armamentos' é uma resposta inevitável a essa invasão, não a sua causa. Não deviam nomear a Rússia e dirigir para o invasor a sua condenação em nome da paz? Deve haver um acordo de paz? Sem dúvida, mas desde que esse acordo não implique o benefício do infractor, porque, se é assim, ele favorece a guerra e não a paz. (...) Eu seria o primeiro na manifestação se a paz desejada passasse pela retirada do invasor, pelo pagamento de indemnizações pelas destruições causadas, pela libertação das populações prisioneiras contra a sua vontade na Rússia, pelo julgamento dos crimes de guerra por autoridades independentes, pelo respeito pela soberania ucraniana. E então sim, incluiria nesse acordo, uma considerável autonomia das minorias russófilas na Ucrânia, o seu direito à língua e à cultura, idêntico julgamento dos crimes de guerra ucranianos e a exigência da luta contra a corrupção, a democracia e a liberdade, uma eventual renúncia à entrada na NATO, desmilitarizando as zonas fronteiriças" (JPP)

2 comments:

Ana Cristina Leonardo said...

Portanto, acordos de paz são a rendição do inimigo e umas coisas simpáticas acrescentadas pelo vencedor. Eventualmente. Sempre a aprender.

João Lisboa said...

O que lá está é: "se a paz desejada passasse pela retirada do invasor, pelo pagamento de indemnizações pelas destruições causadas, pela libertação das populações prisioneiras contra a sua vontade na Rússia, pelo julgamento dos crimes de guerra por autoridades independentes, pelo respeito pela soberania ucraniana".

Alguma destas exigências é absurda? Sabendo nós perfeitamente que, mesmo que se reduzissem a uma - a retirada do invasor -, a Rússia só em estado de desespero a aceitaria.