16 August 2019

“O poder é logístico. Bloqueemos tudo!”

Frase de origem anónima, que não foi pronunciada pelos sindicato dos motoristas de matérias perigosas, mas poderia ter sido. 

Esta frase, grafitada nas ruas de Turim e fonte de inspiração de movimentos de insurreição recentes, serviu de título a um capítulo do livro À nos amis (2014), do auto-intitulado “Comité Invisible”. A ideia de que o verdadeiro poder não está nas instituições, mas nas infra-estruturas, na organização material – e também imaterial, cibernética - cada vez mais vulnerável da nossa vida quotidiana, pode ser facilmente verificada na greve dos motoristas de matérias perigosas. Estes homens perceberam isso muito bem e puseram em acção esse poder que não é uma força de classe, mas um poder estratégico. Não é um poder revolucionário, mas muito mais de tipo insurrecional. Contra ele, o fraco poder governamental reduz-se a nada, a não ser chamando o exército e a polícia, instaurando o estado de excepção militar que se chama, eufemisticamente, “requisição civil”. A diferença entre o que é da ordem da política e o que é da ordem da polícia, já de si tão ténue no nosso tempo, anula-se agora completamente e a sede do governo torna-se um quartel-general da cúpula governamental-policial. (AG)

5 comments:

alexandra g. said...

(há muitos anos que digo, na minha humilde - que é - perspectiva, que os motoristas são a classe profissional com maior poder: fazer acontecer!)

João Lisboa said...

Não sei se são "a" mas são, de certeza, "uma das".

alexandra g. said...

Agora vai, sff, à hospedaria, mostrar uma parte de ti (começou, sem que o tenha dito, mas já o escrevi, como uma enorme manifestação de respeito, para com a minha filha petite, a nigga, em episódio com uns anos).

:)

Táxi Pluvioso said...

Upa, upa, o Guerreiro endoideceu ou... quem diria que daqui a 30 anos estarão a comprar bustos do Pardal Henriques.

João Lisboa said...

Não é bem isso.