m b v (álbum integral aqui)
(sequência daqui) Tentando ir um bocadinho mais fundo, volto a recordar-lhe outra tentativa de definição confiada a Simon Reynolds: “A questão é que o som não está todo ali. É, de facto, o oposto do rock’n’roll. É como se lhe arrancássemos as entranhas – restam apenas vestígios, contornos”. Na essência, é isto? “Não. Quando disse isso, estava apenas a descrever um aspecto da nossa música. De certo modo, a essência do rock’n’roll é aquela energia masculina do ímpeto para a frente e do ataque, e o que fizemos foi subtrair o ataque. A nossa música era mais como o movimento de uma massa de lava ou do oceano que tanto pode ser suave e acariciador como gerar um tsunami. Do que eu falava era do facto de nós incorporarmos esse tipo de energia que não é menos poderosa e é potencialmente muito mais devastadora. Mas essa nossa abordagem sonora não era a única. Enquanto conceito, o rock transformou-se numa caricatura, uma anedota, com gente em palco agarrada às guitarras, cheia de enegia que sabemos não ser autêntica. A ideia de que a música é uma representação do esforço físico de quem a toca está em declínio. A música vale o que vale, independentemente do intérprete. Por isso, quando dávamos concertos, o público tinha dificuldade em associar o que via àquilo que ouvia: um som absolutamente esmagador produzido por pessoas que pouco se mexiam em palco. Na altura, era estranho mas, agora, já não é tanto”.
No comments:
Post a Comment