(sequência daqui) Passaria também por Jacques Brel (“Ouvimos uma canção como ‘Jackie’ e pensamos ‘Que diabo! Isto é um filme condensado em três minutos e meio!’ Tentei escrever canções assim e, obviamente, falhei. Mas, ao falhar, cheguei a outros lugares que eram igualmente importantes”), Noel Coward, Bacharach/Hal David, Gershwin, Cole Porter e, avançando vertiginosamente no calendário, Jarvis Cocker (“Foi uma grande influência no que faço. Tinha alguma inveja de como a escrita dele era tão fantasticamente intensa. Não se alimentava dos lugares comuns habituais na composição de canções pop e era tão divertido como tenebroso”). Mas também pelo cinema e pela literatura: "The Booklovers" (de Promenade, 1994) inicia-se com um sample de Audrey Hepburn enquanto expedita e erudita livreira, no filme Funny Face (Stanley Donen, 1957) e prossegue com a enumeração de 73 autores literários; "Bernice Bobs Her Hair" é a transmutação pop de uma "short story" de F. Scott Fitzgerald; e "Lucy" (de Liberation, 1993) é um mil-folhas confeccionado a partir de três poemas de Wordsworth. “Naturalmente, sou uma espécie de pega, tanto em termos musicais como literários. Suponho que havia um certo fascínio nos livros que andava a ler e que não via reflectido na música que escutava, à excepção, talvez, do Morrissey, com os Smiths. E tive a sorte de nunca virem a correr atrás de mim por causa dos direitos de autor!” Mas há um método? Ao fim de três décadas, existe alguma espécie de modus operandi estabelecido? “Raramente escrevo com a intenção de construir um álbum. Eles apenas vão acontecendo. Às tantas, reparo que existe uma certa quantidade de canções que parecem convergir numa determinada atmosfera. Por isso, nunca penso em álbuns mas eles acabam por aparecer. É realmente incrível que eu ainda ande por cá. Mesmo com todas as bizarrias, a minha única intenção foi sempre apenas gravar discos pop”.
01 April 2022
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