16 March 2022

DESMANTELAR A CAIXA

No Outono de 2020, acabado de publicar Hey Clockface, Elvis Costello contava-nos como, no início desse ano, perante os primeiros sinais de alarme pandémico, “as pessoas começaram a deixar de aparecer nos concertos” e compreendera “que estava na altura de cancelar tudo e voltar para o Canadá para ir ter com a minha família antes que fechassem as fronteiras”. E rematava: “Ali estava eu, na ilha de Vancouver, a olhar para aquele imenso mar e a tentar perceber onde tudo isto iria parar...” Como viria a descobrir-se, a perplexidade não iria durar muito: “Temos de escolher entre rendermo-nos e escrever baladas pálidas e melancólicas acerca do isolamento ou abrir a pontapé um buraco na caixa onde nos encerraram”, confessa ele, agora, à “Uncut”. A dita caixa haveria de ser, literalmente, desmantelada: não apenas publicaria Hey Clockface mas também La Face de Pendule À Coucou (EP de "remixes" e versões francesas de Clockface com Iggy Pop, Isabelle Adjani, Tshegue e AJUQ), um luxuoso "boxset deluxe" de Armed Forces (1979), Spanish Model (uma peculiar reconfiguração de This Years’s Model (1978), em castelhano, interpretado por cantores espanhóis e latino-americanos sobre o registo instrumental original dos Attractions) e, por fim, The Boy Named If – ou, em versão oficiosa, The Boy Named If (And Other Children’s Stories) –, o 32º álbum de estúdio de uma prolífica discografia. (segue para aqui)

"The Boy Named If"

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