16 July 2021

"Like A Rolling Stone" (Live at Newport 1965)
 
(sequência daqui) É um bom ponto de partida. Porque, embora a profusão de dados, testemunhos e ângulos de visão seja avassaladora, por exemplo, a propósito do famigerado escândalo do “Bob Dylan eléctrico” no Festival de Newport de 1965, 56 anos depois, continuamos sem saber o que verdadeiramente aconteceu: o público presente ficou horrorizado, surpreso ou maravilhado? Peter Yarrow (dos Peter, Paul & Mary) jura que ficaram todos em estado de choque, como se, de súbito, “Martin Luther King aparecesse num anúncio a uma marca de cigarros”; Pete Seeger recordava que fugira “para proteger os olhos e os ouvidos. Não conseguia suportar os gritos do público nem a música mais destrutiva deste lado do Inferno”, e mais tarde, acrescentaria que não o fez mas, se tivesse um machado à mão, teria cortado os cabos da amplificação (noutras versões, fê-lo mesmo). Paul Nelson, na “Sing Out!” afiançava que Dylan “dividiu o público”; e, segundo outros, Bringing It All Back Home (o 1º album parcialmente eléctrico) e "Like A Rolling Stone" tinham sido já publicados e muita gente terá ido a Newport precisamente para escutar o novo Bob Dylan: na verdade, o motivo de desagrado seria a miserável qualidade do som.
 
"Maggie's Farm" (Live at Newport 1965)
 
De facto, já tinham tido lugar os concertos eléctricos de Lightnin’ Hopkins, Chambers Brothers e da Paul Butterfield Blues Band e ninguém se chocara particularmente. Também não parece haver consenso acerca de se, no regresso ao palco para um encore acústico, Dylan estava ou não em lágrimas, mas as palavras da canção de despedida - “Strike another match, go start anew, and it’s all over now, baby blue” – deverão ter assumido um significado especial, até porque, muito pouco depois, nada inocentemente, seria publicada "Ballad Of A Thin Man" (“Because something is happening here but you don't know what it is, do you, Mr. Jones?”). (segue para aqui)

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