Pelo menos desde o início deste milénio, o mundo teve já várias oportunidades de travar conhecimento com os "bons mots" oriundos da escola de pensamento presidencial norte-americana. Primeiro, via George W. Bush, coligido por Jacob Weisberg nos 5 preciosos volumes de George W. Bushisms: The Slate Book of Accidental Wit and Wisdom of Our 43rd President. Depois, Pieces of Intelligence: The Existential Poetry of Donald H. Rumsfeld (2009), no qual Hart Seely revela a poesia oculta nas declarações do Secretário de Estado da Defesa do acima referido W (“As we know, there are known knowns. There are things we know we know. We also know there are known unknowns. That is to say we know there are some things we do not know”), aliás, musicada pelo compositor Bryant Kong. Por fim, I Hope Like Heck: The Selected Poems of Sarah Palin (2011), antologia de 50 "found poems" extraídos por Michael Solomon dos emails da ex-candidata à vice-presidência, de quem, Jacob Weisberg também já publicara Palinisms: The Accidental Wit and Wisdom of Sarah Palin (2010).
Nunca estaríamos, porém, preparados para que aquela profecia visual de Banksy em que um chimpanzé exibe um cartaz onde se lê “Laugh now but one day we’ll be in charge” se realizasse tão cedo, a 8 de Novembro de 2016. Três anos depois, não é de espantar que já existam 3 volumes de Trumpisms Day-to-Day Calendar: The Boasts, Barbs, and Bizarre Musings of the 45th President compilados por Andrews McMeel, os 11 minutos de "grindcore" de The First 100 Songs, dos Anal Trump (100 canções com a duração média de 6,6 segundos, “from the point of view of the asshole”, isto é, o único texto são trumpismos avulsos) e, agora, 45, da School of Language, actividade extra-curricular de David Brewis, metade dos óptimos Field Music. Inspirado por Fear (a aterradora visão dos bastidores da Casa Branca), de Bob Woodward, artigos da imprensa americana, e por James Brown, Prince, Sly & the Family Stone, The Meters, Otis Redding e Free, este “Donald Trump funk musical” é um exercício entre o cómico e o deprimente sobre a fanfarronice bronca do 45º presidente dos EUA, segundo o próprio e vários elementos do gang de meliantes que o rodeia. "Nobody Knows" (“Nobody respects women like I do”) poderia ser uma esclarecedora síntese mas o refrão de "Rex" – pela voz do despedido Secretário de Estado, Rex Tillerson – põe todos os pontos claramente nos “i”: “I didn’t say he was a moron, I said he was a fucking moron!”
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